Coleção pessoal de Moapoesias

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⁠Final
Uma pomba, inocente
pousa sobre um túmulo
Os corpos estão aqui,
- suponho -
Onde estarão suas almas?
Desconfiada me observa.
Estou vivo!
- Grito.
Eu fico.
Ela voa...
Busca o montanhoso
ponto do Condor
iluminado pelo sol
Vai tornar-se alma.

⁠Muito além de um caminho:
vida!

Passos ansiosos
nem sempre pensados;
Pés pesados no chão.

Viver é dádiva!

Fulminante o sol se põe
como a brisa da praia

Vive-se o instante!

Faltaram infinitos.
A vida nunca para!

Viver é ser!

⁠O homem em águas profundas
contemplando o farol distante
sem avistar a baleia
na areia agonizante.

Se isso é saber viver
não sei o que tenho vivido.

Novas auroras anunciam outros barcos,
Mas onde estará a inocência
meiga e desinteressada de outrora?

O que há além de vida e morte?

⁠Ainda tenho alma
- acredite –
é calma
Tem horizontes poéticos
como os tempos velhos de mim

Quanto vale a idade?

Minhas estrelas ainda
são doces pregados no céu.

⁠Despidos,
pobres bichos!
E a chuva a lhes umedecer.

Outros cantam!

Tais felicidades às avessas
parecem sorrir
risos saciados
sem sede
sem medos.

Em que reside a alegria?

Na água e milho
- Dirão eles!

E eu sem respostas
Sem cantos
Sem risos
Sisudo
cara amarrada,

Vestido!

⁠Duas chaves
abrem a mesma porta

Claves de sol
Voz noturna-rouxinol

Migrações coloridas
Pássaros de rosas-vidas

Abre-se coração
Ouve-se a canção


Recebe a pétala
solitária na mão.

- O voo não silencia a emoção -

⁠Na sombra das asas
voa
Inventa movimentos
Repousa
Sossega
Encolhe
- ImpiedosamenteSome
Perde-se
do sol.

Nas asas internas
À luz
na parede
projeta
objetos

Nas asas da noite
silencia,
se ausenta.

Repousa
noturna solidão.

⁠Balançando desce
suave a semente
sobre o solo pousa
sua leveza

Sutil e natural
sob a terra
chuva o gera
Lunação imediata
Bons ventos
sacodem os galhos
- Vida verde-

⁠A pele arde
ao meio dia
a vida puxada pela copada
arrebenta-se ao meio

estrada de pó

solão

piedade!

Passos suspensos irrespiráveis
olhar incrédulo e horrorizado
do gado
faminto no potreiro
- O verde definha-

⁠Trago nos olhos
O brilho do sol
de verão.

A sombra nos tijolos
forma no muro
algo sem tradução.

A imaginação colore
com jatos férteis
vindos do coração.

⁠Tua energia é luz - luar
Brilha!
Escureço ao te ver passar.

Reflexos de arco-íris
Íris em arrebol
reverberam os raios do sol.

Sorrindo ...
Cabeça alta
Alma colorida
Beleza não lhe falta.

⁠Vermelha uva
- Vinho -
Cacho sem espinhos
Ramos podados
Cipós sustentados
e o pássaro em volta

Um grão no papo,
outro no chão

O canto silvestre
de agradecimento
Se não fosse o pássaro
seria o vento.

⁠Simbiose de fungos e algas
Líquens colorem as pedras
e os caminhos...

Vidros e olhos embaçados
mergulhados em brisas e saudades.

Reflito um instante...
Tantas coisas em mim

Calo!

Pensamentos não falam.

⁠Vida vindo
ventando vivências
aventando a existência

A rosa escarlata
para a mais bela
Ansioso
ao vê-la na janela

Depois o adeus
envelhece o silêncio.

⁠Charnecas floridas
após a chuva
- Vida líquida -
dançam alegres

Ventos de elásticos
Repuxe de ondas
repetem nos olhos
a fotografia

Exalam nos ares
- Aqui e além-mares -
legendas perfumadas
em cores que balançam
colorindo o inconsciente
- Das flores –
da gente.

Estou lá

⁠Nos quadros e afins
nos vasos e nos jardins

Em arranjos preparados
nos frascos perfumados

Pétala aromatizada
Natureza viva
Flor florida.

⁠A noite deixa tudo tão longe,
nostálgico...

Um tanto trágico que
parece real

O anjo noturno
anima a alma
antes do sono contínuo

Mãos juntas
iluminam a prece

Ativam sonhos …

⁠Vozes do passado
- Compõem pinturas –
e expõem na tela
traços de lonjuras

A vida
é sombra
de sonhos
fantasiados.

O tempo...

Jovens noites de brisa

Nostálgica juventude.

⁠Em silêncio a luz apagou,
A alma aquietou-se,
triste e aniquilada

Vaga-lumes de estrelas
distantes e calados,
iluminado a madrugada

Olhos sem brilho
vertem dormentes,
frutas inférteis,
infrutíferas sementes

Tudo é deserto
O verde morreu
O eco distante
diz o que viveu.

⁠Adornos de risos e alegrias
Farras e fantasias
semeando a vida
no horto de hortênsias,
perfumando o sacrário
da frase morta

Esquecida

Nos degraus do campanário
não há luz

- Morrem as estrelas-.