Coleção pessoal de muriloamati
A sabedoria é a subordinação do saber ao interesse humano e não ao próprio interesse do saber pelo saber e muito menos a interesses parciais ou de certos grupos humanos.
Como a medicina, a educação é uma arte. E arte é algo de muito mais complexo e de muito mais completo que uma ciência.
Somos condicionados pela propaganda para desejar o supérfluo, para atender necessidades inventadas, antes de haver atendido às nossas reais necessidades.
O homem comum está caminhando para ser o escravo como o entendia Aristóteles, ou seja, o homem que está na sociedade mas não é da sociedade. O progresso científico está na sela e conduz o homem nenhum de nós sabe para onde.
Junto do estado civil vem a liberdade moral, a única que torna o homem verdadeiramente dono de si, já que obedecer apenas aos desejos é escravidão, e a obediência à lei é a liberdade.
A educação vem da natureza, do homem ou das coisas. O desenvolvimento interno das nossas faculdades e órgãos é a educação da natureza; o uso que nos ensinam a fazer desse desenvolvimento é a educação do homem; e o ganho da nossa própria experiência sobre os objetos que nos afetam é a educação das coisas. O aluno em que as lições desses mestres se contrariam é mal educado; aquele em quem todas visam os mesmos fins, esse é bem educado.
Penso que a sociedade é feita para preservar e melhorar os bens civis dos seus participantes. Chamo de bens civis a vida, a liberdade, a saúde física e a libertação da dor, e a posse de coisas como terras, dinheiro, móveis etc.
Mesmo que se alguém quisesse, não poderia nunca crer por ordem de outra pessoa. É a fé que dá força e eficácia à verdadeira religião que leva à salvação.
Quem cuida pouco da própria salvação dificilmente convencerá o público de que se preocupa de verdade com a dos outros.
Portugal e Espanha tiveram muitos domínios na América, na África e nas ilhas atlânticas, de onde tiraram muitas riquezas. Mas nem Portugal, nem Espanha dominam o mundo. Muito mais influentes são a França e a Inglaterra, cuja contribuição maior foram as ideias que até hoje dominam o Ocidente.
Enquanto um povo é obrigado a obedecer e obedece, faz bem; mas quando pode desfazer suas amarras e as desfaz, age ainda melhor; porque retomando a liberdade através das mesmas regras que usaram para retirarem-na, mostra que elas servem para obtê-la de volta ou não serviriam para subtraí-la de início.
O mais forte nunca é forte o suficiente para mandar para sempre, se não transforma sua força em direito e a obediência em dever.
Todo homem nascido escravo tem como destino ser escravo, nada é mais certo: os escravos perdem tudo em suas algemas, inclusive o desejo de se livrarem delas. Por isso, se há escravos por natureza, é porque houve escravos contra a natureza. A força constituiu os primeiros escravos, a covardia os perpetuou.
A família é o primeiro modelo de sociedade política; o chefe é o pai, o povo são os filhos, e tendo nascido todos livres e iguais, não trocam sua liberdade a não ser pela utilidade. A diferença é que, na família, o amor do pais pelos filhos compensa os esforços que lhe exigem, ao passo que, no Estado, o prazer de comandar substitui o amor que o chefe não sente por seu povo.
A política trata da convivência entre diferentes. Os homens se organizam politicamente para certas coisas em comum, essenciais num caos absoluto, ou a partir do caos absoluto das diferenças.
As ideias são em si mesmas divisíveis e as coisas que delas participam só o são parcialmente, não adquirindo nenhuma delas toda a ideia, mas apenas uma parte de cada ideia.