Coleção pessoal de michelletrevisani
Havia tanto você nas coisas. Olhava uma árvore e de repente seus olhos. Olhava um transeunte e de repente você. Talvez fossem meus olhos – turvos e contaminados por uma estranha catarata de imagens suas.
Não consigo me libertar. Esta alma endurecida só sabe gritar e gritar – teu nome.
E o eco me responde, e as paredes repetem minha dor.
Dor que não dorme, dor que se faz fome – dor demais, dor-amor.
Seus olhos,
Que de repente também são estrelas
E o céu é todo você, multiplicado em astros e saudade.
Me chamam borboleta... talvez pela levaza nos traços, quem sabe por saber voar no silêncio. Sabe, gosto. Gosto da simplicidade das pequenas asas, gosto do sabor do vento.
Eu sou assim, como você vê - pura nos traços, colhedora de flores... pouso como fada de sonho em sonho.
Abro meus olhos, mas era apenas um sonho. Acordo assustada - ainda sinto sua mão quente a tocar meu rosto. E o som do teu riso parece que ainda ecoa nas paredes do quarto... indo e voltando - e me acertando.
Eu estarei aqui, bem ao seu lado, quando a lágrima cair,
quando a tristeza invandir o teu coração todo.
eu estarei bem aqui, com meu sorriso imenso, com meu abraço tenro,
te oferecendo cor.
A chuva fina só me remete a você - sua delicadeza de tocar aos poucos, sua forma de beijar até trovejar.
...há não, não era um sorriso qualquer. Era um sorriso que invadia a sala, coloria as cortinas e ascendia as luzes de uma forma que deixaria com inveja qualquer interruptor.
...esse negócio de saudade, dói um pouco sim. Uma dor intermitente que não passa. Lateja mais quando no frio. O cobertor fica tão gelado!
Eu tentei despistar o amor.
Me disfarcei, coloquei peruca, bigode – fiquei perua.
Mas não dá – o amor segue.
Ás vezes parece que ouço sua voz. Ás vezes parece que ouço o telefone tocar, a porta do carro bater, a campainha soando, o som do seu beijo estalado. A saudade nos transmuta a outro plano: ao plano sensorial dos sons que não são, mas estão.
- a vida me presenteia com seus aspectos mais doces e suaves: a beleza do tempo, a alegria dos minutos, a diversão do vento. Não há como não se contentar ao apreciar em breves segundos tão delicados sentimentos...
Eu sou meio impaciente.
Vejo o telefone dando sopa e logo disco, redisco, desisto e fico prostrada na frente dele.
“Por que não liga?” - me pergunto já torta de tanto discar e desistir.
O amor deveria ser logo. Para o amor não deveria ter grande espera.
Nota: Há, e o amor também não deveria causar úlceras.
Ás vezes fico farta.
Tenho o direito de ficar farta. Farta de você. Farta destes jogos, desta tua cara sonsa e desse dissabor com o qual você levanta e te persegue por todo o dia.
Estar farto também faz parte do amar. Há a necessidade do destempero – á noite tenho sempre um vinho guardado. A gente se embriaga, se beija e tudo passa.