Coleção pessoal de NewtonJayme
Por toda a parte, nos lugares mais precários
e nas circunstâncias mais inesperadas,
Deus continuará a fazer maravilhas.
Recolhi as tuas lágrimas
na palma da minha mão,
e mal que se evaporaram
todas as aves cantaram
e em bandos esvoaçaram
em tomo da minha mão.
Em jogos de luz e cor
tuas lágrimas deixaram
os cristais do teu amor,
faces talhadas em dor
na palma da minha mão.
Próprio do amor é estar sempre inquieto, em atividade;
e quem aquieta muito, sinal é de que pouco ama.
De pé a Mãe dolorosa,
junto da cruz, lacrimosa,
via Jesus que pendia.
No coração transpassado
sentia o gládio enterrado
de uma cruel profecia.
Mãe entre todas bendita,
do Filho único, aflita,
à imensa dor assistia.
E, suspirando, chorava,
e da cruz não se afastava,
ao ver que o Filho morria.
Pobre mãe, tão desolada,
ao vê-la assim transpassada,
quem de dor não choraria?
Quem na terra há que resista,
se a mãe assim se contrista
ante uma tal agonia?
Para salvar sua gente,
eis que seu Filho inocente
suor e sangue vertia.
Na cruz por seu Pai chamando,
vai a cabeça inclinando,
enquanto escurece o dia.
Quando chegar minha hora,
dai-me, Jesus, sem demora,
a intercessão de Maria.
Semeia um ato, ceifarás um hábito;
semeia um hábito, ceifarás um caráter;
semeia um caráter, colherás um destino.
O Rio
Ser como o rio que deflui
Silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas nos céus, refleti-las.
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio as nuvens são água,
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranquilas.
Por isso, se alguém quiser que a luz da beleza brilhe
em sua face, é preciso fazer antes que a chama
do verdadeiro amor arda no coração,
porque a luz da beleza provém
da chama do amor.
"O Rei cuja formosura o sol e a lua admiram",
cuja grandeza céus e terras reverenciam,
com cuja sabedoria são iluminados
os exércitos dos espíritos celestiais,
de cuja bondade se saciam
os coros dos bem-aventurados,
este mesmo (Rei) deseja hospedar
- se em ti, minha Alma,
e deseja e apetece
mais o teu cenáculo
do que o palácio do céu.
Porque "suas delícias consistem
em estar com os filhos dos homens"
(Prov., VIII, 32)
Guarda-te contudo, minha Alma,
de injuriar o Criador,
e de esposa que és
de te tornares adúltera,
amando mais os dons
do que o afeto do Amante.
Ai de ti - exclama Santo
Agostinho nas "Confissões" -
ai de ti, se andas vagueando
por suas pegadas,
se ama seus sinais
pelo lucro temporal,
mas não atendes
ao que te está insinuando
aquela luz beatíssima,
a inteligência
da mente purificada
- Deus - cujos vestígios
e sinais são o ornamento
e o decoro de todas as criaturas.
Se um pinheiro não podes ser no monte,
Sê um mirto no vale, mas que sejas
O melhor mirto à beira do regato:
Sê arbusto, se árvore não fores.
Não podemos ser todos comandantes.
Tem que haver tripulantes. Há trabalho
Para todos, serviço grande ou leve.
E a tarefa a cumprir está à frente.
Se não fores estrada, sê vereda.
Se não podes ser sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que se vence:
Sê o melhor daquilo que fores.
Meus momentos
prediletos solidão,solidão
Mas sempre convosco,
Jesus, Senhor.
Junto ao vosso coração
passo horas agradáveis
E junto dele minha
alma encontra descanso
Quando o coração
está repleto de
Vós e cheio de amor,
A alma arde com fogo puro,
Então no maior abandono
a alma não sente solidão,
Porque descansa
em vosso seio.
Ó solidão momentos
da mais elevada companhia
Embora abandonada
por todas as criaturas.
Afundo-me toda
no oceano de vossa divindade,
E Vós ouvis terna mente
as minhas confidências.
O amor é tecido
de silêncios confiados...
O amor é confiado
na palma da mão aberta...
O amor é mão aberta
em ti pleno de graça...
O amor é graça
nos pés do mensageiro...
O amor é mensagem
do encontro comungado.
Que vê o teu olhar?
Nesta noite gelada de céu estrelado
pergunto-me ao caminhar pelas ruas desta cidade,
com que cores tinges o manto
que cobre a nudez do amor
e geme as dores da esperança?
Que olhar lanças de mão cheia
aos que te pedem a tua?
Seiva que alimenta
a caducidade aparente da natureza que adormece,
que vigor sente este granito
das águas fugazes que correm para ocidente?
A oriente nasces,
Sol que rompes o silêncio da dúvida
e me ergues do teu colo onde me abandono.