Coleção pessoal de marianamatos

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O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

O criminoso, no momento em que pratica o seu crime, é sempre um doente.

Todos somos responsáveis de tudo, perante todos.

Compara-se muitas vezes a crueldade do homem à das feras, mas isso é injuriar estas últimas.

A maior felicidade é quando a pessoa sabe porque é que é infeliz.

Quem abandona a luta não poderá nunca saborear o gosto de uma vitória.

Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.

Há livros escritos para evitar espaços vazios na estante.

Há certo gosto em pensar sozinho. É ato individual, como nascer e morrer.

Perder tempo em aprender coisas que não interessam priva-nos de descobrir coisas interessantes.

É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.

Não há nada como regressar a um lugar que está igual para descobrir o quanto a gente mudou.

Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem.

O brasileiro não está preparado para ser o maior do mundo em coisa nenhuma. Ser o maior do mundo em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade.

No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
(...)
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
"Trouxeste a chave?"

Ah o amor... que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê.

Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes.

O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.

Não separe com tanta precisão os heróis dos vilões, cada qual de um lado, tudo muito bonitinho como nas experiências de química. Não há gente completamente boa nem gente completamente má, está tudo misturado e a separação é impossível. O mal está no próprio gênero humano, ninguém presta. Às vezes a gente melhora. Mas passa... E que interessa o castigo ou o prêmio? Tudo muda tanto que a pessoa que pecou na véspera já não é a mesma a ser punida no dia seguinte.