Coleção pessoal de NildinhafreitasOfici
Eu me recuso a ser vencida, por isso eu sinto a vida em todas as suas nuances, pois não existe nada, além do instante presente, do agora, e por hora, a beberei até a última dose.
Nildinha Freitas
Infinitude
O tempo vai passando fragmentado. Os ponteiros do relógio apontam para um novo, um novo caminho, e os segundos correm, apressadamente. As horas demoram a passar, parece que tudo é finito, mas não é.
Um dia, outro dia, e as dores adormecidas são vencidas e curadas.
Nossas almas passeiam e se encontram, no tempo e no espaço que só nos sonhos existem.
Não preciso ficar triste, logo vai anoitecer e ao dormir encontro você, mas por hora, é neste agora, neste tempo e espaço que preciso sobreviver, viver
Nildinha Freitas
Eu tinha tudo para não gostar de poesia, de verso, de prosa, de viver e de seguir.
Eu tinha tudo para desistir!
Eu tinha tudo para ter esperado a morte, pacificamente, deitada no chão e olhado ela chegar vestida de soberania, mas morrer não é para mim! Estou escrevendo nas pedras para sobreviver ali, no meio do que um dia foi dor.
Nildinha Freitas
Olhando para as marcas que a vida, cruelmente, me deixou, vejo nas cicatrizes o selo de quem vence a dor.
Olhando para os passos que pareciam terem sido pisados em vão,vejo que a vida havia me dado outra opção e se andei por estradas "erradas", foi minha escolha, não uma condição.
Olhando para o futuro nas marcas de minhas mãos, vejo paz, vejo amor por todos os cantos, campos, mares, terras por onde eu passar, não estou aqui para sofrer, eu nasci para ser amada e para amar.
Nildinha Freitas
Quando vivi um milagre em mim, aprendi a valorizar mais a vida, as pessoas. Aprendi a lutar, também, por quem não é meu, ou minha. Aprendi que a vida é faísca, raio que corta o céu e que tudo não passa de um instante, e que nele, tudo pode se perder, ou ganhar.
Se ganhei essa luta, foi por ter entendido que mereço viver e vivo.
Nildinha Freitas
Cegueira
Ela estava cega!
Perdeu a visão no meio da juventude.
Logo no início de sua cegueira, ella ainda via uma luz.
Via o raiar do dia.
Via a lua quando surgia.
Com o passar dos dias, das horas, luz nenhuma ela via.
Só via o que queria!
Àquela cegueira era peculiar
Era diferente! Ela parecia enxergar a gente. Ela não via nada! Só via o que queria ver a sua frente.
Ela via diferente da gente, enxergava vida e gente morria.
O tempo passando,a cegueira aumentando e ela se adaptando. Já não sentia falta daquela via.
Ela não sabia que estrada teria
na sua mente.
Não sentia falta daquilo que via, antes!
Ela dizia: vejo a noite
Vejo o dia.
Escolho a hora de ver!
Vejo com o toque!
Sinto o seu ar!
Nildinha Freitas
Livro Atenta Ativa
Chiado Editora
Lisboa Portugal
Eu precisei de muita coragem para ser quem sou.
Coragem para assumir que sou um ser humano incrível. Coragem para assumir minhas limitações, meus medos e principalmente, precisei de coragem para entender que eu precisava ser melhor e ainda preciso.
Precisei de força para assumir o papel principal dessa história, só minha, e hoje carrego cicatrizes que me fazem entender o quanto sou forte.
Nildinha Freitas
Eu não lembro mais a cor dos seus olhos, nem o cheiro de sua pele. Esqueci, completamente, o timbre do seu sorriso. Esqueci a história que a gente viveu e eu não lembro como a gente se conheceu.
É estranho saber que nossa história aconteceu e que com o tempo o amor morreu.
Nada ficou em você e nada ficou seu, no que é meu.
Nildinha Freitas
O que queres poeta?
Quero a leveza do vento que entra pelos fios dos meus cabelos em preto e branco.
Quero a verdade das crianças, a beleza das rosas vermelhas e ficar corada por amar demais.
O que queres poeta?
Quero me sentir desejada, amada, querida e admirada, ser o lugar que ninguém é, um lugar que só eu posso ser, e sou.
O que queres poeta?
Que o relógio pare, toda vez que eu amar e me sentir amada, mais nada.
Nildinha Freitas
Eu já pisei em lugares que em meus sonhos jamais imaginei tocar.
Eu já vi gente se matando por quase nada e por egoísmo querendo me matar.
Eu já chorei, mas hoje, sou sorriso, sou rocha, sou mar.
Nildinha Freitas
Nada nessa vida é em vão, nem o raio que rasga o céu, nem a água que corre no chão.
Nildinha Freitas
Eu sei que tudo é ensinamento, aprendemos com a alegria, ou com o sofrimento, e me pergunto quando a paz, ou a dor resolvem me visitar: o que tenho que aprender com isso? Por que essa estrada eu tenho que trilhar?
Doendo, ou sorrindo, aprendo,porque nada nessa vida é vão, nem o raio que rasga o céu, nem a água que corre no chão.
Nildinha Freitas
E quem eu sou já não é igual a quem eu fui. Eu não sou mesmo a mesma de ontem e nem quero continuar a ser essa que hoje me habita.
Sou uma pequena amostra do quanto podemos ir, crescer e evoluir, mas não estou pronta e nem sei se um dia estarei, mas juro de pé junto que tentarei.
Nildinha Freitas
Eu já parei de contar as mágoas, os medos e parei de contar os meus segredos para todo ouvido ouvir. Não devo espalhar minhas verdades por aí.
Nildinha Freitas
Conselhos
É preciso ter fé, acreditar em você, levantar quando todos pensam que irá morrer.
É necessário ter coragem para seguir em meio às pedras, pois existe um caminho, existe uma saída, a vida não é vazia, ela é caminho de ida.
Não olhe muito para trás, não olhe tanto para o seu passado, siga sem medo do que está por vir e acredite no que você plantou até aqui.
Lance fora os medos, eles são apenas monstros que nos ensinaram a temer.
Siga, acredita mais em você.
Nildinha Freitas
O poema de ALICE
Eu queria ter conhecido Alice, mas só ouvi falar do timbre de sua voz e que sua alma nua era linda igual a noite de lua. Eu queria ter sido amiga dela, ter escutado o seu sorriso e ter sorrido com ela, gargalhando de piadas que nem todo mundo entende.
Eu queria ter sentado numa mesa de cafeteria, ter bebido um café com Alice, conversado sobre vida após vida e sobre morrer não dói. Falar sobre mudanças, evoluções e sobre a coragem de assumir-se quem é, mas não deu, a gente não se conheceu. Ela arrumou a bagagem, a bagunça que ainda insistia ao seu redor e fez a viagem sem a gente se ver.
Fico com as memórias que dela ouvi dizer e só de saber que ela resistiu, eu aprendi a amar essa Alice que não vive em um país das maravilhas, mas que vive, ainda que não a vejam com olhos carnais.
Nildinha Freitas
Tempestades, navios naufragando, pessoas iguais a máquinas, indo e voltando.
Um mundo, freneticamente, desesperado. Ninguém consegue ver além, além do status, além da foto montada para agradar e além do sorriso que esconde a dor.
Um mundo todo caindo aos pedaços e todo mundo se preocupando com gente que não se preocupa.
De quem é a culpa ?
Nildinha Freitas