Coleção pessoal de objetoclaroesemnome
(...) numa ilha do norte onde não sei se por sorte ou por castigo dei de parar por algum tempo que afinal passou depressa como tudo tem de passar e hoje me sinto como se agora fosse também ontem, amanhã e depois de amanhã, como se a primavera não sucedesse ao inverno, como se não devesse nunca ter ousado quebrar a casca do ovo, como se fosse necessário acender todas as velas e todo incenso que há pela casa para afastar o frio, o medo e a vontade de voltar.
Foi então que eu a vi.
Estava encostada na porta de um bar. Um bar brega - aqueles da Augusta-cidade, não Augusta-jardins. Uma prostituta, isso era o mais visível nela.
Cabelo mal pintado, cara muito maquiada, minissaia, decote fundo. Explícita, nada sutil, puro lugar-comum patético. Em pé, de costas para o bar, encostada na porta, ela olha a rua. Na mão direita tinha um cigarro; na esquerda, um copo de cerveja.
E chorava, ela chorava.
Sem escândalo, sem gemidos nem soluços, a prostituta na frente do bar chorava devagar, de verdade. A tinta da cara escorria com as lágrimas. Meio palhaça, chorava olhando a rua. Vez em quando, dava uma tragada no cigarro, um gole na cerveja. E continuava a chorar - exposta, imoral, escandalosa - sem se importar que a vissem sofrendo.
Eu vi. Ela não me viu. Não via ninguém acho. Tão voltada para a sua própria dor que estava, também, meio cega. Via pra dentro: charco, arame farpado, grades. Ninguém parou. Eu também não. Não era um espetáculo imperdível, não era uma dor reluzente de neon, não estava enquadrada ou decupada. Era uma dor sujinha como lençol usado por um mês, sem lavar, pobrinha como buraco na sola do sapato. Furo na meia, dente cariado. Dor sem glamour, de gente habitando aquela camada casca grossa da vida.
Sem o recurso dessas benditas levezas nossas de cada dia - uma dúzia de rosas, uma música do Caetano, uma caixa de figos.
Gasp vierge Phoenix
Aimer!
Parmi arc-en-ciel cendres
Splendeur!
En vivant les vœux
Pour satisfaire l'ego mortel ...
Peu de chose
étincelle divine
des cendres
où avez-ruine
Oiseau blessé
Aujourd'hui c'est le paradis ...
Lumière de ma vie
alchimie en pierre
Tout ce que je voulais
Renaître de ses cendres ...
Legal... me amarro nesse som, tá sabendo?
O medo, a angústia, o sufoco, a neurose, a poluição
Os juros, o fim... nada de novo.
A gente de novo só tem os sete pecados industriais.
Diga, Paulinho, diga...
Eu vou contigo, Paulinho, diga
O norte, a morte, a falta de sorte...
Eu tô vivo, tá sabendo?
Vivo sem norte, vivo sem sorte, eu vivo...
Eu vivo, Paulinho.
Aí a gente encontra um cabra na rua e pergunta: ‘Tudo bem?’
E ele diz pá gente: ‘Tudo bem!’
Não é um barato, Paulinho?
É um barato...
“Nada a dizer... nada... ou quase nada...
O que tem é a fazer: tudo... ou quase tudo...
O homem, a obra divina...
Na rua, a obra do homem...
Cheiro de gás, o asfalto fervendo, o suor batendo
O suor batendo, o suor batendo, o suor batendo, o
suor batendo."
Aqui é dor, aqui é amor, aqui é amor e dor:
onde um homem projeta seu perfil e pergunta atônito:
em que direção se vai?
Quando entre nós só havia
uma carta certa
a correspondência
completa
o trem os trilhos
a janela aberta
uma certa paisagem
sem pedras ou
sobressaltos
meu salto alto
em equilíbrio
o copo d’água
a espera do café
Desculpe a meninada, mas fomos nós, da nossa geração, que conquistamos a permissividade. Claro, vocês não têm a menor idéia de como isso era antes. O que se fez, depois de nós, foi apenas atingir a promiscuidade, o ninguém é de ninguém, o não privilegiamento de nenhuma pessoa como ser humano especial (amor). Mas, quando qualquer um vai pra cama com qualquer um, sem nenhum interesse anterior ou posterior (no sentido cronológico!), uma coisa é certa reconquistamos apenas a animalidade. Cachorro faz igualzinho. E não procura psicanalista.
Não mais delirar,
nem sentir no corpo
esse seguir sem descanso,
atrás de sutilezas que não
podem ser descritas.
In my solitude you haunt me
With reveries of days gone by
In my solitude you taunt me
With memories that never die
I sit in my chair
Filled with despair
Nobody could be so sad
With gloom ev'rywhere
I sit and I stare
I know that I'll soon go mad
In my solitude
I'm praying
Dear Lord above
Send back my love
Comece uma frase Sofia,
qual aquelas que acendiam estrelas
Me deixa uma vez mais
encantado pela voz que vence madrugadas.
Ah, sofrer em teus braços
seria o meu prazer
e viver em mil pedaços
seria tudo pra mim..
Te prometo estar sempre por aqui
E cruzar montanhas.
Na alegria, na tristeza,
E nos sorrisos das crianças.
Te prometo estar sempre por aqui
E cruzar montanhas.
Que esse caminho é o que há de melhor...
Eu e você,
A lua e o sol,
E nada mais importa.
Eu posso estar esperando
por algo que esteja morto
e posso ser o mais tolo
por fingir não saber
que nada vai voltar a ser igual
a quando eu te via inocente e tão frágil
e queria te abraçar
pra proteger e esconder do mundo
o que era tão meu.
Mas me faz bem fechar os olhos,
acreditar ser um sonho
e que vou acordar, vou te abraçar
e ter mais uma chance
de não te ver morrer em meus lábios.
...AH, SE EU FOSSE POETA SABERIA COMO ME DEFENDER, MAIS EU SOU SÓ MAIS UM GAROTO INBECIL A SE REPITIR!