Coleção pessoal de mariajoaodumas

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Só sei daquilo que sinto.
no resto não sou, nem existo.
nada sei, do que não sinto
nem dos lugares onde não estou.

O que separa o inicio da descida
do inicio da subida, é a esperança.
A subida é metade do caminho
a descida é o dobro da distância.

todo o mendigo é ateu.
eu sou mendigo
não tenho fé, só tenho fome.

nada nem ninguém
fará de mim mais amado
do que sentir que o meu amor
faz voar alguém…

O coração é como o amor
de olhos abertos ou fechados
ele vai...
sem saber se é certo, se é errado
ou se um dia, chorará a dor...

na antecâmera da perdição
mora sempre uma tentação
assim, como todo o abismo
precisa do derradeiro passo

as nossas verdades
são como as outras:
periclitantes...

Viram-se. e foi de repente.
da poesia fez-se a vontade
do silêncio se fez espanto
e do instante, a eternidade.

e foram sem medo, os laços
no sem cansaço dos dias
e do amor, inesperadamente
a surpresa que não lhes cabia

e de repente a tempestade.
e a poesia foi para sempre
e do espanto se fez pranto
e do instante, a saudade...

penumbrava-me lúbrico
naquele lusco-fusco lascivo
num penumbrar dormente

impreciso e difuso
talvez morresse...
talvez brilhasse, céu escuro.

melhor dizer sim, ainda que não.
senão não entenderias
ainda que voltasses a nascer
ou quem sabe, eu morreria
antes que pudesses entender...

porque não é falta de inteligência
é pior(muito pior): é falta de poesia...

sei que sou, um desequilibrado.
não penso sobre o desequilíbrio
mas escrevo para me equilibrar.

imaginar a solidão deste sol, pôr-se
sem a contemplação dos teus olhos.
Imagina a aflição do mar, nos meus...

o amor é uma semente.
e o inverno, só a fortalece
não dura sempre...

As palavras são como o amor
...uma coisa séria.
Mesmo quando entre lábios brincam...

há no silêncio que o mar enjeita
um segredo que constante abriga.
há um amor, que por mudo amar
enxuga o olhar, que tão alto grita