Coleção pessoal de nicolef
Triste é se conformar com o telefone mudo. É esperar a campainha sofridamente mesmo sabendo que quem você qer ver não tem seu endereço.
Eu quero usar um pouco do seu vazio pra eu me fazer inteira. Eu quero o som do seu oco pra fazer música até amanhecer.
é que tudo isso é muito novo pra mim. dividir medos. dividir soluções pros meus medos. eu nunca fiz isso. quando alguma coisa tá errada eu arrumo um jeito de conviver com isso sem atrapalhar ninguém. mas daí chega você e quer consertar o que tá errado. isso é lindo, mas eu tenho medo de não saber lidar com as coisas do jeito que elas são. fora da realidade que eu criei.
Eu não posso organizar pensamentos, mas posso escrevê-los, desconexos, em folhas de papel.
Eu posso traduzi-los em palavras e tornar mais humana minha eterna dúvida, escrever um texto que alcance a dor alheia.
Você sabia melhor que eu do que eu precisava. Eu não sabia que você fazia meu tipo. Antes de você, eu nem sabia que eu tinha um tipo. Eu não sabia que eu gostava de beijo longo e proteção. Não sabia sorrir tímida sem me sentir pequena demais, estranha demais.
Eu escrevo para mudar o conceito de escrita. Eu escrevo pela falta de conceitos.
Eu não quero escrever por me sentir pequena demais, não tenho razões. Tenho impulsos que me levam a gastar canetas no lugar de lágrimas e papel ao invés de sofrimento.
Eu gosto da magia de descrever o que os olhos fogem da obrigação de dizer.
Escrever aproxima do céu.
Esse vai parecer um texto bobo. Porque na verdade ele é. Tô escrevendo pra agradecer, sabe? Porque fazia tempo que tudo que eu escrevia era meia dúzia de frases sem graça, incapazes de expressar o que eu sentia de verdade. Daí você chegou, deu uma bagunçada na minha vida e deixou tudo clichê de novo, cheio de inspiração pra textos bobos.
esses quilometros que dividem suas mãos das minhas nunca estiveram tão evidentes. Mas hoje eu percebo a incoerência que sua proximidade me traria. Eu me sentiria segura e confortável, sem certeza de saber lidar com isso.
É pelo medo de cair de novo que meus joelhos tremem. É pelo medo de me entregar que meus olhos fogem.
Hoje eu adoro falar. E falo demais, sobre todos os assuntos. Principalmente quando não devo, quando não querem. Só depois eu vou lembrar que devo ter falado besteira. Mas não ligo, não. Falo mesmo, me contradigo.
Amanhã... Amanhã sou tímida demais pra falar qualquer coisa. Não tenho assunto, sabe como é. Prefiro ficar quieta. Faz bem perceber que minha opinião não teria encaixado bem no momento. É, melhor ficar no meu canto.
Eu, diferente? Loucura da sua cabeça. Eu tô igualzinha, querido, só não tô a fim de falar.
Sabe, eu brigo com o espelho toda manhã. Eu mal consigo formular palavras a desconhecidos. Eu nem mesmo acredito na minha capacidade de marcar a vida de quem eu conheço. Meu complexo de inferioridade já me fez perder noites e noites de sono à procura de respostas para medos ridículos, muitas vezes inexistentes.
O problema é ficar completamente no escuro. Você ficou incomunicável e esqueceu de deixar um manual de instruções sobre como viver sozinha depois de te conhecer.
Eu imagino diálogos antes de consumá-los e não sei lidar com suas lacunas ocasionais. Às vezes penso tanto antes de falar, que nada falo. E vivo para me arrepender do que não aconteceu.
Deve ter explicação científica, meu medo. Deve ser patológico. Acho que minhas células pensam "Ah, ela tá ficando feliz. Adrenalina, dose 7. Pode ser tudo uma ilusão, guarda o sosrriso." Eu obedeço. Abaixo a cabeça e concordo. Por que alguém pensaria só em mim? As amigas dele já devem ter cansado dos pedidos de casamento bem humorados. Ele deve fazer isso sempre. Bobinha, você.
Tô com mais vontade de música. Tô com mais vontade de ficar acordada até tarde. Só porque não sou eu que busco assunto durantes as conversas. Você tem medo de me perder. Ninguém nunca teve medo de me perder. Eu sempre corria atrás de assunto, desesperada. E sempre desistiram de mim. Eu nunca deixo mesmo claro o que eu tô sentindo. E fica parecendo que eu não sinto. Mas é incrivelmente triste quando desistem do meu mistério.
Eu escrevo porque eu gosto, porque às vezes me dá vontade e se eu não esticar meus dedos, não consigo dormir. Não é pra ninguém, é pra mim. É só pra colocar em palavras o que acontece, pra tornar tudo real. Quem sabe rabiscando de grafite algumas folhas de papel, eu me assegure que tudo foi mais que um sonho bom interrompido na melhor parte.
Melhor assim, em forma de texto do que em pensamento proibido. Melhor no passado gracinha do que me atormentando por mais tempo. E hoje eu definitivamente sei, eu não sinto nada - porque [finalmente]
não há mais nada.
Antes eu achava que minha timidez era o problema, agora eu vejo que o
problema é usar minha timidez como desculpa para não viver.