Coleção pessoal de nihilista

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Mais um ano, menos um ano...

Não vou me despedir do ano que se encerra, tampouco cumprimentar um novo ano que começa, acho estúpido.

Porém, agradecerei aos poucos e bons amigos, que corajosamente estiveram, por estes dias, ao meu lado. Amigos que estiveram, estão e quiçá, estarão mais uma e inúmeras vezes, comigo, compartilhando sorrisos, desejos, prazeres e dores, porquanto, os afetos se constroem e se perpetuam pela troca incessante e generosa de porções de nós mesmos.

Por hoje, quero apenas dizer que mais uma vez valeu tentar, amar, sorrir, chorar, sentir, viver...

Se um novo dia amanhecer, espero manter a coragem e a paixão pela vida, pelas pessoas e experiências que se eternizam num instante...

E se um um novo dia amanhecer e meus olhos não se abrirem, que a minha existência permaneça, mesmo sem a minha presença, pois espero ter deixado marcas indeléveis em cada pessoa que toquei. Afeto é troca e guardo em mim tudo o que recebi. Obrigado!

Se um novo dia amanhecer, se um outro ano começar e em festa estivermos, apenas mais um desejo:

- Sejamos menos, bem menos, que caibamos num breve e singelo sorriso. E no mais...

Um FELIZ...

Afeto é troca

...e me pediram um beijo. Eu disse não, é óbvio, jamais me permitiria uma indignidade dessas... então nos beijamos, deliciosamente...

Beijo bom, não é dado nem roubado..
Beijo bom, mesmo, é trocado ! (A.F.C)

Da auto-observação:

Nunca gostei de quebra-cabeças, acho estúpido. Desde os tempos de criança, nunca me atraíra a fastiosa e insuficiente tarefa de juntar pedaços de uma imagem que já existia e fora vista e fotografada ou criada por outrem. A tarefa, de montar um quebra-cabeças, é de tal cretinice que oferece apenas uma lenta e torturante busca e encaixes de peças...
Por óbvio, nunca fui bom em montar quebra-cabeças e isso vez ou outra me rendeu uma crítica ácida e até cruel...

Eu também não sei pintar, mal consigo controlar, finamente, uma caneta para desenhar simples letras, por isso nem me atrevi a aderir a onda de pintar esse livrinhos de colorir, tão em evidência na atualidade. Preencher espaços delimitados, colorir a realidade criada por outrem ? Não, não é para mim, desprezo, recuso !

E ainda assim, quando escancaro que a solidão é dor terrível, que por vezes me toma de assalto, quando digo que a vida insuficiente não me basta e grito por paixão, romanticamente, me oferecem pedaços de pessoas destruídas, dilaceradas, para que eu os junte, a fim de realizar algum amor medíocre...

O óbvio mais uma vez se põe, não me permito tamanha indignidade.

Amar ou odiar a humanidade é um conflito íntimo que está ligado radicalmente a nossa maior ou menor predisposição a usarmos as máscaras e vernizes que nos são oferecidas na forma de aceitação.

Aprendizado do dia: A vida não é feita de LEGO... As coisas não se encaixam, mesmo ! (A.F.C)

Por um amor vira-latas:

Nunca acreditei muito nessas coisas de pré-destinação escritas e descritas nas estrelas, também nunca acreditei no acaso. Inferno astral ? bobagem ! No entanto, no limiar dos meus 40 anos, tenho sido tomado por pensamentos que cumprem um pouco as previsões e pragas lançadas, há tempos, pelos mais velhos. Dentre esses pensamentos, um tem sido recorrente, se feito presente até em meus sonhos, que é o pensamento de que o mundo se descortinaria e todas as etiquetas, rótulos e pompas da juventude se mostrariam como dispensáveis, inúteis e cansativos e nesse momento sentiria falta daquele beijo envergonhado, dado pela mãe, na porta da escola, daquele cachorro vira-latas que tinha encontrado na rua, sem raça definida e que me esperava sentado na rua, ainda em chão batido, que quando me avistava corria em minha direção e pulava no meu peito, com uma alegria tão generosa, que sem se importar se minha camisa ou meu avental branquinho se sujariam, lambia minha cara e honesta e fraternalmente, abrigava-se ao meu lado para dividirmos um pedaço de pão com manteiga ou outro alimento qualquer, não fazia diferença. Minha mãe ?! Sim, esbravejava e maldizia o cãozinho, ao ver o estrago que causara em minha roupa, mas com seu jeito caipira e também muito honesto, pegava o avental ou minha camisa, dirigia-se ao tanque, com uma pedra de sabão Rio, lavava as roupas, as estendia numa corda, que ela chamava de varal, para "cuará"... enquanto isso, eu e meu leal e honesto amigo, nos aquietávamos em algum canto da pequena casa e esperávamos que a velha se acalmasse e fizesse suas previsões: - Um dia você vai sentir falta de tudo isso, sentenciava. É, minha velha estava certa, ela ainda está viva e ainda fazendo previsões. Meu amigo vira-latas morreu. Os vira-latas, nunca sabíamos de onde vinham, quem eram seus antecedentes, quais eram suas comidas preferidas ou quais cuidados especiais deveríamos ter com eles, eles simplesmente apareciam e ofereciam o que tinham de melhor, o AMOR, e esse amor era tão puro e tão verdadeiro que eles também nunca nos perguntavam quais eram nossas origens, quais eram nossos gostos pessoais, eles estavam sempre dispostos a dividir um pão com manteiga ou nossos chinelos. Os pães e os chinelos eram escassos, o AMOR, esse não, o AMOR era abundante. Hoje compramos nossos amigos, com pedigree e recomendações de cuidados, compramos nossos amigos com etiquetas e pompas, nos desumanizamos para humanizar os bichinhos e pagamos caro para disfarçar nossa desolada solidão, pois o pedigree, os mimos e bibelôs não traduzem o amor. Hoje, já me desfazendo das cascas douradas e inúteis das horas, como diz o poeta, desejo apenas e profundamente um AMOR vira-latas.

O CORPO: O cárcere mais poderoso e a única ferramenta capaz de construir a liberdade.

Algumas pessoas viajam. Outras compram malas. Raramente essas pessoas se encontram.

Mundo estranho...

Vejo crianças travestidas de adultos, adultos travestidos de adolescentes, monstros travestidos de humanos, humanos sem roupa alguma...

Nota sobre ela:

Ela é só nota, mesmo. Nunca música. Como diz Nietzsche: "sem música a vida seria um erro."!

Para garantir um mundo com arte e poesia, alguém tem que manejar as espadas e com a habilidade necessária.

Dia 02 de Novembro. Dia de amados.

Hoje eu não vou a cemitérios.

Hoje é o dia que escolhemos para homenagear nossos mortos.

Dia em que muitos se dirigem aos cemitérios, visitam túmulos, os enfeitam, relêem as inscrições nas lápides...
Muitos reservam alguns momentos nesse único dia, para lembrar, aqueles que morreram e já foram esquecidos, acho isso um tanto hipócrita e totalmente desnecessário.

Não que eu também não tenha meus próprios mortos, para lembrar ou revisitar, mas faço isso, no cotidiano, mantendo-os vivos em mim e buscando as referências, de suas vidas, em suas obras...

Hoje eu não vou a nenhum cemitério.
Aos esquecidos, seria desonesto, tal fingimento e aos que mantêm-se vivos em mim ou em suas obras, seria completamente desnecessário.

Não vou a cemitérios.

Tenho pra mim que, assim como, Mario Quintana, aqueles que um dia viveram, não estão lá.

O tempo não cura ninguém.
O pensamento não cria nada.
A covardia é só covardia.

Pense positivo. (?)
Pense grande. (?)
Pense apenas. (!)
Pense: O pensamento NÃO cria.

exaltar e exultar a solidão e o individualismo é de tal cretinice que até para fazê-lo, você precisa de alguém para ouvi-lo (lê-lo).

Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.

A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez.

INSCRIÇÃO PARA UMA LAREIRA

A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!

Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida...

Autodidata é um ignorante por conta própria.

Há 2 espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e os amigos, que são os nossos chatos prediletos.