Onde a Fé mora
não falta nada...
O vento viajante entra pela janela.
E reza nas páginas do santo livro...
Árvore que não dança com o vento acaba caída no chão...
O dia hoje está cinza. Mas cinza não é a cor do dia. É só sombra das nuvens. Por cima delas todo dia brilha azul. Toda noite brilha estrelada...
... nuvem que se desmancha é chuva...
A Lua
plena
bela
me espia
pela grade
da janela...
Quintal
sombra da roupa lavada
que o vento afaga
no varal
bacia secando
ao sol
espiando
o menino
que viaja longe
num caminhão
protegido
pelo irmão.
Infância e quintal
sinônimos de poesia.
Hoje eu vi a solidão
num orelhão
obsoleto
cabisbaixo
surdo
mudo
plantado no chão
perdido numa esquina...
Ainda no claro
começa o escuro
finda o dia
é a hora do Ângelus
rezo uma Ave Maria...
Finado
findado
findo
fim
o dia se despede
em vermelho
azul
e chumbo...
Saudade
é a eternidade da presença na nossa lembrança e no nosso coração...
No domingo sem sol
é o brilho da garça
que ilumina o farol.
O medo
do vento
antecipa
a ventania
faz da palmeira
despojos
no chão...
Passarinho
pescador
descansa
na curva
da árvore...
O mesmo caminho pode ser um novo caminho.
Basta mudar o rumo do olhar...
Chuva
Pingueira
prateada
pendurada
no domingo
cinza...
Hoje eu vi o abandono
caído no chão
perto do meio fio
num ninho vazio
sem ovinho
sem passarinho...
Nem sempre a luz mostra o caminho.
Muitas vezes só as sombras têm as respostas.
Viver é aceitar a luz e as sombras.
E dançar com elas.
Sem medo...
Viver
é pesar
sem balança
a realidade
do crescer
e os sonhos
da criança...
Hoje vi a tristeza
atrás de uma folha seca
usando camiseta
e bermuda rosa...