Coleção pessoal de MARQUESBUENO

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“Para depois...”


Sonhar é adiar teu desejo para amanhã, portanto não viva apenas de sonhos, realize.

Minha bebida

Minha bebida não é o néctar dos deuses, é apenas o que me consome... o teu amor.

“Ninguém”

Eu traço planos, não sou insano, quero um abraço para calar as vozes dolentes.

Eu tramo meu intento inocente, não quero pedidos clementes, queria mais que um amor envolvente.

Eu tranço seus cabelos, mas não os tenho em minhas mãos, graciosa manifestação vazia.

Eu trago seu pedido de misericórdia, tramóia insipiente que faz todo coração sepultar um amor.

Eu traio muito bem e não perdôo ninguém, insisto até matar minha alma perenal.

Eu trabalho de maneira incessante, procuro não ser insignificante, inserto está meu coração; orgulho, desilusão.

Eu transpiro enquanto sonho contigo, meu limiar de palavras é inexpressivo, ultraje apenas comigo.

Eu transmito em meu olhar tua sensação de dor, divina comédia que não passa; contagia.

“Palavras que não devem ser faladas”


Adeus...
...a despedida já é maculada por uma profunda dor, quem diz adeus perde um amor, o sorriso que murcha a flor, estandarte de horror, caminhos que representam extremo torpor.

Te odeio...
...um coração a beira da morte, sei que minhas palavras não estão escondidas em um sacrário, mas odiar alguém é muito forte, brisa leviana que acompanha a morte.

Não te amo...
...teu amor pode não ser perfeito, só não tente magoar quem ama inocentemente, trabalho árduo é fazer crescer um amor dormente, nunca diga algo capital, martírio carente.

Perdão...
...se tuas palavras se limitam a apenas perdão, desculpe, mas você perdeu parte de seu coração, perdoar é divino, não pertence a você, ame com juízo, não pretenda entender.

“Ausência daquela canção”



Meu erro maior, talvez,foi falar em demasia, tentar ser o melhor, viver uma vida que não existia...

Teu pedido em dó maior ecoou bem alto, até onde não devia, o aglomerado de conselhos era o que eu temia...

Meu destino é bem pior, sou grato pela casa vazia, minha estigma é bem maior, lesiva estória feroz...

Teu caminho para vida é um campo florido, o meu é a noite sombria, teu arco-íris talvez não seja capaz...

Meu lampejo de bondade, não sorvia, não queria, faltou tua companhia, escravo de alma lavada, nada mais sorria...

Teu sossego tem hora marcada, alguma palavra colocada para mais, é execrada, é heresia, o silêncio nunca serviu para nós, suprimia...

Meu pecado maior é que eu nunca insistia, chorei, sorri e esqueci, coitado de quem imaginou vida parecida...

Teu desleixo era o que menos me batia, tua razão era absurda, o que eu queria não cabia, engoli várias batalhas...

Meu martírio é olhar para o espelho, o que consigo ver não me atrai, pequenos pedaços de nada...

Teu amor não é doentio, muito menos varonil, é apenas uma falha perfeita, um olhar que não aprova, tardes sem apogeu...

“Descansar”



...a fala traída pelos anos de amor derramado,tempo perdido.

...a decadência de seu ensaio de desculpas,tépido bate papo.

...a transparência ofuscada pelo descaso das frias noites em claro.

...a perdição que te implora e que nunca vai embora.

...a comovente espera de paz,detalhes ás vezes tão esquecidos.



...o pôr do sol que tantas brigas deixou de iluminar.

...o suspirar que traz dor à memória,particularidades nada envolvente.

...o apreço que desconheço,oriundo de um mal querer qualquer.

...o desassossego que acompanha tua voz,sussurros deixados ao léu.

...o cansaço perpetrado pelos erros maiores,pequena é minha aflição.

“O meu jardim está repleto de flores...mortas.”



Alvitrei sobre tua escolha e também sobre as folhas que você pisava,os espinhos em que seus pés fincavam,a dor que sua alma dizia.


Busquei amenizar a chuva que caía pesada sobre seu corpo cansado,enxugar o suor manchado de sangue,o suplício silenciado,morte que não tem nome.


Conquistei um pequeno pedaço de grama,plantei as flores e as joguei em cima da cama,logo tuas flores murcharam,insculpi as lembranças tarde demais.


Desisti de ouvir tuas preces,tolice foi acreditar em palavras vãs,sorrisos que não diziam nada,lágrimas que não caiam,rixentos se tornaram nossos dias.


Esperei inquieto seu despejo de palavras inapropriadas,sua fúria comigo por nada,finito momento de paz,padecendo de modo consciente,ouvindo injúrias reais,tolerantes trejeitos.


Felicitei quando a casa dos sonhos terminei de pintar,as cores não agradaram seus anseios,tristeza achei que era pedir demais;além disso,quero sossego.

“Vida triste feliz”


Não tenho a calmaria do singelo lago que reflete o brilho da lua; a brisa que sopra refrescando a pradaria não abranda minha fogueira das vaidades.

Tenho meus instintos assassinos, logo a única morte que consigo é de minha felicidade; não sou infeliz com o que tenho, sou infeliz por ser assim.

Não quero uma luta armada contra uma vida normal, os anjos anunciam um confronto inevitável; toda minha vitória é uma glória incapaz, chuvas sangrentas, pesadelos doídos.

Quero protrair meu desespero antes do nascer do sol, estou acostumado com a vida rompante, pedidos incessantes que atraem músicas para os amantes; sonhos delirantes demais.

“Tua morenidade”

Tua beleza não é uma arvore frondosa, não é tão imponente quanto o arco-íris, não é a última flor do mundo, mas é inocentemente única.

Tua beleza é algo que me consome, seus cabelos ora molhados, ora secos, ora trançados, ora presos, agarrados ou acarinhados é meu infindável afável sossego.

Tua beleza é algo reinante, seus olhos repelem todo mal, seu sorriso é exuberante, sua boca é a seca triunfante, teu rosto é perfeito, eletrizante.

Tua beleza não é a lamparina que se apaga,não é o fogo que se consome,é a alma representada; anjo que não tem nome.

Tua beleza é algo que não tem lei, é assalto de forma clara, é decifrar um escrito antigo, é um sonho casto, acaso sem perigos.

Tua beleza é algo pintado por Deus, linhas escritas pelo mestre das obras sagradas, afresco cegante à olhos incautos,horizonte sem fim,detalhes só meus.

Tua beleza não tem nome, como falado, é repleta de sobrenomes, e teu corpo é aonde me perco e esqueço até de meu nome;tocante.


Para você não se esquecer, minha vida, minha pequena; não sei e talvez vamos saber, mas seu rosto está ainda mais lindo, alegre e radiante.

“Obrigado”


Obrigado por acreditar em minha frágil palavra, segurar minhas mãos enquanto o mundo lá fora era apenas uma risada, pouca magia.

Obrigado fora meu sentimento,quando precisei ouvir muito sermão, histórias mal contadas sobre minha vida, águas que nunca se tornam passadas.

Obrigado por tolerar a primeira lágrima derramada e por enxugar o mar que caia; murmúrios não dizem nada, olhar quieto extasia.

Obrigado percebo que continuam sendo meus passos, um caminho atravancado, não tenho espaço, os portões estão acorrentados, as frases também, arrasadas.

Obrigado pelo nosso primeiro abraço, mesmo que a gente nem podia, o beijo na praça foi o fio da navalha, correria.

“Nunca satisfaça todos os seus anseios, pois assim a esperança você pode cultivar”.

“Trapaças”



Posso confirmar que tua incerteza e com minha convicção, que por amor já fui um exímio trapaceiro.


Posso afirmar que a dor que resisti e meu momento hesitante, deixaram minha alma dilacerada, encontros trapaceiros.


Posso confirmar que minha decisão que nunca foi unânime, deixou de ter razão, singelo aposento, sofrível trapaceiro.


Posso afirmar com toda distinção, que o mar não é perfeito, tampouco a noite escaldante, detalhes trapaceiros.


Posso confirmar que a clareza de seu beijo, ofusca e faz envergonhar até o mais prático trapaceiro.


Posso afirmar que o dom que Deus me deu é mero faz de contas, alguns resgates trapaceiros.


Posso confirmar que tudo que plantei foi regado com a mais pura água, enganando um fiel trapaceiro.


Posso afirmar que o mal é envolvente e dele difícil separar, nada convincente; escusas descuidadas, carinhos trapaceiros.

“Tolice”


Pode ser: aquela briga inacabável, a raiva desprendida, soberba como última palavra, desadorar teu sentimento, celebrar um embate, um dormir bravio, a jura acabada, noite iniciada terminada, teu castelo arrasado.


Deve ser: chorar ao vento, brigar consigo; sofrer em seu poetizar, não ter ninguém para agradar, felicidade em desassossego, um silencioso conflito errante, aquela brilhante estrela distante, a fadiga dançante.


Pode ser: cantar sem nenhum ardor, tentar falar e não ter seus braços, inglório pedido de misericórdia, cândido erro sem nenhum propósito, angariar lamentos, obsessão de maneira pálida, suplício abandonado.


Deve ser: viver esperando uma palavra; delonga em caso de desculpas, empunhar uma arma inofensiva, saudar de maneira solene a solidão, tentar ouvir o pedido, um chamado execrado, exímia distração.


Pode ser: tachar de inocente quem comete o pecado, regar a terra morta pelos seus passos, uma carta desprovida de interesses, escapar de um destino premeditado, agradar um vicioso segredo.

“As flores”


Como não falar de seu perfume perene, inebriante presente, dádiva encantadora, desordem inocente.


Como não falar da alegria de seu desabrochar, abrindo os braços para encantar.


Como não falar do encanto que elas dão aos pássaros, sublime canção inolvidável.


Como não falar de sua lembrança em datas festivas, uma rosa, um beijo.


Como não falar das primaveras, histórias cativantes, juízos perdidos, amantes felizes, belos romances.


Como não falar da sua eminente beleza, pedaço do céu, pacato trabalho, nobreza.


Como não falar das flores, se foi através delas que descobri seu nome.

“Apenas”


Amar...

...como se isto fosse inocentemente uma singularidade, uma divida com os sentimentos, garboso encontro da flor com o espinheiro.


Beijar...

...como se isto fosse singelo, não ardoroso, outras vezes vergonhoso, exatamente isto, o desejo declamado, indeciso, fogo sempre vivo.


Chorar...

...como se isto fosse plausível, honestamente a lágrima caída é um desperdício, é a poesia lírica de um suplício.


Desejar...

...como se isto fosse satisfatório, chamar sem vozes, árduo esculpir de pedras maciças, viajar sozinho, abraçar um retrato longínquo.


Esquecer...

...como se isto fosse melodioso, sangue insistente, dores freqüentes, impenitente, um segredo desbriado, alegria deixada de lado; amor diferente.

“Ensaio de desculpas”

Astuto rapaz, nunca se achou muito capaz, insincero em seus pedidos, a labuta não é igual a sua fala manhosa.

Brilhante quando pede algo, possui o dom da adivinhação, sua faceta é faiscante, seu intento é o desejo mais insignificante.

Cinismo oculto em uma frágil casca de madeira, tropeços naquilo que enxerga demais, parodiando a carne humana sem nenhum constrangimento.

Dadivoso pelos seus interesses, estragos ordeiros, perigoso enquanto cavalheiro; imaculado brincando de machucar inocentes, indecoroso quando se colocava a pensar.

Erudito sem condições de ensinar, luta medonha que só faz esbravejar, seu altruísmo ficava muito além, pequenos retalhos, toques aquém.

Fiasco de fato como homem ausente, sua insônia não fora por escolha notável, perfeito fracasso, nunca será um orgulho louvável.

Grandiosas foram as tentativas, admirável sua ousadia, incapaz de pedir desculpas, transfere sua culpa e para finalizar, nunca alega loucura.

Homenagens para si, festança solitária, seu erro era incolor, a linha que divide sua vida fora amparada meramente pela dor.

Indolentes pedidos sangrentos de paz, amordaçado nunca fora por seus pais, descomedido, contudo com algo na mente, murmúrios sofríveis, dementes.

Justa foi sua escolha, sofreu à margem, nunca à sombra, sua vontade fora tenaz, faltava apenas uma coisa; tentar explicar.

“Simples melancolia”

Arrebatado pelos dias chuvosos, choros na varanda; um dia já foi assim...

Encharcado pela mórbida tristeza, entregue ao mal; um dia já foi assim...

Iletrado sem sentimentos, memória falha, soletrando traços; um dia já foi assim...

Odiento sem distinção, sofrimento saltitante do coração; um dia já foi assim...

Um olhar sereno, pensar insidioso, rogar duvidoso; um dia já foi assim...

Abnegação displicente, um desejo vingativo disfarçado, presente; um dia já foi assim...

Efêmera sensação de paz, alegria pequena demais; um dia já foi assim...

Indefeso por sua escolha, covardia sem cores; um dia já foi assim...

Orquestrando sons imaginários, batidas estridentes na carne; um dia já foi assim...

Ultrajado já foi meu nome; hoje estou livre, não sou mais assim.

“As diferenças”

Sem lugar a mesa não queria um jantar a luz de velas, nunca fui muito eloqüente.

Minha vida é simples, apenas um cigarro de paia, um prato modesto sacia a fome danada.

Os brilhos, as luzes que ditam sua jornada, ofuscam a chama do meu lampião aceso.

O brilho da lua norteia a jangada, o pedaço do sol comprado por ti; desprezível sorriso.

Seu mundo é a vida largada, o meu é a alegria do simplório canto da cigarra.

Seu carinho é uma folha sem nome, teu apreço descartável, tortura àqueles dias de entrega insensata.

Meu pequeno vilarejo, nunca te disse nada, os monumentos à porta de sua casa; degraus pequenos...

“A província”

O lugar de onde venho não remete ao paraíso, venho de um passado abjeto cor de anil, lugar nada valente, esperança que ruiu.

O passado exigente foi embora e se partiu; um olhar ávido e latente fez história se iludiu, junto de seu recado fútil, insistente.

O pouco conhecimento que possuo não foi capaz de atropelar meu desconforto, a ferida existente do segredo rancoroso, enfim tomou outro rumo, ausente.

O legado de ambição que não pedi em testamento, teve sua desforra desobediente, suplício sem demora, marcas dolorosas que povoam uma mente decente.

O vínculo da terra com minha gente se perdeu após mais um singelo luar, vergonha que macula a alma, imagens que fazem chorar.

O gorjear dos pássaros foi esquecido, urdido; um labirinto de maledicências, queimados tal qual um galho verde, estrago duradouro, pedidos de libertação, deprimentes.

O passeio fez aceder o que meus olhos teimavam em não enxergar, o riacho perdeu a vida, a floresta apenas fotos ou desenhos feitos a giz, uma lembrança ensaiada, infeliz.

O meu trabalho é oriundo do suor de meus passos, nunca ultrapasso a fronteira do descontrole, desejei por muito tempo saber seu nome; infelizmente não descobri, talvez culpa da fome...

“ DEUS NOS DÁ DE PRESENTE CARTAS MARCADAS, ENTRETANTO SUA SEQUÊNCIA PODEMOS INVERTER.”