Coleção pessoal de OswaldoWendell

381 - 400 do total de 520 pensamentos na coleção de OswaldoWendell

O que muito vale muito exige. O mesmo se verifica com os metais: o mais precioso deles demora mais para ser fundido, e pesa mais.

A profunda compreensão alcança verdades imortais.

Só a perfeição é notada, e só o acerto perdura.

PONDERAÇÃO TRAZ SEGURANÇA. Faça algo bem, e o terá feito rápido o bastante. O que se faz de imediato é desfeito com a mesma rapidez, mas o que deve durar uma eternidade também leva muito tempo para se fazer.

Um espírito fraco prejudica mais do que um corpo fraco. Muitos tiveram qualidades eminentes, mas por faltar este alento do coração, pareceram mortos, e foram enterrados em sua frouxidão.

A natureza providente engenhosamente uniu a doçura do mel ao ferrão da abelha. No corpo há tantos nervos quanto ossos: não permita ao espirito ser só brandura.

Mostra-se ter um grande coração quando se tem profundas reservas de paciência. Nunca se apresse e nunca dê vazão às emoções. Domine-se e dominará os outros.

Alguns pensam muito e fazem tudo errado, enquanto outros fazem tudo certo sem a mínima reflexão prévia.

7. Não eclipsar o patrão. 7.1 – Toda derrota provoca ódio, e superar o chefe tanto é insensato quanto fatal. A supremacia é sempre detestada, em especial aos superiores. 7.2 – É possível ocultar as vantagens comuns, assim como se disfarça a beleza com um hábil toque de desleixo. 7.3 – A muitos não incomoda ser superado em riqueza, caráter ou temperamento, mas ninguém, em especial um soberano, gosta que lhe excedam em talento. Trata-se, afinal, do rei dos atributos, e qualquer crime contra ele constitui lesa-majestade. 7.4 – Os soberanos querem ser soberanos no que é mais importante. Os príncipes gostam de ser ajudados, mas não sobrepujados. 7.5 – Ao aconselhar alguém, faça-o como se o lembrasse de algo esquecido, não como se acendesse a luz que ele é incapaz de ver. 7.6 – Os astros nos ensinam tal sutileza. São filhos e brilhantes, mas nunca se atrevem a eclipsar o sol.

HAMLET
CONSELHOS DE POLÔNIO PARA SEU FILHO LAERTES:
“Vai com a minha bênção, e grava na memória estes preceitos: 'Não dês língua aos teus próprios pensamentos, nem corpo aos que não forem convenientes'. 'Sê lhano, mas evita abastardares-te'. 'O amigo comprovado, prende-o firme no coração com vínculos de ferro, mas a mão não calejes com saudares a todo instante amigos novos'. 'Foge de entrar em briga; mas, brigando, acaso, faze o competidor temer-te sempre'. 'A todos, teu ouvido; a voz a poucos; ouve opiniões, mas forma juízo próprio'. 'Conforme a bolsa, assim tenhas a roupa: sem fantasia; rica, mas discreta, que o traje às vezes o homem denuncia. Nisso, principalmente, são pichosas as pessoas de classe e prol na França'. 'Não emprestes nem peças emprestado; que emprestar é perder dinheiro e amigo, e o oposto embota o fio à economia'. 'Mas, sobretudo, sê a ti próprio fiel; segue-se disso, como o dia à noite, que a ninguém poderás jamais ser falso'. Adeus; que minha bênção tais conselhos faça frutificar”.

Ofélia para Laertes: “Encerrarei no peito, como guardas, essas sábias lições. Mas, caro irmão, não faças como alguns desses pastores que aconselham aos outros o caminho do céu, cheio de abrolhos, enquanto eles seguem ledos a estrada dos prazeres, sem dos próprios conselhos se lembrarem”.
(Hamlet)

Laertes para Ofélia in Hamlet:
Cuidado, Ofélia amiga! Fica na retaguarda dos anseios, a coberto dos botes dos desejos. Já a prodigalidade é numa virgem revelar a beleza à própria lua. Da calúnia a virtude não se livra. Muitas vezes, o verme estraga as flores primaveris, bem antes de se abrirem. No orvalho e na manhã da mocidade o vento contagioso é mais certo. A mocidade é inimiga de si mesma.

O Rei para Laertes: “A cabeça não é tão bem casada com o coração, nem serve a mão à boca com mais zelo, que ao trono teu bom pai”. (Polônio)

Oh, se esta carne sólida, tão sólida, se esfizesse, fundindo-se em orvalho! Ou se ao menos o Eterno não houvesse condenado o suicídio! Ó Deus! Ó Deus! Como se me afiguram fastidiosas, fúteis e vãs as coisas deste mundo! Que horror! Jardim inculto em que só medram ervas daninhas, cheio só das coisas mais rudes e grosseiras.
(Hamlet)

5. Criar dependência. 5.1 – Faz-se um deus não adornando a estátua, mas adorando-a. 5.2 – O sagaz prefere necessitados do que agradecidos. 5.3 – A gratidão vulgar vale menos do que a esperança polida, pois a esperança tem boa memória e a gratidão é esquecida. 5.4 – Obtém-se mais da dependência que da cortesia. 5.5 – Aquele que já matou a sede dá as costas ao poço, e a laranja espremida passa de ouro a lodo. 5.6 – Finda a dependência, desaparecem as boas maneiras, bem como o apreço. 5.7 – A lição mais importante que a experiência ensina é conservar a dependência, e nutri-la sem satisfazê-la. Assim, sustenta-se até um rei. Mas não chegue a extremos, calando para que os outros errem ou tornando o mal incurável em proveito próprio.

4. Conhecimento e coragem se alternam na grandeza. 4.1 Sendo imortais, imortalizam. 4.2 Você é o tanto quanto sabe, e se for sábio é capaz de tudo. 4.3 Homem sem informações, mundo às escuras. 4.4 Discernimento e força: olhos e mãos. Sem coragem, a sabedoria não dá frutos.

3. Manter o suspense. 3.1 O êxito inesperado ganha admiração. 3.2 A obviedade excessiva não é nem útil, nem de bom gosto. 3.3 Não se declarar de imediato desperta curiosidade, em especial se a posição é importante o bastante para causar expectativas. 3.4 O mistério por sua característica arcana, provoca a veneração. 3.5 Mesmo ao se revelar, evite a franqueza total e não permita que todos venham a conhecer o seu íntimo. 3.6 É no silêncio cauteloso que a prudência se refugia. 3.7 As decisões, uma vez declaradas, nunca granjeiam estima e expõem à crítica. Se desacertadas, estará duplamente desgraçado. 3.8 Se quiser atenção e desvelo, imite a divindade.

1. Tudo alcança a perfeição, e tornar-se uma verdadeira pessoa constitui a maior perfeição de todas. 1.1 Fazer um sábio no presente exige mais do que se exigiu para fazer sete no passado. 1.2 E atualmente é preciso mais recursos para se lidar com um só homem do que antigamente com toda uma nação. (Obs.: pra Graciàn, nem todo mundo é uma “pessoa” (=persona) de fato. Alguém se torna uma pessoa através do esforço pela perfeição moral.

O homem não é de modo nenhum a soma do que tem, mas a totalidade do que não tem ainda, do que poderia ter. E, se nos banhamos assim no futuro, não ficará atenuada a brutalidade informe do presente?

O HOMEM É MAIS QUE SUA COMPOSIÇÃO QUÍMICA:
Isto assim é simples e cômodo: tão simples, que a satisfação que o trabalho proporciona desaparece, tão eficiente, que a sensação de deslumbramento desaparece também dos campos, daí resultando que se esquece a profunda compreensão que o homem possui da terra bem como a sua ligação com ela. E no motorista do trator cresce, vai aumentando o desprezo, que só domina um estranho, que não tem amor, nem sente a sua comunhão com a terra. E que a terra não é só o nitrato nem só fosfato, nem mesmo o tamanho que atinge a fibra do algodão. O homem não é somente carvão, sal, água ou cálcio. É tudo isto e também muitíssimo mais que o simples resultado da sua análise.
O homem, que é mais do que a sua composição química, caminhando na terra, desviando o arado de uma pedra, abaixando a rabiça do arado no intuito de poupar um rebento temporão, vergando os joelhos na terra para comer sua singela refeição – esse homem, que é mais que os elementos que o compõem, sabe também que a terra é mais que o simples resultado da sua análise química. Mas o homem da máquina, fazendo rodar um trator morto através das terras que não ama e nem conhece, apenas entende de química; desdenha da terra e desdenha de si próprio. Quando as portas de chapa ondulada se fecham, vai para casa e a sua casa nada tem que ver com a terra.