Coleção pessoal de nanavedo
Amor,
Eu sou só mais uma e me sinto velha
A beleza do mundo me cega
Eu não posso compreender a vida nem o que sinto.
Eu estou cansada porque sonho muito.
E os sonhos, eles pesam ainda mais do que a realidade
De anjos a Deus, eu sonhei com todos.
Sonhei até que o Demônio era meu amigo
Ele estava triste e eu o consolava.
Sonhei com o meu futuro nessa vida e na vida após a morte.
Eu me vi de asas e cabelos longos ao vento
Sonhei que eu era importante no além.
E que encontraria todos que eu amo
em nossa melhor forma do lado de lá.
Sonhei que Deus me amava e também sofria como eu.
Imaginei que a gente se entendia e se abraçava.
Eu pedia perdão para Ele, que me dizia estar tudo bem e me amava.
A gente ria junto.
Sonhei que eu amava outra alma no outro lado do mundo e nos reconhecíamos.
E ela era boa, exatamente como a imaginei
De volta à realidade eu quis ser professora e fazer alguma diferença...
Eu quis ser artista e ter minha recompensa...
Mas duvido do que realmente valia a pena nessa vida.
Fecho meus olhos a noite e quase sempre durmo mal.
O barulho da geladeira zune no meu inconsciente
Ao menos na sala eu posso chorar sem ser vista
As lágrimas sempre me deixam sonolenta e um pouco grogue.
Mas desde de que virei adulta, estou sempre um pouco acordada.
É... de qualquer forma, a vida vai doer
Seja porque se vê beleza demais, ou porque não se vê beleza alguma;
Me encontro entre o apavoro e a gratidão
Estou erguida e tombada
Insignificante e esplendida.
Eu te amo Deus
E te entendo
O ser humano é bicho feio e ingrato
Eu te entendo
Todo esse tempo para nós,
Pra você é, menos que um segundo
Somos estrelas com pés no chão
Cabe a nós caminhar
Que chance!
Que situação...
Não tem explicação
Se a vida não tem lógica
Quem sou eu para ter lógica?
Me deixa ser como os outros bichos que você fez: bonita, natural e burra
E quando eu ficar velha, me mata logo
Acaba comigo, como deve ser
Não permita que eu seja uma nojenta amargurada
Me faz silenciosa como o ar
Prefiro acreditar em Você que me deu o céu
Do que em quem assiste jornal e se indigna com as notícias
Eu vou assistir meus sonhos
E deixar queimar o fogo que atiça minha alma, quem sabe assim eu me mexo
Sei bem que estou sozinha, por isso estou sã
E por estar sã, sou feliz nessa vida louca
Eu te entendo, e te amo, Deus!
Agora me dá o que é meu!
É por Sua questão que vivo!
Sim, Tu, que fizestes questão de colocar as flores no topo das árvores,
Tão vibrantes e delicadas, que em meio ao asfalto resistem;
Tu, que fizestes questão dos bichos, belos e livres;
Tu, que deu a cada folha nervuras e viços diferentes,
Que das ondas, fez dos mares às canções
E do ar, do vento, à voz
Dando ainda ao céu, mil tons de cor e infinito,
Da mesma forma, fizeste questão de mim, e por isso eu o amo e o compreendendo.
Eu conheço tuas questões, que fizestes questão! E por isso o amo infinitamente.
Quer resplandeçamos juntos no além, ou não, pelos olhos do que amo, já o vi cem vezes.
Te conheço, e repouso em seu peito junto ao calor e batimentos do coração dos que vivem, e por eles eu vivo.
Sim, nós estivemos juntos tantas vezes, por tantos dias e noites, que como em um sonho se vão.
Tudo é lembrança e o único gosto que sinto em minha boca é vento.
As mesmas ruas, os mesmos lugares, as mesmas pessoas, no meu caminho: Você.
Essa força, que prende meus pés ao chão, não pode conter meus pensamentos.
E assim, atravesso todas as camadas do céu e rasgo o impossível.
Eu enlouqueço e me contorço como um nervo estremecido, que sou.
E ainda que eu não seja nada, sou muito, apenas por existir.
Para sempre, sua filha amada.
Natali Azevedo.
De um Pai ao vosso filho
Para onde estiveste olhando todos estes anos? Pobre criança, o que fizeram com o seu coração, olhaste sempre para baixo e para aparência superficial e tola dos outros, mais tolos do que ti.
Ó, eu que estive sempre no alto e sonhei a vida poética. Nos campos não deitaste mais teu corpo para sentir o sol a te queimar. Os corações tão solitários e tristes, e tão ocos, a se quer reparar. E as estrelas, sempre tão apressados, nem reparam no quanto elas gostariam de ser como vós.
Fora da Terra tudo é frio e pouco, muito menos do que cabe em vosso olhar. Veja, eu sou como vós, eu serei sempre pouco. Fiz de tudo para alegra-te, mas eu falhei. Minhas mãos sangraram oceanos inteiros, enquanto eu esculpia as árvores e colava os trigos nos campos. A neve é só o que restou de mim. Amigos, nós sempre sermos pouco. Falhamos por confiar um nos outros, sempre, sempre... eu achei que entenderiam, mas nem mesmo eu entendo o que aconteceu.... Para onde vai a vida, tão sem tempo, para onde vai o tempo, tão sem vida...
E hoje, eu também cansado e triste, eu penso que deveria perdoar, assim como vós, primeiro a mim mesmo; e depois, aos que não me compreendem. Eu sonhei com o amor, eu sonhei como um artista chora e sofre por algo além do vazio ao qual a essência não se encaixa, mas pertence.
Nesta noite, quando clamarem o meu nome, lembrem-se que somos iguais e eu também fracassei. Tenham piedade de mim e do meu cansaço, já não posso morrer agora que vivem. Vê aquele homem tão jovem e belo pregado em uma cruz? Foram os artistas que o fizeram... As feridas são todas internas, e a cruz, a exaustidão. É o preço que pagam os apaixonados, atravessando a dor em nome da obra, e por isso eles me compreendem.
Antes de partir, por favor me ame, pelo sopro do meu beijo, frio em tua face, eu digo que nos pertencemos e na beleza eu quero ser reconhecido. Tende piedade de mim, quando o céu chamar teus olhos na direção da minha casa fria, olha bem para as cores do céu e para os pássaros que sobrevivem, e ainda que teu coração esteja devastado pelo vaco que nos difunde, saiba que tentei...
Com amor, para sempre
Deus
Enquanto meu corpo não trair meu espírito eu seguirei.
E sem fraquejar, estarei em pé no mundo que eu desenhei.
E como em um sonho de amor, rogo para que os dois, corpo e espírito, permaneçam fiéis até o fim. É onde mora minha fé: na esperança da imaginação estar certa.
E assim caminho quieta para que nenhum mal me encontre, nem a arrogância me atropele.
Apenas no dia da minha morte saberei:
Me abandonastes ó Pai? Ou me resgatastes pelos pensamentos?
Ao Criador das flores, dos bichos, dos mares, dos campos, do céu, do Sol e de todos os astros, confio meu destino.
Quero estar no curso de quem sabe fazer beleza; não na boca dos enfermos a rastejar.
Como podem entender de Ti, se não enxergam teus olhos, doces a marejar? Sim, fizestes o mundo! E a terra na qual me deito, pequena a existir, eu sinto seu cheiro na manhã que nasce, é o cheiro do ar frio com o sol gelado e para o lugar onde ele me leva. Como eu não vou te amar?
Eu rejeito tudo que é feio e mal e me recuso a viver a vida como se não houvesse magia na nos sentidos e na natureza.
Enquanto a sorte quiser repousar no meio peito, eu serei brisa, até que ela me absorva e sejamos uma.
Mas a certeza, caro Pai, sei que não me pertence. A minha fé é um castelo de cartas e meu Ser a iminência de assisti-lo cair ou ficar.
O que fazer se a verdade é vento? Quem o pode controlar?
Assim, eu imploro: permita que eu morra em teus braços a te amar. E mesmo que não nos vejamos, existiremos.
As mesmas pessoas que crucificaram Jesus, usam o nome Dele para crucificar outras pessoas hoje. O ser humano com a visão deturpada é a própria besta do Apocalipse.
A imaginação é uma carta coringa capaz de nos salvar de tudo. Ela reinicia as percepções a qualquer momento e molda a realidade a nosso favor. Quem tem uma imaginação fértil, sempre estará seguro.
O amor é uma escolha.
Lançada a flecha, ela não faz curvas. Mas diferente da flecha, cabe a nós mantermos o amor reto em seu destino; é o caminho mais difícil.
Reconhecer o amor, a ponto de não fazer curvas, é dádiva para poucos.
O mais chocante é concluir que a vida,
justamente por seus aspectos ambíguos e paradoxais, é na realidade perfeita.
O dia amanheceu lindo
O cheiro do café coado
O beijo na boca antes de ir pro trabalho
Nas ruas, o vento fresco e o orvalho
Como é bom viver!
Cada um com seus sonhos
Cada qual em seus passos
Unidos pelo tempo
Separados pelo pensamento
Tristes e esperançosos
Afogados nos sentimentos
Quem irá dizer que estamos errados?
Vi um passarinho bicando a grama em meio aos cacos
Como ser livre no concreto, ciscando asfalto?
Mas ele quer viver...
Quem dirá que está errado?
Como os andarilhos pedintes,
Com corpos mais belos do que
Qualquer um dentro dos carros
O dia amanheceu lindo
Mesmo estando tudo errado.
Um dia, estaremos sentados a mesa de um café, o tempo irá parar e tudo ao redor esmaecer.
Talvez entendamos o porquê.
Eu não quis dizer adeus, mas disse, pois A Deus te entrego, da minha parte prefiro me despedir para sempre, se for preciso, para que jamais me esqueça.
Mas ninguém escapa dos braços do destino, no que aqui chamamos vida. E se for da vontade dos ventos,
Voltaremos no nos encontrar nessa, ou em outras tantas dimensões.
Para que eu te diga, olhando nos teus olhos. Obrigada por ter acreditado em mim.
Não te deixarei em paz, pois a paz é a última das consequências. Não é possível haver vida e paz no mesmo instante.
Eu escolho a vida, porque ela me escolheu. Acreditou em mim, como na flor que nasce no canto de uma terra.
Já está cheio de paz fora do mundo, também não a suportaríamos
Mas saiba, também não me deixarás em paz.
Desejo que tenha chorado como eu chorei
Desejo que nenhuma prova jamais te baste
Desejo que o buraco seja sempre fundo e fundo
Para que a vida não perca a magia, a beleza, o encanto
E possamos respirar com um pouco, de dignidade
Aquele lugar que te disse? Nós estivemos nele, todas as noites, durante todos os dias de nossas vidas.
E continuaremos a visitá-lo, cada vez mais lúcidos.
E quando nos encontramos
Nós saberemos, que sim
Tínhamos razão.
Pega esse pensamento e me encontra nos sonhos,
Seu corpo vai flutuar e formigar como o meu
Não tenha medo
Você verá o lugar que eu vi e saberá
Vai ficar forte,
Largar o que te destrói
Viverá os últimos 20 anos, como um sonho de amor.
Você vai ver as estrelas de perto
Deixa a sua alma voar e abre os olhos
Deixa.
Um minuto no Céu equivale a um ano na Terra,
Quem parte, não sofre com a espera.
Nos reencontraremos, na nossa melhor forma!
E se nos amamos aqui, nos amaremos lá, mil vezes mais!
Eu quero enlouquecer sem perder a razão
Se é que há razão para sermos são!
A vida é insana por si só
Se houvesse razão, não teria porquê
Ah motivos, ah o tempo...
Eu vou me adaptar
Mas por hora, quero ficar no sereno
Vou sentir esse vento
Tão bonito é o céu
Tão pequena sou!
Vou aguentar
O tempo suficiente para partir
Eu quero enlouquecer sem perder a razão!
Insano é ligar a televisão
Perdi meu sono a noite não consigo dormir
Se querem mostrar o que existe de ruim, mas no meu caminho não há, eu não quero saber!
Só quero sentir, ouvir e ver o que na rota do meu dia aparecer
Ahhhh
Eu não vou permitir meu sonho acabar!
Até o último dia que eu respirar
Se a vida não é sonho, eu não sei o que o é
Se a vida não é sonho, o que a morte é?
Senão o despertar de um veraneio qualquer
Tão mero e tão profundo, longo e curto no mesmo minuto!
Mas eu vou resistir, escolho a loucura
Pois daqui do mundo só ela me cura
Do vazio de ser tudo e nada
Em um mesmo mundo
Em um mesmo mundo
Em um mesmo mundo
Essa imagem no espelho que sou eu
Ninguém além de mim será
Eu vi as veias saltadas na minha testa
Como um grito, saindo da minha cabeça
Eu parecia má, mas insisti em me olhar
Corra criança, vá brincar!
Esqueça o que eles dizem
Só existe no seu caminho o que nele aparecer
Como o nascer do sol
E a estrela que brilha toda noite, mais forte do que a fumaça da cidade
Ela é como você, solitária na luz
Vá para lá, onde miséria não te alcança
Mas corre criança, atrás de você vem o tempo
E a morte para te alcançar
A vida é pega-pega
Uma hora se cansa, se deita e o jogo encerra
Que linda forma de se fazer justiça!
Não restar nada de nós, acabar a vida!
Pega sua fé e guarda
Como as palavras que não existem
Lembra sempre do infinito, e não se esqueça de dormir
Amanhã tem mais
Mesmo sem ter nada
Tendo muito...
Quanto cabe em um dia comum?
Eu engoli as palavras
Na minha barriga fez um nó
Se eu não nasci para isso, não sei quem foi
Olha, eu vejo bem esses olhos
Sei que estão chegando ao fim
Olha eu não sou daqui, também não sei de onde vim
Consegui uma casa, um trabalho, um amor
E posso me orgulhar
Mas minha alma, mesmo grata, as noites quer voar
Eu amo você, não teria para onde de ir
Além de onde a mente pode me levar
E a loucura que é viver a vida
Como um do sonho
Por um sonho
Eu vi em cada poro a gota de suor
Eu senti nas curvas do seu rosto cada milagre
Mas não há nada que se possa provar
Como eu não vou enlouquecer?
Como eu não vou enlouquecer?
Me dê forças ao menos para parecer normal
Pois já demoli os muros do que pode ser real
Não tenho mais nada que se possa provar
Eu não sou nada que se possa provar
Nem mesmo minha fé, nem mesmo eu
Eu nem sei o que sou
Ou se existo
Nem sei o gosto do meu lábio
Eu só sei que vou seguir em frente
Custe o que custar
E camuflar minha loucura
Que me consome
Que me mata e me dá vida
Enquanto eu respirar.
A vida segue!
La fora chove e é tão bonito...
O céu descreve
A perfeição do mistério infinito
Linda natureza!
Revela a bondade divina
Através de sua beleza
E assim, não estou só
Na perfeição dos detalhes
Mora a força que me entende
Pintando detalhes em tudo, irracionalmente
E assim nasce a vida!
Linda, desnecessariamente...
Quem tu és?
Tu que és dona sem ser má;
Que de cuidar, ressabiar;
Mostra beleza no amar;
E leveza ao voar.
Sente o peso da leveza;
E da pureza no sentir;
Sentindo com beleza;
O peso que é o partir.
Mas sabendo o presente;
Que é o lembrar e amar;
E amar mesmo que ausente;
Não há o que falar.
De pedra só a morte;
A vida é vela, é chama;
Ilumina, com sorte;
Orando ao lado da cama.
Desgasta o que é vil;
Desgasta o que é de frio;
Desgasta como vinil;
Que vira por um fio.
Chegando por onde começa;
Aquela linda e próspera promessa;
Jogando jogos, com uma peça;
Como uma, resta só a pressa.
Não hei de me abalar;
Estou limpo, todos estão;
É só isso que quero falar:
Eu te amo, então...
As vezes...
Para ser fortes devemos ser fracos;
A quietude guarda demais;
A paz guarda medos, fantasmas;
Dividimos e subtraímos para parecer menor;
Muito sentimos, mas pouco demonstramos;
Realmente, existe o que é real e o que mente;
A mente se esquece de esquecer;
Apenas relembramos o que convém;
Não observamos a amplidão e beleza externa;
Apenas nos atemos ao que difere;
O que fere é nosso ego para não se ferir;
O ego se revela insegurança;
A insegurança abala a confiança;
Temos medo de confiar;
Nos afastamos de sermos decepcionados;
Nos afastamos de sermos surpreendidos;
Nos afastamos de sermos amados.