Coleção pessoal de MARQUESBUENO
“Triste felicidade”
Todos os dias me encanto com sua beleza, teu perfume acompanha seu sorriso, mesmo quando teu rosto emana certa tristeza.
Todas as noites me refresco em seus afagos, abraços, seu dia-a-dia contado com carinho, detalhando todos os passos.
Toda escolha mostra suas dúvidas, a brincadeira que é amar, a brincadeira de ser feliz, decerto estremece um belo sonhar.
Toda queixa vem acompanhada de afazeres, desejos abandonados, beleza ditada em versos, maldição que seca a rosa; sofrimentos belos, calados.
Observe àquela cena corriqueira, o mesmo fogo da lareira, a direção exata de quem ama não tem paradas; caminhos livres.
Observe a felicidade à sua volta, um pequeno gesto de carinho, um jantar a luz de velas; brigas do destino.
Deixe de lado conversas cansativas, rusgas orgulhosas, teu amor não é uma página virada, mas meu coração é apenas seu.
Deixe as peripécias do destino de lado, não é tempo perdido, vale muito mais arriscar do que planejar um caminho.
O amor é um pesadelo, um livro de folhas em branco, tentador, melancólico, assustador; um vício que não causa dor.
O amor é aquilo que se respira,o que você vê e te inspira,é doença que contagia; é viver.
“Teu espelho”
Tua imagem no espelho murmura algumas palavras de dor, outras de castigo.
Tua felicidade é o expoente, encarando seus fantasmas de frente, fôlego ausente.
Tua preocupação deu com a cara na porta, esgotando um sonho calhorda.
Tua espada deixou de cortar, os emaranhados da vida, hei de complicar.
Tua oração ao pecado criou um lago de constrangimento, vazio de vida.
Tua reserva de bom senso,amargou,apodreceu, teu respeito soluçou, depois morreu.
Tua falta de alegria refletiu a cara zangada; espelho de tua alma...
“Sua terra”
Não seja uma árvore com as raízes expostas e pouco profundas, crie vínculos com aquela que te alimenta e que te deixa de pé, a ingratidão é a letargia da alma, pense e depois agradeça.
“Nossos chefes, nossos bandos”.
Aqueles homens que dominam as situações, aquela massa que os aplaude ensandecidos, o orgulho de bater palmas para estas pessoas que nunca nos darão ouvidos.
Sejamos homens e também mulheres, não é a falta de opções que faz a mesmice girar e sim o medo de arriscar, o nosso bando se acovardou; perdeu a capacidade de pensar.
A dádiva de Deus, além da vida, é nossa inteligência, portanto não devemos desperdiçá-la, aprenda que a fronteira de nossa mente, não vai somente até o outro lado da rua.
Estamos cansados de nossos velhos chefes, idiotas palavras, estúpidos dizeres, o bando a qual fazíamos parte se tornou incompetente.
Agarramos com unhas e dentes a primeira oportunidade, sequer temos o trabalho de olhar para os lados; é o medo de agir, de preencher nossa mente vazia.
Um bando de idiotas marchando e cantando pela moda da televisão, a maioria apenas acompanha o cortejo de mentes mortas ou entregues a um sono profundo, perfeito ostracismo.
Nossos chefes estão se danando e nosso bando coitado, segue sem saber, cantando e sorrindo.
Existe sempre aquela flor que se destaca em meio ao campo florido é verdade, porém ela pode ser nossa, é só ter competência, vontade e não se acomodar com sua beleza distante; podemos tê-la ao nosso lado.
Nossos chefes precisam ser acordados, o bando precisa gritar uníssono, não precisamos ver passar a onda do mar, podemos nós mesmos fazer nosso ritmo.
“A arte de escrever poemas e poesias nada mais é do que manipular bem as palavras e fazer aquela palavra escondida se tornar bela e digna de alegria”.
“Amanhã não é seu dia”
Aproveite cada passo deixado na areia e que a onda do mar teima em apagar.
Alimente teu sonho com a realização, esqueça o orgulho desprendido de emoções; os ventos já não são mais tormentas.
Somos apenas mais um grito ecoando no vazio e o passar dos dias não será suficiente para nos engrandecer.
Tentamos de maneira contumaz deixar nossos sonhos para amanhã, varrer a poeira que sempre aparece para debaixo do tapete; problemas para um dia a mais.
Talvez não tenhamos o charme, deixaremos de ser elegantes e curtiremos a sombra a nossa volta dançante, o diário deslumbrante, um tempo que foi embora e deixou a história distante.
“A vida é um mar de decepções”
O que importa se ultrapassei todos os obstáculos, rompi barreiras, fiz minha história, abri aquela porta, se no final do meu caminho percebi que estava sozinho...
O que importa se todos os meus amores foram como flores, se meu sorriso veio acompanhado de dores, se no meu amanhecer faltou apenas o carinho...
O que importa ser igual ao seu amigo, ter pena de seu orgulho ferido, dar risadas forçadas, fingindo, invejando outra vez mais, um belo caminho...
O que importa ser solidário esperando a volta, doar suas emoções em troca de uma aposta, se alegrar com a miséria alheia, um desejo mesquinho...
O que importa esperar do dia uma nova prosa, se o pensamento é velho, latente e sem juízo, teimar e seguir em frente, caminhando quietinho...
“Triste cotidiano”
O desejo ardente e febril de ser notado por alguém chega a ser um drama de nosso dia a dia.
Pessoas comuns em disputa por uma atenção momentânea, um pedido de socorro para ser notado; uma questão de vida ou morte.
Expomos nossas vidas de maneira inoportuna e desesperada, nossos íntimos segredos falados aos quatro ventos, às vezes dizemos isto e nunca somos percebidos, mas a necessidade desta exposição infundada é maior e não tem preço.
Criamos crianças deseducadas pelos próprios pais, criamos também heróis de botequins; aquele que fala para mais se torna um deus ou coisa assim.
A futilidade se tornou nosso lema, é preferível ser um idiota com a cara enlameada por três segundos na televisão do que ser lembrado por um fato notável que não te levará ao ridículo.
Todos os dias e todas as noites erigimos seres patéticos e damos destaque à seus atos pueris,esta é a nossa necessidade,não importa se a fome assola ou o desemprego se mostra ali,a sobra que temos já satisfaz.
O que queremos é um medíocre barato em nossa televisão paga a duras prestações, assim o assunto em debate está preparado para o outro dia.
Nossa vida é falar da vida alheia, indignar-se com um fato marcante, já torcendo por outro ser ainda mais impactante.
Hoje em dia a desgraça é tratada tal qual um romance e nós; os imbecis tolerantes sem opinião reclusos na nossa estúpida capacidade inoperante.
Assinado por mais um grande Idiota
“A doença que não tem nome”
É aquela que me consome e que faz brotar as lágrimas quando digo teu nome.
É aquela que me distrai quando estou sereno procurando saber um pouco mais o que te atrai.
É aquela que ronda a certeza, exalando a pureza e demonstrando a perfeita destreza.
É aquela que procura ouvir demais a sua natureza, esquecendo a mais terrível impureza.
É aquela que um dia foi capaz, deixou para trás, ouviu os receios; desejos secretos daquele rapaz.
É aquela que chega sem medo, não escolhe o dia e muito menos se preocupa em fazer carinhos em seu sofrimento; conhecida nossa que chega bem cedo.
O que sei é que a saudade corrói como nada no mundo é capaz.
“Minha pequenez”
Não me sinto tão imponente quanto aquela árvore centenária, mas sei que tenho a firmeza de suas raízes.
Não sou insano de pensar que posso enfrentar as ondas do mar, mas sei que em um canto quietinho, as suas águas podem vir me molhar.
Não arrisco escalar as mais altas montanhas e seu vento cortante, mas sei que sentado eu posso espiar as nuvens escondendo aquele pedaço de terra estonteante.
Não pretendo enfrentar um amor de braços vazios, deixar flores caídas do lado de fora, mas quero sim te dar um mundo perfeito, o tiro certeiro e fazer transbordar de amor o seu coração, deixando de fora qualquer mínimo defeito.
“O brilho do sol”
Resgatou o fio de esperança, a navalha na carne que fora minha lembrança.
Respeitou um pedido de misericórdia, levando para longe aquele triste dia de discórdia.
Iluminou o meu orgulho caído, deitado, esquecido, saciando a fome daquele que um dia andou desiludido.
Floresceu a força que nunca atrapalha, criando braços valentes dispostos àquela mitológica batalha.
Levou de repente a noite serena, palavras amenas,a lua que o céu iluminava,deixando uma fala pequena.
Lapidou aquela jóia barata de outrora, dando valor a pequenos pedriscos, detalhes perdidos; o vento lá fora.
Transformou a nascente por detrás daquelas rochas e hoje corro livre e desfaço as amarras de meus pensamentos.
“Aproveite seus dias”
Devagar se passam os anos e veloz vai-se o tempo.
Os dias de outrora insuficientes, dão agora lugar a apenas dias.
Corre-corre corriqueiro, pega-pega sem parar, já hoje meus passos são pequenos.
Um pedaço de bolo caseiro, a teimosia a enfrentar, são lembranças de lá atrás.
O riacho que brincava e os frutos das árvores que achei; hoje acho que esta herança não deixei.
A fogueira abre a noite, a bebida a esquentar, as estórias sem ofensas, uma noite que não pode terminar.
Desprovido de malícias, sem orgulho e sem rodeios, apenas crianças felizes recitando suas alegrias.
O respeito nutre a alma, a escola da vida também pode ensinar; tudo é fácil aprender, quando não se quer brigar.
Os dias vieram e virão, cabe a cada um aproveitá-lo como quiser, não sendo maior, ou sendo incapaz de entender um desejo; apenas deixe o dia te encantar, o resto é fácil de encarar.
“Preciso de sua inocência”
Não quero nada de paixão desenfreada, não preciso disto para minha cabeça.
Um sorriso destemido, um aceno sem apelos, um rosto ruborizado, este é apenas meu desejo.
Não espero uma noite ardente e nada mais, quero ser muito mais que seu companheiro.
Um aperto de mãos para as pernas bambear, um abraço e o coração em desassossego e um beijo então; acho até que não preciso nem falar.
Não quero um amor insano, frases de engano, o que peço é apenas a singela forma de amar.
Um momento que não volta jamais, a inocência ficou com o tempo, mas sei que seus olhos posso fitar; e a inocência então eu tenho.
“Mar de devaneios”
Uma alegria me consome tal qual como a qualquer homem.
Uma alegria me escapa tal qual aquela velha trapaça.
Uma tristeza me contempla tal qual a risada que desrespeita.
Uma tristeza me tentava, tal qual uma fera enjaulada.
Uma alegria me persegue, tal qual a fala que enaltece.
Uma alegria me transforma tal qual a bela jovem que espera seu romance agora.
Uma tristeza me causa mal estar, tal qual a fruta estragada no pomar.
Uma tristeza me respeita, tal qual um silêncio sereno à beira do mar.
Uma loucura disse sim, do outro lado a realidade mostrou seu não.
A onda levou meu sonho sim, trazendo a tona outro sonho em vão.
“Desafio”
Desafio você a enfrentar seus medos, esquecer a noite mal dormida, as coisas que te desagradam, enfrentar o dia que seu pedido foi um não.
Desafio você a esquecer o motivo de nossas brigas, a esquecer o dia em que me viu sozinho caminhando por aquela rua vazia,chorando perdido.
Desafio você a querer mais, sonhar o impossível, acreditar, deitar de mãos vazias e acordar recheado de magia, bondade; uma ode a cada novo dia.
Desafio você a esperar aquilo que te contagia,não teremos o tempo que já passou,peça o tempo que te resta, aproveite demasiadamente sua vida.
Desafio você a ler a carta daquela despedida, não derramar lágrimas, ser feliz no adeus de outro dia, ter seu momento de paz, espere, viva.
“Quero apenas amar”
Aproveitei os dias em que você não estava,
Brinquei de forma inocente, queimei mais que minhas mãos,
Aprendi a te respeitar, não quero provar a dor de outro dia,
Tolice é querer mais, enquanto do meu lado tenho vida,
Alguém mostrou que sou capaz, meu coração é seu por toda vida,
Leis e ordens acatei; as chaves da minha liberdade é você que trazia,
Honestamente errei demais, perdoe este homem tolo, pecador contumaz,
Amanhã não será esquecido o erro, prometo que irei mudar,
Desculpas repetidas não trazem alegrias,
Apertado fica o coração quando um beijo não vem mais,
Volta agora e desculpa este incapaz, cara errado que quer sua alegria,
Impensadas vezes engoli as palavras que queria te falar,
Deixo você saber que te amo hoje e há dias atrás,
Amar você é coisa fácil, respirar você é meu dia a dia.
“A promessa”
Escrevi uma carta com um pedido meu, esperei uma resposta de um sonho que se esqueceu.
Ouvi murmúrios atrás da porta, palavras tortas, depois se perdeu.
Detalhes de uma promessa grandiosa, a maior aposta, uma noite formosa.
O sol deu um sorriso por detrás das rochas, o vento esperto riu de maneira frondosa, a noite bateu palmas a este apogeu.
A mim restou felicidade despretensiosa, não mais aquela velha nota,a promessa enfim apareceu,deixou barato a discórdia, um caminho meu e seu.