Coleção pessoal de marta_souza_ramos
O Semeador de sonhos
Suor frio, que desce quente
Na face aflita do agricultor,
Que olha para o sol ardente
Enquanto adormecida na terra
Repousa inerte, a semente.
A mãe terra tenta ajudar,
Recebendo o orvalho da manhã
Que apesar de o solo refrescar
Não é suficiente, pra fazê-la eclodir
Continua sonolenta a dormitar.
Para quando a chuva chegar,
O agricultor faz até promessas
De parte da produção, doar
Como forma de fé e gratidão
Pela chuva que veio regar.
O agricultor tem pressa.
Logo semeará novos grãos
Sorrindo, segue o semeador
Vislumbrando sonhos reais
Ao ver a produção em flor.
Tem prazer de levar à mesa
Alimentos e muita fartura
Ver enchendo o celeiro
Com primícias da colheita,
Felicidade é seu canteiro.
E num monólogo diz;
“Sou um homem da terra
Que bota a mão no arado
Vou semeando o amor
Não me canso, não me enfado.
Para o agricultor tiro o chapéu
Agradeço e faço oração
Pela garra e perseverança
Mesmo com dificuldades
Semeia com esperança.
Por Marta Souza Ramos
Liberdade condicionada🌻🌻🌻
Do meio do nada, um temido vírus invisível, vai colocando as coisas lugar;
Destoando outras como uma orquestra desafinada.
A natureza que pedia socorro,
Teve um tempo de trégua;
As pessoas que corriam desesperadas, ficaram em casa, prisioneiras do medo;
Os laços familiares antes rompidos fortaleceram-se pelo convívio diário;
Conversas frente a frente, são canceladas;
A internet que ligavam pessoas solitárias, unem pessoas em salas virtuais;
Sonhos planejados são prorrogados;
A solidariedade torne-se comum;
Suaves perfumes, trocados por álcool em gel;
A pandemia política é disseminada
Causando alvoroço e discórdia;
Até as igrejas, lugar de adoração e encontros fecham as portas, colocando em xeque a fé;
Ruas vazias, comércios paralisados;
A solidão faz companhia às praças e bares. O isolando social é ordem;
Nas escolas, o grito eufórico das crianças torna-se um lugar ultrassilencioso;
Somente uma coisa prevalece em meio ao caos: O amor!
Amor sentido no coração
Sem contatos, nem toque de mãos
E os abraços? - só com o coração.
Aquele abraço que afaga a alma
passa ser expresso com os olhos.
Nunca se falou tão profundamente pelo olhar, já que o sorriso foi vetado por máscaras;
Os idosos foram guardados em uma redoma. Se antes o direito era pouco, agora quase nada;
Os profissionais da saúde se tornaram heróis da resistência,
tentando aplacar a fúria do inimigo oculto. Uma corrida contra o tempo...
Cientistas se desdobraram para encontrar a cura.
Um vírus que colocou em pé de igualdade, dentro de valas comuns, nobres e plebeus.
Vai passar!
E quando tudo isso passar
Que tenhamos aprendido que um abraço cura feridas da alma;
Que um sorriso destampado diz muito;
Que a liberdade é o bem mais precioso da vida;
Que a pandemia ensinou valores, não preços;
Enquanto isso ficaremos de castigo
Esperando que o pai nos tire do cantinho do pensamento!
Por Marta Souza Ramos