Coleção pessoal de MARQUESBUENO

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“A decadência de um poeta”




Hoje ao acordar abri minha já combalida janela e fui observar o belo campo florido que avistava todos os dias ao pé da colina, ao invés disto percebi que agora meus olhos me mostravam apenas flores e nada mais sentia.


Meu velho tic-tac deixou de ser melodioso; sem minutos esperar o café que fui tomar passou a ser insidioso.

Minhas rimas já não são profundas, não consiguo mais sonhar, fértil loucura, e meu sono é incapaz de te encantar.


Ontem á noite percebi minha mente querendo descansar, o pequeno girassol fora arrancado, morta a candura; a lua se escondeu, as estrelas se envergonharam, o seu canto também emudeceu, a brisa não me trouxe nada, de fato, tudo se perdeu.


Quero abrir os olhos e ver que minha arte não foi embora junto da florada, pedir o fim desta heresia...

“Vida simples”


Sujeito aos tropeços de uma vida iniciada com os conselhos de sábios inconseqüentes, traduzindo frases cada vez mais obsoletas e apimentadas de vícios vazios.
Trapaceando com quem nunca ninguém conseguiu enganar, ultrapassando pequenos espaços que sua mente não viu e o que viu ninguém lhe pediu.
Uma vida repleta de crises e mesmo assim vou sorrindo, estragando tudo que fora planejado e ainda assim conseguindo o que se imaginou, ou seja, um fim.
Um bom dia a tudo que se criou, uma vida sem atrativos, uma vida em dissabor, desenhos incolores, assim vou partindo.
Não quero a vida de um desgraçado, não quero uma vida bandida, quero apenas poder respirar, ter domínio de meus dias, cantar e poder ser ouvido, chorar e esquecer do martírio,gritar e ouvir vários xingos.
Esta é uma vida exemplar, não peço nada demais, espero apenas paz e alivio.

“Precioso segredo”



P reciso de perdão, mas não de amigo;

R eceio tudo ter sido em vão, belo castigo;

E spero pra te dar a mão, sinto perigo;

C aminho pela contramão, busco um artigo;

I nsisto nesta direção; estou perdido contigo;

O vento muda a estação, quebrando o trigo;

S audades não aprecio, vem ficar comigo;

O uço apenas uma voz que vem do velho jazigo;




S ugiro uma distração, lindo rosto sorrindo;

E scondo de meu coração, mas estou partindo;

G aroa é meu choro e meu corpo vai caindo;

R ebato teu sentimento e assim continuo fugindo;

E stou sofrendo por amor, um dia acabo não resistindo;

D oi saber o quanto se ama, finjo estar dormindo,

O segredo é sabido, não escondo de ninguém o que vou sentindo.

“Meu pássaro”




O meu pássaro não é uma águia e também não é um falcão, não é uma ave de rapina tampouco a fênix da canção.

O meu pássaro é erudito, não diz nada sem razão, é tão belo e emotivo que supera qualquer coração.

O meu pássaro é ave rara, não quer poleiro, gaiola e nem um tipo de prisão, voa longe e volta sempre para casa, é o presente da estação.

O meu pássaro hipnotiza, com seu canto alegra o mais duro coração, cura todas as mazelas, seca a lágrima sem razão, é manhoso e não tem pressa, é somente inspiração.

O meu pássaro não tem rosto e não tem nome, não sabe mentir e nunca há de desistir, é feroz e companheiro, cuida com juízo de sua plantação.

O meu pássaro veio de longe solitário, era triste que dava dó, alegrou-se com o carinho, recuperou as forças de mansinho, é contagiante sua disposição.

O meu pássaro é viajado, já viu dor e muito sangue, já se viu em muitas batalhas, já venceu até a morte, sem saber se tinha sorte, continuou sua canção.

“Algo que possui seu valor”





De que adianta uma palavra que cai ao vento, de que adianta ouvir a repetitiva velha canção, se o vento gelado é tormenta e a canção é apenas adereço de inútil decoração.

De que adianta ouvir ordinário elogio, de que adianta ouvir caprichoso, sermão se o elogio é uma farsa banida, nada vale teu tristonho sermão.

De que adianta apoiar a cadeira quebrada ao relento, de que adianta romper a madeira de tua imaginação, se a cadeira não te acomoda e a madeira partiu-se com as mãos.

De que adianta colher as flores, de que adianta pedir perdão,se as flores já estão mortas e se a falha não tem perdão.

De que adianta transpirar velhacos desassossegos, de que adianta ansiar por momentos irrisórios de inspiração, se o desassossego é uma dúvida consigo mesmo e o ilustrado lampejo de inspiração dorme sem acalento.

De que adianta satirizar a noite em que esquecemos de dar risadas, de que adianta muita confusão, a vida não dura nada; utópica convicção.

“A vida não é um livro de perguntas e respostas, a vida é aguardar e a cada instante se envolver em seus mistérios”

“Apelo por amor”





Quisera eu ter várias vidas para quem sabe amenizar o profundo estrago e a marcante decepção que é minha vida...

Minha vida é a pior possível, parece que sou regido pelos maus pensamentos, ingratidão não é apenas pressentimento, ás vezes...

Ás vezes o anestésico era para durar alguns instantes, hoje perdura indefinido, pior mesmo é o marasmo acobertando minha alma...

Minha alma; sim, já fora lavada, entretanto com sangue, acordei durante nossa mais bela discussão, ouvimos uivos distantes, algo insignificante...

Algo insignificante é nossa fala estonteante, um desnecessário tapa no rosto, destruindo toda paixão, deixando perdida entre nuvens a lua...

A lua deixou há tempos de chorar por nosso amor, já não sei mais a quem pedir perdão, desculpas senão.

“Somos errantes distante dos olhos e ausentes quando falamos do coração”

“Alma sem inspiração”




Perdi a maneira de falar do amor, como conduzir uma paixão, deixei de pensar em acontecimentos, não lembro onde escondi minha inspiração.

Perdi a fome de escrever-lhe cartas compridas, minha imaginação não consegue me erguer do chão,lamento,queria muito mais que redenção.

Estou me sentindo como um soldado sem comando, sequer sei qual inimigo devo enfrentar, minha munição acabou, batalhei sem ter alguma devoção.

Estou desencantado com as arestas que plantei em teu coração, nunca ousei cobrar do destino, acho ser ingratidão; falta-me a vocação.

Testemunhei a morte da paixão, também sorri aliviado, claro que disse não, os ouvidos escutam muito mais que a maré, muita conversação.

Testemunhei o rompimento das barreiras de seu coração, ofereci afagos, simples dedicação, mas sua sangria era descabida, nunca fui uma boa solução.

“Santo ou demônio”




Atitudes tão estranhas, sentimentos sem fim, solidão como forma de alívio, busca vaga, uma estrada sem leis.

Busca inacabada por aquilo que se perdeu, um longo período de marasmo, só não chore desta vez.

Cavalgue pelos mais penosos caminhos, a chuva e a tempestade ás vezes podem trazer um amor; suspire.

Demônios têm o dom de perturbar nossas almas, a sua flor é recheada de espinhos, tormenta distante.

Espreite a batalha insuperável, o inferno é uma bela canção e teu paraíso está apenas em construção.

Fundamental é acordar e sentir-se bem, não importa o mal que se fez; errado outra vez.

Generosos são aqueles que enxergam um pouco mais com o coração, homens castos, defeitos que emanam soluções.

Harmoniosas são as palavras que curam as dores, não possuo esta felicidade, minhas palavras murcham a flor.

Insistentes foram os romances, exigentes as decepções; tanto faz um abraço ou um sorriso, nunca tive noção.

Jeitoso quando acaricio com minhas mãos, jubiloso quando digo não, justiceiro ou não é apenas escolha; opção.

“Arrependimento”



Foram inúmeros erros, grosseiros, letais e arteiros, só que o tempo esperou sorrateiro e hoje se mostrou implacável, nunca um arrependimento fora tão hesitantemente profundo.

Eu que sempre me achei muito esperto, veloz e austero, cai na mais barata armadilha, um emaranhado de acontecimentos, percebi então meu dom...auspicioso idiota.

Uma celebração solene, uma pausa da natureza, os olhos do mundo voltados para esta data, todos celebrando alegremente, e eu estupidamente o intruso muito indecente.

As magoas que deixei, os choros que causei, os anos contribuíram para o esquecimento e hoje recebi todo este peso...meu primeiro acerto de contas.

A alma que nunca foi crente hoje sofre mais que meu inabalável orgulho, a dor de minha estupidez não consegue arrancar sequer lágrimas do coração.

Um sentimento amargo, um veneno que mata aos poucos, os sentimentos vão se apagando, e o veneno te consumindo; o brilho da lua...sem valor.

“(In) feliz”




P obreza incrustada no coração;
R eceio de sofrer desilusão;
O nisciente, tolo por opção;
F uturo incerto, mera insatisfação;
U fano, mesmo sem visão;
N avalha na carne, incisão;
D ilúvio repetitivo, velha situação;
A lívio vexatório,singela inquietação;
T aciturno, nenhuma simples canção;
R espeito inato, nunca perdão;
I gnorante em certa ocasião;
S aciado na palavra paixão;
T alentoso, sequer causa exposição;
E scrúpulos atormentados, errada dedicação;
Z ombando sempre, costumeira degradação,
A lvoroço da alma, alucinação.

Declaração de amor

Quando te vi pela primeira vez, logo imaginei tratar-se de um sonhar, enfim, pedia a Deus para não acordar. Sei da imperfeição das minhas palavras, a tristeza que em mim não diz nada, é tua insônia imersa em melancolia. Quando sorri pela primeira vez com teu abraço, não imaginei que você havia tomado meu coração, sentimentos puderam enfim suscitar. Sei que meus olhos não viam com bom coração suas amizades inominadas, acho que é o ciúme que me contagia. Quando te brindei com uma canção, a página da tristeza virou em meu coração, minhas decepções não preciso mais recordar. Sei que as promessas foram desmedidas, acho algumas delas heresia, te amo mesmo que se perca a fórmula desta magia. Quando disse que a parada é perfeita da batida que não para, foi simplesmente falar de teu amor, sempre sonhar.

“Enfim um pouco de paz”



Hoje tive paz, meu transtorno desapareceu e não foi delírio, acho até que Deus ouviu meu suplício, meu mais profundo desejo; o silêncio é a benção de minha paz esquecida.


Posso dormir e não ter hora para acordar, nem mesmo o sol poderá impedir, será um dia para se fazer histórico, os minutos e as horas não podem me alcançar.


Hoje o único fragor é o de minha tranqüila respiração, o alívio de meu coração; as portas não serão abertas e o choro não virá me incomodar, uma batalha vencida.


Posso planejar meus passos sem tropeçar na estúpida repetição, a casa está repleta de calmaria, achei até que isto nunca mais existiria, tudo que fora meu simples pedido, pude encontrar.


Hoje a vida me deu seu sorriso, um estilo incomum, mostrando o dia não ser comum, vícios e caras fechadas não mais fazem parte de minha jornada; obrigado nova vida.

“A carta que queria o recomeço.”




Hoje imaginei um dia para recomeçar, esperando o sol gelado do inverno, na esperança de que ele esquentasse meu gélido coração, tirando-me deste cruel desespero.

Tudo o que queria era apenas dizer amo você, sem receio de falhar, sei que caminho longe da perfeição, somente pretendia não mais perder a direção.

Acabei de ser o responsável por fazer verter em seu lindo rosto aquela lagrima de sangue, meu obcecado vexame, ultrapasso o respeito que é seu nome.

Recomeço os dias contando quantas foram as noites, quantos momentos de descontrole,tempo perdido que à alma some,iludindo o destino,cão ferino,reles madrugadas.

O banquete que preparei para nós serve agora apenas para alimentar os vermes, teu singelo desprezo latente encontrou minha escuridão, afogamo-nos no choro sem convicção.

“Perguntas, estúpidas perguntas”

Você é feliz?
Talvez sim, só não diga a seu coração.

Você é eterno aprendiz?
Talvez não, espere outros dias para ter razão.

Você é dono de si?
Talvez sim, as pessoas não enxergam esta situação.

Você faz feliz seu coração?
Talvez não, a vida não mostrou esta opção.

Você possui sua liberdade?
Talvez sim, somente não digo isto com convicção.

Você torce seu nariz?
Talvez não, aprendi a viver sem alguma emoção.

Você acredita no que diz?
Talvez sim, sou exímio trapaceiro, nada de solução.

Você aprendeu aquela canção?
Talvez não, a vida fora corrida, descomedido trovão.

Você alguma vez sorriu?
Talvez sim, não de descontentamento, pedindo somente explicação.

Você nunca partiu?
Talvez não, nunca estivera presente, garoto sem compreensão.

“Para a vida e para a morte não existe linha tênue”

Nunca existiu alguém que viveu, mesmo estando morto seu coração,os tropeços que a vida nos dá,é um contexto sem explanação.

Sempre existiu aquele coração que batia em descompasso, catando as migalhas de alguns abraços, acanhada felicidade, nada de desassossego, somente noites geladas.

Nunca persistiu em busca da verdadeira explicação, talvez os sentimentos fossem de brinquedo, estúpida canção, tudo esconde o tempo, dias sem compaixão.

Sempre persistiu de maneira errônea, arrogância em traços fortes, o orgulho era algo sem nome, riacho vazio, extrema fome, vozes perdidas, caladas.

Nunca entendeu porque os erros eram sua tônica, respondia de forma irônica, palavras que levam seu par à forca, tudo sem solução.

Sempre entendeu que sua vida não vinha do coração e que a morte tão vislumbrada, era suma decepção, nada como vidas trocadas.

“Contagiante indisposição”



Já não sei mais o que causa minha dor, estou cansado de acordar todos os dias receoso de perder as horas, o café não tem aquele gosto do feito por minha mãe.
Estou refém do repetitivo tic-tac, as cores antes cinzentas se tornaram incolores, a rotina tornou-se minha desgraça, algo que nunca alivia.
As caras não fitam minha cara, os sorrisos são de descontentamento, as brigas há tempos deixaram de ser glamorosas e o ponteiro do relógio continua mandando e valendo.
A minha família é artigo de luxo na prateleira da loja cara, apenas uma vez consigo certo tempo, estou indisposto e com ingratidão,não sei o que quero,sigo apenas naquela mão.
Tudo de fato é a mesmice que cerca a nação, nunca pedi uma vida controlada pelas horas, mas o que tenho é o que agradeço, o vírus contagia sem tempo nem hora, apenas distrai com seu contratempo.
O fôlego que tenho não é o de dias atrás, acho até um exagero,trôpego vão os anseios de minha jornada,a jangada que um dia falara,afundou,levando junto meu aconchego.

“Perdoa e desculpa meus erros”

É um desacordo errar, machucar, fazer com que escorram lágrimas, entristecer tudo à sua volta e em um joguete de palavras simplesmente pedir perdão.

É um respirar sem fôlego, é engrandecer um simples transtorno, é saber magoar sem qualquer esforço, é ser astuto e simbolicamente pedir candidamente, desculpas.

É um velho desconforto, é suscitar sofrimento novo, talvez viver coligindo tombos, apontando as cicatrizes no velho corpo, novo pedido sem distinção, cordialmente, perdão.

É um destino esparso, caminhando atrás de alguns passos, é a prece que não vem do coração, é a falha conhecida, teimosamente pedindo desculpas.

É um livro que não faltam paginas, estão sem escrita, vêm apenas assinado desculpas e perdão, algo lastimável, passível quiçá um dia, de solução.

“Não te deixarei”



Mesmo que as tempestades assolem meus caminhos, não te deixarei.


Mesmo que os dizeres de maldade prevaleçam, não te deixarei.


Mesmo que os presentes sejam flores mortas, não te deixarei.


Mesmo que as dores batam à porta, não te deixarei.


Mesmo que os erros sejam sempre calhordas, não te deixarei.


Mesmo que os dias derramem todo mel, não te deixarei.


Mesmo que as risadas fossem numa nota, não te deixarei.


Mesmo que os pedidos se tornem dolentes, não te deixarei.


Mesmo que os medos se tornem freqüentes, não te deixarei.


Mesmo que as magoas explorem a gente, não te deixarei.