Coleção pessoal de maylu

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Ouviam-se lá fora os ruídos
O silêncio provinha de dentro
Ao fundo...
Na alma da mulher.
O sol permanecia majestoso
A sua volta
Entretanto,
Em seu interior havia uma geleira
Mantinha a face uma rigidez de mármore
Indiferente a beleza do dia
Mas reparei que por um momento
Havia um desassossego em teu olhar
Que se pintava em labaredas
Ao fitar um botão que não floriu
Seria um traço de ternura?

O tempo passa
Arruma e desarruma...
As tonalidades da vida.

A poesia invade os espaços
E reflete na imagem que vejo
Gravando em meu olhar
A paisagem que ficou em mim...
Delicadeza.

O silêncio é o grito da alma
É quando as palavras se calam
E o mistério cria falas...
Na brisa mansa da madrugada
Na indolência da dormência da noite
Na ternura das folhas do outono
Que jazem esquecidas no chão
Quando se ouve o som
Da árvore que bota no campo
Quando se ouve o balé sem som
Das estrelas riscando o céu
Quando se pode ouvir a magia
Dos brotos dando vida aos seus sonhos
Enfim...
O silêncio é a linguagem perfeita
O idioma falado
Somente pela alma dos poetas.

A menina que há em mim
Tem um sorriso distante
Que já sorriu pra mim
A menina que há em mim
Um dia bordou asas nas nuvens
E pela imensidão voou
A menina que há em mim
Tinha quase nada...
...tinha quase tudo.
A menina que há em mim
Esta por ai...
Na lembrança de um poema.

E o vento acariciava o silêncio
Com suas plumas agridoces
Senti-o atentamente.

As borboletas nas flores
São a rebentação das cores

Na minha bagagem
O que eu tenho
É o que eu levo
É tudo o que preciso
Sou hóspede da vida
Bastam-me as cores
Que brotam das flores.

Hoje celebro a doçura
Dentro e fora de mim
Com a tua chegada
Aprendi a apanhá-las e guardá-las
Hoje celebro a melodia
A canção da vida
Que brota das manhãs
Hoje celebro as coisas simples
Escorrem-me ao paladar
Em suaves gosto de mel
Hoje celebro a vida
Sinto-a plena...
É o tempo exato onde sou
Uma parte de um todo.

Nunca ache que já viu todas as cores de um jardim
A cada segundo haverá sempre um colorido diferente
Encantando os olhos da gente
Jamais pense que já viu todas as linhas do horizonte
Haverá sempre novas nuances
A surgirem num amanhecer... Num entardecer!
Preste atenção nos sinais...
Há sempre novos ventos a soprar
Há sempre novas chuvas a regar
Há sempre novos amores para amar
Sempre haverá novos sentimentos no fundo de um olhar!

A saudade é uma presença,
A jornada a uma querença.
O manifesto, a existência.
Saudade é um sentimento,
Das coisas inatingíveis.
A comparência distante... a renascença.
Da sensibilidade a uma precedência.
A crença... Uma vivência.
Seria a saudades uma incoerência?
Depende da procedência...
Nau à memória.
Somos aterrados a nossa história.

Sonhar é perfumar a alma,
É afagar o coração.
Sonhos que me acalentam os dias,
Sonhos que me invadem as noites.
Sonhos que vem e se vão...
Mas, nunca sonho em vão.
Há sonhos que me dão fé,
E faço deles minha oração.
Há aqueles sonhos adormecidos,
Esperando a redenção.
Também há outros tantos...
Que são mera ilusão.
E assim,
Os sonhos se alastram e crescem,
Feito flores, nos canteiros da minha alma.
Eles embalam tão suavemente meus dias,
Que me faz querer sempre mais...
Porque vivo de sonhos?
É o encontro da liberdade.

Quando deixo o casulo...
A borboleta em mim prefere os cactos.
A perplexidade do ardor das cores,
Florescem ousadas,
Por entre as folhas reduzidas a espinhos.

Dentro de mim prefiro as tulipas.
Das pétalas caem poemas,
Só para mostrarem que estou viva.

Desvendei-me?
Mas não me encontro!
Alvéola permaneço
Insinuando o voo
Vezes e vezes sem fim...

Ainda que seja outubro
Eu já espero pelo outono
A bater-me nas janelas...
Espero pelos ventos
Despindo as copas das árvores
E nuvens de folhas claras e escuras
Cobrindo todo o chão
Espero pelo sorriso do sol
Em pequenos raios
Abraçar as montanhas
Sob um horizonte manchado de nuvens
Em vários tons de cinzas
Assim, encostada a janela
Fico a espera...
Fico ali até o cair da noite
Sozinha com uma folha seca
Agarrada às costas
Esperando pelo renovo.

Hoje há somente afagos em minhas mãos
Trago-as molhadas de orvalho
Para que nunca deixam de florescer
E suavemente amanheço poesia.

Quem me vê com esse sorriso abraçando todo um mundo
Às vezes se engana…
Só aqueles que já despiram meus sentimentos
Tiveram a oportunidade
Quase sem querer
De enxergarem um tão explícito inverno
Desembrulhando-se por trás da minha face
Para alguns é bem mais fácil suporem…
Poxa como ela é feliz!
Apenas para ficarem com a boa impressão
Pela conveniência de não lhes terem aos olhos
Uma alma vulnerável...
Exposta a seus olhares indiferentes
Por que se importarem?
A ferida não lhes doe...
O sangue a escorrer-me não lhes tinge de escarlate
O mais perfunctório dos seus corações
E supostamente me retribuem o sorriso
Sem fitarem-me o olhar
E eu da minha parte lhes poupo de tal embaraço
Ao usar esse sorriso quase clichê no rosto.

Se os teus dias estão nublados
E acaso a tempestade persistir
Dance na chuva
Entretanto se não sabe dançar
Rodopie, cante, ria...
Apenas sinta intensamente
Traga o enlevo nos bolsos
E na busca de si mesmo
Abra os braços num abraço...
À sua alma!
Banhando-se em águas límpidas
Mormente entre uma nuvem e outra
Acalma-se o céu
E de pingo em pingo escorre-se...
A dor, a solidão, a angústia
Cada parcela sentida
Pois todo sentimento há de ser vivido
São todos fachadas de uma mesma vida
Para que ela não se reduza a opacidade
Esse é o grande mistério...
Permitir se equilibrar no tempo.

Ontem eu fechei os olhos
Precisava olhar nos olhos de Deus
E pedir-lhe uma benção...
Através dos seus sete olhos
Que a tudo vê!
E pela falta da possibilidade
De estar olhando nos olhos do meu filho
Que minha visão excedesse o tempo
À distância...
Encontrando assim o olhar do meu filho
Voltado para o meu
Senti uma luz vindo de dentro de mim
Que me envolvia
E ultrapassava as barreiras
Então olhei dentro dos seus olhos
No âmago furacão de sua alma
Vi tantas perguntas sem respostas
Muitas das quais eu também não às tinhas
Eu sei que da vida muitas coisas eu vivi
E que muitas das minhas dores
Eu resolvi num abraço, no braço
Em silêncio ou no grito
Compreendi que não sou fraca
E nem feita de aço
Sou apenas eu, a mãe, a filha
A irmã, a esposa... A vida!
Sendo vivida
A minha bagagem é esta...
Que o amor e dor andam de mãos dadas
O amor custa lágrimas, mágoas
E muitas vezes amamos só... Em solidão
O amor custa caro
Custa sangue!
Foi esse o preço que o filho de Deus pagou
Por amar-nos tanto
O amor é doação!
E são poucos que estão dispostos a pagar por ele
Com cuidado, proteção e perdão
Só quando a humanidade compreender isso
A felicidade não será uma mera passageira
Os momentos de paz não serão tão fugazes
Mas enquanto isso vou indo!
Caminhando, seguindo...
Tentando aceitar do tempo as suas definições
Da tão esperada felicidade!
Estou e sempre estarei
Com o meu olhar sempre fixo no dele
Espero que ele me tenha compreendido
Que às vezes é melhor calarmos
Para ouvirmos a voz do coração
Somente ele pode nos guiar ao caminho...
Que há de ser seguido.