Coleção pessoal de Mateusinho

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Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

Neologismo

Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.

Haja ou não deuses, deles somos servos.

Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.

Tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou: viver não é necessário, o que é necessário é criar.

Pedras no caminho? Eu guardo todas. Um dia vou construir um castelo.

Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar.

O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.

O grande consolo das velhas anedotas são os recém-nascidos...

No céu é sempre domingo. E a gente não tem outra coisa a fazer senão ouvir os chatos. E lá é ainda pior que aqui, pois se trata dos chatos de todas as épocas do mundo.

Pergunta errada

Se eu acredito em Deus? Mas que valor poderia ter minha resposta, afirmativa ou não? O que importa é saber se Deus acredita em mim.

É um amor pobre aquele que se pode medir.

Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em pleno carnaval.

Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento.

Vós, que sofreis, porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele.

Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens.

A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez.

O amor perfeito é a mais bela das frustrações, pois está acima do que se pode exprimir.

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.