Coleção pessoal de mfaj
Eu não quero promessas. Promessas criam expectativas e expectativas borram maquiagens e comprimem estômagos.
E a gente vai por aí, se completando assim, meio torto mesmo. É Deus escrevendo certo pelas nossas linhas que, se não fossem tão tortas, não teriam se cruzado.
Me provoque, me ofenda, brigue comigo, mas não me deixe presa no comum. Não permita que o tédio silencie meu coração.
Eu sou volúvel. Grande surpresa. Mas ser volúvel também cansa. Porque ninguém leva a sério alguém que passa a semana chorando pra ficar bem na semana seguinte. Como se fosse preciso ser feliz pra sempre ou triste pra sempre pra ser alguma coisa de verdade.
Não quero mais a realidade comum. Isso é o que mais cansa, pra ser bem sincera. Tenho até arrepios de pensar num futuro escrito e óbvio nas prateleiras de gente sem sal. Só de saber o que vai ser de mim, já quero ser outra coisa. Uma coisa nova e diferente, pra quebrar o que é certo.
[...] regras não servem pra mim. Não tenho vocação pra bailarina, tenho fobia de linha reta, tenho o corpo livre, o espírito solto, sou do mundo, das pessoas, das conquistas, das novidades, vou construindo fatos e lembranças nas esquinas. A vida que tem lá fora gritou e eu não ouvi. Agora me movo a passos curtos, ziguezagueando por entre mudas de flores recentes que querem ser botão. Eu quero ser flor: quero terra viva que se mova e me faça mover.
Palavras não descrevem os olhos, as bocas, os braços e abraços, nem a alegria até então desconhecida, surgida de um (re) encontro. Pra quem, há dias atrás, refletia tanto as obras do acaso, hoje compreende que realmente, o acaso não passa de um simples nada, e acredita em algo bem maior que isso. Que levará à um próximo reencontro, sem sombra de dúvidas. Mas até lá, todas as músicas cantadas estarão na mente, todos os sorrisos que ainda não acreditavam no que estava acontecendo, todos os olhares que transpareciam toda a magia do momento.
Eu queria te contar que não dói mais. Só que agora não importa tanto o que você vai pensar sobre isso. Queria que você soubesse que já vi nossos filmes milhares de vezes e nem chorei. Ok, chorei. Mas pelo filme, e não por você. Queria que você soubesse que tirei a poeira das nossas músicas, e que as ouço quase todos os dias. Porque elas me faziam mais falta do que você fez.
Alguém me perguntou se eu conhecia você. Um milhão de memórias passaram pela minha mente e eu sussurrei: não mais...
Pois eu, eu só penso em você
Já não sei mais porque
Em ti eu consigo encontrar
Um caminho, um motivo, um lugar
Pra eu poder repousar meu amor
Se ela te fala assim, com tantos rodeios, é pra te seduzir e te ver buscando o sentido daquilo que você ouviria displicentemente.
Se ela te fosse direta, você a rejeitaria.
Não é que eu seja paciente, não. Paciência nunca foi meu forte. Mas é que às vezes cabe como uma luva, como numa roupa de baile, onde você procura se vestir bem apenas pela ocasião.
Você, a insegurança em pessoa, me passa segurança. Uma total contradição. Dessas que não faço a menor questão de entender. Dessas que faço a maior questão de mergulhar. Tem cheiro de flor quando abre, riso de rio quando deságua. Tem nascente na alma, corre feito mar, desses cheios de segredos, profundo, com ondas altas, perigos escondidos e histórias que ninguém sabe. Tem a transparência que o mar tem, o doce mistério de um rio. Tem o que eu preciso pra mim, o que eu quero, o que eu procuro, é tudo que eu tenho, é minha vida em você agora.
É aquela saudade boba, boa, que dói. Dessas que você sente quando vê a outra pessoa fechando a porta depois de um dia lindo juntos. É como se tivéssemos passado o dia inteiro, como se você tivesse acabado de sair por aquela porta e eu fui atrás de você, te enchendo de beijos, pedindo pra ficar mais um pouco. É dessa saudade que ando falando. Essa de te ter comigo, e ao mesmo tempo querer mais, como se não tivesse.
Já não consigo dar passos tão largos. Eu ando desesperançado com as novas canções que duram pouco e repetem sempre a mesma letra.”