Coleção pessoal de MariaVentania
Eu me perguntei a razão da dor. Ela também é ventania que dobra e derruba sem compaixão.
Mas assim areja almas e promove mudanças que nunca aconteceriam na calmaria insalubre do ser.
Resolvi ir em frente! Se algo ou alguém tentar me deter eu passo ao largo, se buscar confronto ultrapasso, somente detenho a caminhada perante o poder do Criador.
Minha ventania sempre foi Cigana. Do Oriente vieram para traçar meu rumo e Deus assim quis. Sigo os passos e a magia desses que choram cantando.
Busquei o verso e me encantei, ficando enamorada.
Mas...o ingrato acabou por me esquecer, foi morar em outras paragens e nem me disse um adeus sequer.
Então todas as rimas se quebraram dentro de mim e eu agora sou tempestade e vento forte, autodestruindo tudo em mim.
Vivi.
Fui veloz, intensa, sorri e chorei, tive esperança e desespero,
me alegrei mas tive tristezas.
Me debatia entre extremos,
mantia semprefechado o coração. Um dia aconteceu porém
em que a chave deste eu perdi.
E também a razão junto com ela. Agora rodopio em loucura
Sinto vertigem para poder enfim
me reencontrar novamente.
Uma coisa que me perturba: - nem sempre queremos a verdade. As vezes a mentira é tão carinhosa e a verdade tão cheia de espinhos, que repelimos o real para sonhamos a ilusão, mas esta acaba se tornando fumaça e some sem avisar. É aí que sobra só aquela secura na boca.
Despedida
Fiz hoje uma despedida
Me despi da alegria vivida
O passado não volta mais.
Ilusões- simples sonhos
Partículas ou pó suspenso
Não erguem construções
Nem causam, por si só, ações.
O vento sopra, a alma voa...é algo tão extraordinariamente terrível e maravilhoso isso!!! Derrubam-se quaisquer barreiras e sem imoralidade digo que aí existe a natureza em fúria contra os que a violam todos os dias, destruindo suas obras. E esse é o poder do ar transmutando tudo com sua permanência invisível e eterna.
De repente me vi só. Era tão somente eu e mais nada. E foi bem aí que chorei, sem entender muito o porquê, mas tive vontade. E muita!
Voar não é tão difícil assim... é só se afastar de tudo o que interessa a mim!
Mas a estima, ah! Essa é corrente que prende!
Quer ser ventania? Então somente voe! Levante o pó da máscara humana, quebre-a, exponha seus enigmas verdadeiros e ocultos libertando a essência.
Nunca deixe a esperança sair de você definitivamente. É ela que dá força e vitalidade ao melhor do ser humano, é o combustível da vida.
Que nossa alegria seja compartilhada com todos que aceitam recebe- la, respeitemos os que são taciturnos e vivem satisfeitos com isso, pois quem gosta da sombra ofusca- se pela luz, sentindo desconforto e irritação. Então a tolerância se faz necessária entre ambas as partes.
A tristeza. É o nó no peito, são as lágrimas teimosas que escorrem, são os soluços doídos e a saudade de um tempo que NÃO irá voltar.É a sensação de estar só e ter que se bastar. É o desamor das críticas que não constroem e só magoam o coração, que fica apertado- É o vazio de dentro.Mas tudo passa, este é o pensamento que consola.
Críticas vazias quase sempre representam uma vaidade que se exprime no "Eu faria melhor..." mas a solução mesmo não é apresentada por quem critica, é só o ato prazeroso da fofoca em si e pavonear- se de saber mais que o outro (O que às vezes nem é verdade).
Vejo a chuva como lágrimas, relembro pessoas queridas que não estão mais aqui... também cai chuva de meus olhos. Penso que Deus deve chorar vendo tantos desvarios, nesta terra que Ele fez com tanto amor, está chorando a perda de filhos que se esqueceram Dele e vivem aqui. Eu choro a saudade dos que foram morar com Ele.
Nos momentos de tristeza, saudades de um tempo passado, o único remédio eficiente é deixar que as lágrimas corram e tirem o peso que se carrega, lavando os cacos de vidro do sentimento, triturados pela dor.
Na ansiedade crescente de uma espera o melhor é ignorar o barulho externo, ouvindo sua própria consciência. Pergunte a ela se vale a pena tanta perturbação... mas caso se negue a responder converse com Deus diretamente, Ele sempre responde!
O Gato e a Ventania
Esquivo, arredio é o gato.
A ventania o acompanha...
Olhos de cobre assustados
Fixos, parecem intrigados
Indo, persegue e persiste
Da caça nunca desiste.
Lentamente articula-se
Gestos calculados, precisos,
Intenção e foco definidos, pula!
Abocanha e arrasta sua caça
Sai rápido, assim feito raio.
A ventania parece com o gato,
Também encara e arrasta,
Muitas vezes torna- se nefasta
Mas é sua natureza seguir,
Arrastando o que vê pela frente
Sem nada que a faça sucumbir.
Súbito some sem motivo,
Aí já atingiu seu objetivo!
De pés descalços em chão macio,destino feito sem impedimentos... Rodo ciganamente, espalhando a areia do tempo com minha saia colorida!
