Coleção pessoal de NeiriLima33
Hoje novamente te vejo
Tão comportado
Trilhas entre vegetações
Logo à frente tens a companhia dos humanos
Os que se dizem sábios
Mas te comprimem
Levantando suas casas
Construindo seus recantos
Trocando sua presença
Por blocos, telhas, cimentos
Quatro cantos abafados
De onde pássaros sem rumo fogem
Voam inconstantes
Seguem destinos distantes.
Bares Cheios, Lares Vazios
O homem já desconhece
Família, aconchego, valor
Rodeado de vagas amizades
Em casa se sente preso
Prefere as rodinhas da discussão
Futebol, política, religião
Farrinha, babinha
Banquinhos, copinhos
Que retirou o domingo feliz
Do filhinho que o esperava
Pra com ele ir ao parquinho
Já era noite quando voltou
Cansado e depressivo entrou
Nenhuma palavra mencionou
A quem por ele o dia inteiro esperou.
Saia do casulo
Se torne acessível
Como uma linda rosa
No jardim da prosa
Empreste seu acervo original
A quem por ti procura
Seja a arte do escritor
Mesmo que os espetos lhe causem dor
A vida é joia em forma de espinhos
Às vezes fere
Corta a alma
As vezes reluz, encarece
Quem a ela dá o dom da palavra.
Oh tamarineiro
Estás vivo para contar
Os dias de chuvas
Raiares de sol
O girar do girassol
Tu viste no céu
O aconchego das Marias
A lua quente em suas fases
Planetas, astros
Formatos de nuvens
Cor de mármore.
Os dias de luta, são os mais bem administrados. Eles tomam o nosso tempo, diminuem nossas horas de sono, inquietam os nossos nervos, mas nos tornam mais fortes e perspicazes. Sem eles não teríamos chances de ver o outro lado do nosso EU. Não enxergaríamos a possibilidade de administrar novas formas de sobrevivência, mesmo estando em meio ao "caos".
A mulher astuta não é uma questão de ser
É a que domina as humanas e exatas em um simples olhar
É frígida quando tem que ser
Plena quando em si, permite-se exceder.
Nunca pense que a noite chega para apagar o dia. Ela chega para favorecer e lumiar os desolados, os sofridos de guerra, aqueles que mesmo tendo um teto para abrigar-se, por vezes sente-se descoberto. Famosos por suas benfeitorias, desconhecidos e parentes da sua própria agonia.
Se é de mim que gostas
Que fiques
Desenrole os fios
Desate os laços
Não apresses o passo
Siga o meu compasso
Aqueça o café
Esquente o pão
Ponha a mesa
Faça bigodinho de leite
E me beije a pontinha do nariz
Olhe comigo a janela
Descanse a sua mão sobre ela
E mais tarde segure a minha
Me leve para passear
Aqui, alí, acolá
Perca o passo
Se permita
Mas não repita
O que não te fez sorrir
Apenas diga
Onde eu for
Quero contigo estar
No frio do oceano
Ou no calor litorâneo.
Te vejo em anil
Sobre essas águas tranquilas
E ao mesmo tempo
Aqui dentro
Do meu coração espelhado
Por ti, parte do meu mundo
Descanso, remanso
Jardins, casinhas, pardais
Belezas colossais
Como o rio que nas pedras se deita
Nesse dia que amanhece
Quero em ti ser paraíso
Deslizar nesse caminho
Horizontes, fronteiras
Voar, voar, voar...
Preocupe as estrelas
Brilhe!
Tão somente brilhe
Perfume o seu céu
Seja coisa bonita
Inspire
E se o véu amanhecer cinza
Torne-se esplendor
Ande de mãos dadas com o seu amor
Vibre, chore, grite
Explore o ser que te permite
Acreditar na bondade
Mesmo que o mundo
Seja mórbido, trágico, triste.
Recordar a infância
Sorrir, cantarolar
Entender que preservar o "ser criança"
É novamente encontrar
Dentro de si
Guris, meninos, marotos
Jovens, bambinos, garotos.
Mesmo ao Balançar Sustentado Está
Quando o medo de ser atingido
É iminente
Acreditar é preciso
Apesar do abrigo ser um risco
E da queda ser desassosego
Teia de aranha, corte, navalha
Pássaro sem asa
Teme-se às vezes
Escolher uma vida plena
Pelo simples fato de não querer viver aflito
Sendo grande o erro, desistir
Não libertar-se
O insistir em não querer sofrer atrito.
O amor não tem face
É apenas uma sombra
Aquilo que se empresta
E se quer o dobro de volta
É a caricatura que nos faz sorrir
Sem se ver olhos, sorriso, nariz
Momentos...
Às vezes em tormentos
Desenhar detalhes à parte
Sem manchar o papel
Face oculta, leve, suave
Trazendo em cada traço
A mais pura arte
Artistas Frida Khalo
Van Gogh, Michelangelo, Pablo Picasso.
Ela me imita
Segue-me a cada passo
E mesmo sem rumo
Andando eu
Ela insiste
Muda de rota
Para a mim encontrar
Na luz do sol
Na luz da lua
A minha sombra
Me revela
Em espelhos d'agua
Sempre é luz
E eu atrás
Dos sonhos dela.
Baby
É você quem reflete no meu espelho
Meigo menino
Fazendo o melhor lugar
Ser onde você está
Mesmo apressado
Sem tempo para ouvir
O jazz da Wine
O piano do John
O blues da Nina
A guitarra do Pink
Sentes quem sou eu
Quando a canção que toca
Deixa o nosso mundo em paz
Chega em nós
Maciez do caju
Jabuticaba sabor
Tangerina em flor.
Nem adianta falar mais de uma vez
Quando o contrário se quer
E se o querer é tanto
Quanto um campo com bolas de neve
Ao insistir você se torna um sapato branco
Sapateando na lama escura da rua 7
Eu te disse não quero
Assim, você por mim passa
Procurando então me achar
Volta pelo mesmo caminho
Observando o chão
Como quem quer encontrar a moeda da sorte
Que nunca esteve na sua mão.
Ser Diferente é a Arma do Combatente
Nem sempre espinhos cravados ferem a pele
Às vezes são respeito, recanto, proteção
É tornar o ser peculiar
Vitorioso, reconhecido, destemido
Cada um carrega suas marcas
Cabe ao visionário percebê-las
Identificá-las como tamanha fortaleza
A grande diferença
A estranheza da beleza singular.
As Várias Performances do Homem
Ora alegre, outrora triste
Aterrorizado, maltratado pelo próprio estímulo
Venturoso, glorioso com a vida
Segue o fluxo no tão corrido trilho
Muitos sem rumo seguem
Tentando achar seu destino
Viram o mundo de ponta a cabeça
Trazem consigo peso, fardo, tempo perdido
Deitam, dormem, levantam
E já abertos os seus olhos
Apenas enxergam aquele sonho nascido
De dentro de cada personagem vivido
José, Roberto, João
Carlos, Luiz, Genésio, Falcão
Janaína, Maria, Sofia
Marta, Bruna, Cássia, Luzia.
Alcançar e ver do alto os seus sonhos
Mesmo andando a trepidar
Nada é capaz de retirar a ponte
Dos pés do andarilho perseverante
Do homem que voa
E reconhece o seu lugar.
A verdadeira arte não agrada, eleva.
Assim como o amor é uma arte
Desvendando os mistérios da vida
O ser humano capaz de amar
Elevado está
Músculos, vértebras
Corpo, alma
Por isso, não ame para agradar
E sim para reconstruir-se
Enaltecer-se
Se perceber como uma semente
Que cai, morre, é absorvida
E quando menos se espera
Desenvolve, germina
Novamente recriando o seu percurso de vida.