Coleção pessoal de naenorocha

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Idealizei e a conquista não se deu, mas se dará, é uma questão de tempo. Ser feliz... Sob quais circunstâncias, Deus aviará.
Deus dará o sinal.
Bondade, discernimento, reconhecimento da igualdade entre todos os seres.
O meu sonho confunde-se com o sonho de todos e assim, de Deus. Ver os homens vivendo o presente com os olhos de uma criança na véspera do natal, esquecidos do passado, até do que aprenderam, para que a vida se torne uma eterna didática e o futuro a certeza de aportarmos sem correr perigos, plenamente, já em estado de presente.
E de onde vem o meu sonho, se sempre estive tão atento a tudo, preocupado e encandeado com o cair de um galho esguio de uma árvore desproporcional ao vão aéreo em que ele se precipitaria?
Ouvia uma cigarra nos finais de tarde como quem ouve Mozart numa cantata de piano e violino, ou um Chico Buarque, extremamente melancólico em suas palavras de saudade explícitas, ou algo dos Beatles lá do tempo de todos de minha idade.
Meu sonho vem das noites em que estive plenamente sonolento, com as mãos pendendo fora do pano da rede no prazer de ver as palhas do teto de minha primeira casa se transformando em uma entrada de mar tomada de ondas brancas. Chama isto, o sonhador, o sonho que não incomoda e nem nos guarda e nem nos revela, não que entendamos. Com um pouco mais de esforço vê-se o menino sentado à frente da TV assistindo a um programa cibernético, ou o simples pousar leve, sereno, esperado, no meio de tantas nuvens, onde se colocam aqueles que ainda não formaram uma idéia ou um estereótipo para Deus nem para os anjos. Confunde céu com nuvens, com luzes de um início de uma quermesse, quando mil foguetes explodem tornando o alto, coruscante, iluminado por todos os lados.

DIVISÃO

O que valem os bons sentimentos
Diante à força já existente
Em cada coisa.
De que nos servem das boas ações
Quando já existe a má vomntade consolidada.
O que podemos fazer por aquilo
Que não deseja de nós sequer um olhar
Imagine tocar, abrir, perscrutar.
Ficam impotentes os desejosos por mudança,
Quando tudo está fincado
De forma definitiva, e desorganizada
E cada um ao seu lugar.
E sentem prazer em serem assim.
E acham bom como estão acomodados.
De que valem as intenções dos que lutam
Em favor da manutenção do verde,
Da valorização dos pobres indefesos,
Se existe uma força visível
Em cada um em continuarem assim.
Coitados dos que precisam desses reparos,
Por não verem a outra forma
Que se imaginam bom e mais humano.
Ficam com o medo, e protegendo
O que se ver como castigo e opressão.
Coitados dos danosos, dos mentirosos,
Que conceberam o mundo com essa divisão,
Não sabem eles, que a parte que lhes toca,
É a mesma, deles, sem ter-se acrescido nada.
O que falta ao pobre à mulher sofrida, iludida,
À natureza, aos que se mostram precisados,
Tem para eles o mundo guardado,
Que não é propriedade de ninguém ainda.

MINHAS SAUDADES

Eu já namorei jogando pedras
Na janela de minha amada.
E recitava Castro Alves,
Para chamar a atenção dela,
Mostrando-me um revolucionário
Um contra-ponto, nas ordens do dia.
Eu já namorei empunhando um violão,
Dando-me em segundo plano,
Pois ela prestava atenção
Mais as canções do que a mim.

Tempo, tempo, aonde vamos nós?
Tu apressado, nós correndo,
Pra onde?
Hoje eu tenho o meu amor,
Mas por mim ainda andava vagando
Nas ruas seguras da minha cabeça.
Ainda chorava, escrevia cartas
Com caneta tinteiro.
Ainda levava ao meu amor um cacho de jasmim,
E não saia te seguindo, tempo,
Me segurava abraçado ao peitoril da casa dela
Quando visse apenas uma ameaça de vento.
E ficava por lá, contando estórias,
Ouvindo os pássaros nas matas,
A começar pela madrugada
Quando devagarinho voltava pra casa
Como o coração cheinho de esperança.

UM REI

Meu coração é um empório de miudezas,
Nele não armazeno grandes coisas,
Não pra não caber depois,
A minha pessoa a entrar e sair
E quando temporariamente vai de volta
Quando quero estar por lá,
Quando o menino quer ficar.

Todo menino gosta de brincar disperso
Às vezes com quatro pedras
Pensa na fazenda do seu rebanho.
È certo que Ele estranhará,
Quando for ocupar a sua instância,
E vê-la invadida, cheia de minúcias,
De dispensáveis objetos
A ocupar o que é seu por direito.
Assim quando o menino chega
Tenho de esvaziar num aperreio
O meu coração completo,
Nisso vão as intenções de agora,
Os sonhos, que dobro e guardo fora de casa
O amor, que se tiver espera, na porta,
E fica entronizado o menino,
Com outros sonhos trazidos,
Que outros amores traz,
Os mesmos de muito atras
E só isso ele faz, brincar,
Sonhar, fazer-me louco, de tanta saudade.

TORMENTO

Abuso do meu coração luzo
Nessas distâncias só tem saudades
Puxo muito por meu coraçãozinho
Nestes caminhos não se chega a nada.

Nada que nada espera
Tudo é quimera, existe nada,
Tudo que a gente queira,
É uma besteira a outros olhares.

Espero muito dos meus olhos
E me olho o molho só prá chorar,
O tempo nos seus intentos
Afastou-nos a rota de ver chegar.

Aperta-me meu coração
Dá-me um abraço só pra eu lembrar
Que não estive só na luta
Escuta as águs, só elas estão.

Te aninha meu coração menino
Por tantas braçadas nãos vistes um ninho
E mais aumenta o dilúvio
A gente para até tudo baixar.

Brazeiro meu coração brasileiro
Fincou os pés não sai do terreiro, renega o mar
Um fundo sem fundo, um oco,
Que só um louco se lança a nadar.

*Tudo já foi dito, mesmo que não se tenha tudo entendido
pode ser que nem tudo tenha sido escrito. Mas tudo já foi dito, até o que se falta dizer*

* Às vezes olho para mim e não me vejo. É comum eu me deixar por onde estive e voltar pra me trazer e não percebo que ainda estou andando como se vive.

*Se alguém me perguntasse como anda a vida? eu lhe diria: Os dias andam como querem e a vida lhes segue no mesmo tempo *.

" Quando me perguntam o que acho da vida eu respondo: sei muito pouco, ou nada, porque o que eu acho da vida é o que acho nela "

NADA A DIZER

Quando me pergunto o que acho da vida
Eu respondo: sei muito pouco, ou nada
Porque o que eu acho da vida
É o que acho nela
E no tempo que ela me toma como seu
Eu pouco acumulei ou achei de meu
Por mim eu daria outra resposta
Mais entusiasmado, diria:
Acho que ela é como uma manhã
Que às vezes nos desanima a chegar a tarde
Que ela tem seu próprio controle
E o manipula como quer.
Desse-me ela o mágico aparelho
E não impusesse condições para o seu uso
Eu diria: espera aí que eu te digo já.
Apertaria o botão propícia
E falaria, boa em todo o seu andamento
Uma previsão feita
Como por quem tem o controle dos dias
Se alguém me sondasse:
Como anda a vida
Eu lhe diria: Os dias andam como querem
E a vida lhes segue no mesmo tempo.

" Maria a mãe de Jesus Cristo é minha mãe também. Foi dEla que recebi carinhos, zelo, amor, e bênçaos. Foi Ela quem fez minha farda e me matriculou na escola de Deus".

UM DIA NÃO SE REPRETE

Um dia não se repete!
Podem ser iguais as correntes de ar
A força do sol
O itinerário da lua
A temperatura atingir os mesmos graus
Mas é outro o dia
Pode a dor persistir igual
Pode o amor chegar
Às mesmas horas
Como pode demorar uma semana
Te ligando sempre ao meio dia.
Pode o céu ficar sem estrelas
Por noites repetidas
Nos trajes da mesma saudade.
Pode os ponteiros do despertador
Posicionarem-se nos mesmos segundos
Pode o ipê sombrear o rio
Desenhando um mesmo desenho escuro
E por alguns dias contemplares
A beleza das mesmas barcas
Indo e vindo dos lados das águas.
Pode cair um chuva fina
Ou mesmo um temporal
As nuvens fecharem-se feiamente
Sempre como já vira
Pode o coro de cigarras
Das mesmas seis horas repetir-se
Pode a saudade chegar
Trazida pelo mesmo vento
Quantas vezes te importunar
Provocando tuas mesmas lágrimas.
Mas o dia não, é outro.
E tu haverás esquecido
de tudo que foi varrido
Do tempo que tudo durou.

" O perigo que corremos é o que corre atraz de nós."

" Ninguém erra ou acerta propositadamente, isto é mérito daqueles que fazem."

"A poesia dá o tempo para timidez, quando a lemos cabisbaixos",

TUDO JÁ FOI DITO


Tudo já foi dito
Mesmo que não se tenha tudo entendido
Pode ser que nem tudo tenha sido escrito
Mas tudo já foi dito
Até o que falta dizer
Até o que já se entendeu
Um amor fala com os olhos
E o que os olhos podem dizer
Tudo já foi respondido
Tudo já foi repetido
Mesmo que em sussurros
Mesmo que por mímica
Ou por códigos da boca.
Tudo já foi dito
Um coro de vozes numa ribalta
Vai até ao final da cantilena
E aí tudo terá sido dito
E cantado
Mesmo que na apoteose
O coro de outras vozes
Tenham sido só ouvidas
E não reconhecidas.
Mesmo os sinônimos
Os antônimos, os anônimos
Que se calam quando gesticulam
Quando andam a pensar baixinho
Tudo terá sido dito.

ORQUESTRA

Peçam que interrompam a orquestra
Deixem os casais se adorarem
Deixem que eles a detestem
Permitam as horas silenciarem.

Ninguém escuta o amor apontado
E nem se vê quando ele chega
A música toma todos os riscos marcados
E os corações à sua marcação cegam.

Formidáveis tempos da música sublime
De um cantar dolente, tudo perdido
O frenesi do amor algo lhes redime
Atrás, à frente, seguiam os pares ouvidos.

Silenciem as bocas os violões soberbos
A tuba no seu marcar de medo
A lira que não dá pra ouvir
Os amores querem porque ainda é cedo.

AINDA QUERO AMAR

Passa lento, amor, ainda te amo
Ultrapassa a mim, some da minha vida
Sai de dentro do meu coração
Alça vôo acima da minha visão
Envolve-te de outra essência.
Atinge o longe, não cansa de andar
Vai como uma pequena barca
Que singra o mar já a altas horas
Ainda te amo, vai embora.
Não deixa marcas, ainda quero amar
Arma-te de tuas hélices voadoras
Sobe, sobe, a eu não poder mais te ver.
Deixa-me ser vazio e só
Para que não me dê em nacos
A alguém que vou amar.
Vai sem pressa, amor, rompe comigo
Vê meus defeitos por teus belos olhos
Para que outros eu possa contemplar.
Estende-te amor, nas águas turvas
Larga-me, já se eleva o sol.
Brilham os lugares por onde andamos
Primeiro o alto, as frondes das matas
Depois o chão onde riscamos planos.
Contorna a foz no primeiro estreito
A que eu não te veja, ainda quero amar.

TRATADO

A quem pertencem as águas
Das outras ondas dos mares frontais
Houve uma alma que a pacificou
Nas bravuras de tudo e mais.

Recordo o rei e seu cavalo castanho
Andar por cima das águas num milagre
Mas antes Cristo já sabia o tamanho
Do pecado de quem se sabe náufrago.

Beijado o dorso pela areia grossa
Imposta a pena das águas torrentes
Quando ordenar, alguém decerto possa
Tomar de seu os peixes doentes.

DESENCONTRO

Às vezes olho para mim e não me vejo.
É comum eu me deixar por onde estive
E voltar pra me trazer e não percebo
Que ainda estou andando como se vive.

Acontece até de me afeiçoar
Por argumentos soltos eu me escoltar
Da companhia boa de quem me cobiçar
Da presença doce de um bem beijar.

Tomo em conta direções contrárias
Nas investidas tolas de partir e vir
Contrafazendo minha falta etária
Isto me faz um bem sentir e rir.

Onde anda o homem que esteve aqui
E suas invenções expostas na calçada
Antes do meu olhar sentir, fingir
Um gesto néscio intento impensado.