Coleção pessoal de NewtonJayme
Sê paciente; espera que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto ao passar
o vento que a mereça.
Um poeta é um rouxinol que se senta na escuridão,
e canta para se confortar da própria
solidão com seus próprios sons.
Seus ouvintes são homens arrebatados
pela melodia de uma música invisível,
que se sentem comovidos e em paz,
ainda que não saibam
como nem porquê.
Não digam que é vontade de Deus que vocês
fiquem numa situação de pobreza,
doença, má habitação.
Isso contraria sua dignidade
de pessoas humanas.
Não digam "é Deus quem quer".
Pouco importam expressões
como Sumo Pontífice,
Vossa Santidade,
Santo Padre.
Importa o que provém da morte
e da ressurreição de Cristo.
Não nos deixamos abater. Pelo contrário,
embora em nós o homem exterior vá
caminhando para a sua ruína,
o homem interior
se renova dia-a-dia.
Pois nossas tribulações momentâneas
são leves em relação ao peso
eterno de glória que elas
nos preparam até o excesso.
Não olhamos para as coisas que se vêem,
mas para as que não se vêem, pois
o que se vê é transitório,
mas o que não se vê é eterno
(2Cor 4,16-18).
– Aliás, a última palavra de toda
a mensagem bíblica é Maranatha,
Vem, Senhor Jesus!" (Ap 22,20).
Não pode ser cristão quem pretende aderir
tão somente a Jesus Cristo, menosprezando
o Corpo de Cristo que é a Igreja.
Então será a alegria plena
e perfeita, a felicidade
perpétua;
quando já não tivermos
por alimento o leite
da esperança,
mas o alimento sólido
da realidade.
Também agora, antes
de chegarmos
a essa Ventura
ou antes
que essa Ventura
chegue a nós,
alegremo-nos
no Senhor
porque
não é pequena
a alegria
da esperança
que nos garante
a futura realidade.
(Sermão 21.3)
Simão, o Cirenaico, ajuda Jesus a carregar a sua Cruz.
Os cristãos modernos põem suas cruzes
nas costas de Jesus.
Quem poderá descrever as infinitas belezas e descobertas,
os horizontes sem limites que contempla uma alma
abandonada à aventura da vontade divina?
A vocação do cristão é a santidade,
em todo momento da vida.
Na primavera da juventude,
na plenitude do verão
da idade madura,
e depois também
no outono
e no inverno
da velhice,
e por último,
na hora da morte.
Um sonhador é aquele que só ao luar descobre o seu caminho e que, como punição, apercebe a aurora antes dos outros.
Não posso deixar que te leve
O castigo da ausência,
Vou ficar a esperar
E vais ver-me lutar
Para que esse mar
não nos vença.
Não posso pensar
que esta noite
Adormeço sozinho,
Vou ficar a escrever,
E talvez vá vencer
O teu longo caminho.
Quero que saibas
Que sem ti não há lua,
Nem as árvores crescem,
Ou as mãos amanhecem
Entre as sombras da rua.
Leva os meus braços,
Esconde-te em mim,
Que a dor do silêncio
Contigo eu venço
Num beijo assim.
Não posso deixar
de sentir-te
Na memória das mãos,
Vou ficar a despir-te,
E talvez ouça rir-te
Nas paredes, no chão.
Não posso mentir
que as lágrimas
São saudades do beijo,
Vou ficar mais despido
Que um corpo vencido,
Perdido em desejo.
Quero que saibas
Que sem ti não há lua,
Nem as árvores crescem,
Ou as mãos amanhecem
Entre as sombras da rua.
As minhas depressões talvez sejam
as minhas metamorfoses:
É a maneira que eu tenho
de passar de lagarta
a crisálida.
São etapas de libertação.
A vida, como sabes, tem o tempo da areia
que se escapa por entre os dedos.
Areia rápida e branca.
Esvoaçante.