Coleção pessoal de naianabbrum
Vou começar falando o quanto somos ensimesmados, os dois. E que somos incapazes de falar qualquer coisa sem pensar muito antes. Também somos incapazes de pegar um cardápio num restaurante óbvio como um italiano, por exemplo, e demorar menos do que 20 minutos pra decidir alguma coisa óbvia.
Nós somos sarcasmo e bom humor integralmente. Nós rimos do barulho de uma criança caindo no chão. Nós somos bobagens como a feijoada monstruosa que você se obrigou a comer num restaurante super caro e seu sotaque engraçado falando "muito obrigado".
Nós somos carinho no banco da praia, somos libertinos beijando no banco de trás do táxi. Ah, e como eu acho graça quando você diz que eu pus feitiço em você.
Somos estresse quando eu não te deixo dormir, porque "você é correria, na hora da alvorada, eu sou preguiça, faço história nas madrugada". Somos playlists de boas músicas e boa comida também. Somos fotografias e edição - apesar de você demorar dois dias inteiros pra editar uma simples foto duma praia deserta.
Nós dois somos a indecisão do "eu te quero tanto" e cinco minutos depois "já não sei mais". Quem foi que disse que essa tal balança é equilíbrio de alguma coisa? "Feng Shui my ass" disse você.
Então, permita-me:
Eu te quero tanto hoje, amanhã já não sei mais - até porque não sei o que o futuro nos reserva. Mas é tão bom estar com você agora, viver o agora, que eu esqueço do depois.
Desculpa ter sempre que revelar o que era pra ser só nosso, amor, mas alguém precisa fazer arte e eu não passo disso: arte e poesia.
Deixa o universo invejar nós dois, somos estrelas e astros. Somos meteoro colidindo com sol. Nós causamos estrago e estardalhaço. Há quem diga que vamos conquistar o mundo inteiro, imagina juntos?
Acho que descobri por que cientistas, estudiosos, médicos psiquiatras e necropsos perdem suas faculdades mentais num determinado ponto da vida.
Eles vêem demais, sabem demais. E existe um limite, que exige um certo grau. Tudo o que passa disso, perde o sentido de sanidade, de domínio de clareza. Ninguém foi feito pra ter tanta posse de entendimento sobre o que era pra ser oculto.
E aqui estou eu, como uma estudiosa-fanática-maluca, entre o criacionismo e a astronomia. Um avião planando no limite da gravidade entre a terra e o ar.
Acredito que meu intelecto já atingiu o grau limite de ciência. Eva mordeu o fruto, descobriu que estava nua e desde lá nós somos a evolução do mal da sabedoria. Salomão pediu sabedoria e nós aprendemos com ele a pedir também, mas ele caiu e avisou: "quanto maior o conhecimento, maior a angústia".
A angústia deve chegar com o limite. E eu acho, só acho que cheguei nele.
Ainda que eu me esforce com toda a verdade do meu espírito pra acreditar que existe cura e milagre e redenção e intervenção divina e mistérios inexplicáveis... eu desacredito. Ainda que eu saiba que eu acredito de verdade... eu desacredito.
A ciência é uma maldição! Ciência é o fruto do pecado. O começo da mortalidade. A saída do paraíso. O desacreditar que Deus é perfeito no que diz e estabelece.
Satanás conseguiu convencer a terça parte dos anjos contra a onisciência de Deus, e as vezes eu acho que ele nos convence todos os dias de que somos tão sábios quanto o Próprio DEUS. Porque tomamos conhecimento da imoralidade, da afronta, da heresia e temos prazer em tudo isso.
Porque acreditamos e ignoramos, ou preferimos acreditar no que é tangente e visível aos olhos. "Eu sei que Cristo ressuscitou um homem morto depois de 4 dias, mas não acredito que veria isso nessa vida". A ciência é a quimera das mentes barulhentas, o antídoto da fé.
A ascensão do conhecimento é a queda da humanidade. O distanciamento do Deus que nos criou para sermos simples humanos.
Ninguém sairá ileso do pecado de querer saber.
Eu sei usar "por favor e obrigada", não me considero mal educada ou grosseira, mas diria que sou extremamente temperamental. Mimada pra quem prefere o termo; insuportável pra quem não está acostumado, mas se eu disser que é não, é não e pronto.
Pareço não saber o que quero, mas eu sei do que eu gosto e sei como quero o que eu gosto. Perfeccionista, ansiosa, quero tudo pra ontem e tem que ser do melhor jeito: o meu jeito.
Eu sou sanguínea e passional. Devota, entregue, leal. Eu consumo e eu cobro. Passivo-agressiva: não é bipolar, entenda a diferença.
Megalomaníaca - assumida, disse e repito! E como disse Frida: "pinto a mim mesma, porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor".
Quando eu era criança e acontecia algo ruim, eu dormia. Tinha a sensação de que quando eu dormia, acordava e tava tudo melhor. E magicamente tudo era consertado.
Queria voltar a ter essa percepção de menina, onde descansar e confiar que o tempo cura, era a melhor solução dos problemas.
Canibalismo emocional do século 21: a terrível necessidade em buscar no outro aquilo que nos falta. Ou pior, que nos convencemos que nos falta.
O canibalismo emocional é aquela vontade de engolir a falsa autoestima do outro, o falso amor próprio, a falsa beleza, a falsa riqueza, a falsa inteligência e conhecimento de mundo.
O canibalismo emocional é a inveja velada do "não consigo viver sem você" quando na verdade é "queria tanto ser você e ter o que você tem".
Ah Naiana, mas qual é a cura, então? Aceitação.
Libertação. Evolução. Ninguém foi feito pela metade. Temos exatamente aquilo que deveríamos ter e somos aquilo que somos.
A autopiedade é filho mimado. E nós somos pais com a persistente mania em pegar a dor, dar colinho e atenção.
"Mas ta doendo muito, Senhor"; "É sempre tão difícil pra mim"; "Olha só, coitadinha de mim".
E Deus me disse: DEIXA DOER. A dor ensina. A dor faz crescer. A dor educa. A dor corrige filho mimado. Deixa doer!
E para de ter peninha de si própria, pena não pertence a quem é filho de Yahweh, compaixão e misericórdia, sim. Depois que terminar de doer, vai passar. Nada dura pra sempre.
E eu, amante da reciprocidade, tolero poliamor, poligamia, poliverdades, mas não tolero descaso. Nunca, sob hipótese alguma, faça pouco caso de mim.
Sempre que eu perceber que a reciprocidade não está sendo servida na minha mesa, eu me levanto e saio. E vou continuar fazendo isso incansáveis vezes, até me servirem o banquete que eu acredito ser digna.
Tenho medo nenhum
se tiver que chegar, eu chego
se tiver que perder, eu perco
quem tem medo, não tem nada
Tenho uma percepção artisticamente prolixa. Também consigo ser breve e simples, mas seria um desperdício ser só um pouco de tudo o que eu posso ser.