Coleção pessoal de MarcoARCoura

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Professor

Sou aluno e professor…
Sou mestre e aprendiz…
Entre apagador e giz
Eu exerço o meu labor.
E no afã de ensinar
Eu aprendo a ser feliz!

SERINGUEIRA

Ao caminhar pelo parque
Exercitando à minha maneira
Observo, atentamente,
Uma antiga seringueira

Como pode a natureza
Ofertar tanta beleza?
Quanta sombra e formosura
Em uma só criatura!

E apesar de tão perfeita
Não se dá por satisfeita
Ainda fornece a borracha
Como a me assegurar:
“Conheço os teus receios,
E os irei apagar”

Ao despedir-me da sábia árvore
Sigo feliz, mais confortado
Ela sabe dos meus medos...
Quiçá já os tenha deletado.

DESTINO

Sou uma simples estrada
Como tantas por aí.
Quantas pessoas passam
Diariamente por mim
Vindo daqui e dali
Seguindo a sua jornada.

E HOJE, NO PERÍODO MATUTINO,
PASSOU POR MIM, APRESSADO,
UM CATIVANTE MENINO.

Alguns andam por aqui bem sossegados
Outros fazem seu percurso, preocupados.
Uns preferem ir sozinhos, caminhando
Outros passam por aqui sempre em bando.

Alguns vêm de bicicleta,
De carro ou motocicleta
Outros passam apinhados
Em ônibus superlotados

Todos cumprem, enfim, sua empreitada
Cruzando por esta velha estrada.

E HOJE, NO PERÍODO VESPERTINO,
PASSOU POR MIM, APRESSADO,
UM CATIVANTE MENINO.

No trajeto há aqueles que namoram,
Tem aqueles que mendigam,
Também aqueles que oram.
Alguns seguem desconfiados
E outros bem-humorados.
Alguns cruzam desatentos
Usando fones de ouvido.
Outros seguem tão festivos,
Fazendo vasto ruído.

É tanta gente diferente!
Alguns vão, mas também voltam...
Outros apenas seguem em frente.

E eu, uma simples estrada,
Inerte e introvertida,
Fico só a observar...
É esta a minha vida.

E AO CHEGAR A ESCURIDÃO
PALPITA O MEU CORAÇÃO:
QUAL HÁ DE SER O DESTINO
DO CATIVANTE MENINO?

Paradoxo

Viajarei até Marte
pois já explorei a lua.
Só falta, da minha parte,
Não jogar lixo na rua.

Família

Deus me deu linda família
com esposa, filho e filha…

Este amor ilimitado
é o meu nobre legado
e há de ser tão bem cuidado

A família é o maior bem!
Proteja a sua também
agora e sempre, amém.

LIMONADA

Era um azedo limão
Que foi cortado e espremido...
Mas após tal aflição
Tornou-se doce limonada
Deixando uma rica lição.

Era uma pedra bruta
Que após bem lapidada
Transformou-se em escultura
Com tamanha formosura
Por todos admirada

Assim ocorre com a gente.
Após serem as dificuldades
Superadas com paciência
Surgem os bons resultados
Esta é a chamada “resiliência”.

Daí nasceu a expressão
Por tantos utilizada:
“Transforme o azedo limão
Numa doce limonada”.

SONHO

Sonhei que houve uma guerra
cujas armas eram flores

As explosões espargiam
pétalas, néctar, olores,
esperança em tom de cores

As pessoas alvejadas
Com flores também reagiam…

E o sonho acabou assim
com o mundo se transformando
em um florejante jardim

Bom exemplo

Em cada uma das fases
Deste nosso curto tempo,
A vida nos presenteia
Com chamados “bons exemplos”.

O que seria da gente
Se não fosse o aprendizado
Que tantas boas pessoas
deixam-nos como legado?

Há aqueles que nos ensinam
Durante toda uma vida...
Outros, assim, de repente,
Com um gesto inesperado,
Quanto edificam a gente.

Como sou grato a você
Que neste ou noutro momento,
Até mesmo sem saber,
Contribuiu com o meu viver,
Transmitindo ensinamentos.

Quisera em meu curto tempo,
Ao menos por um instante,
Ser também um bom exemplo.

Pai e Filho

Conforme fogem os dias
A vida também se esvai…
Mas há graças que não passam
Como a bênção de ser filho
Como o dom de ser um pai

Pense só por um momento
Como é bom ser pai e filho
Pois Deus, com todo o seu brilho,
É os dois ao mesmo tempo!

Lágrimas

Tem hora que vêm em bando
Parecendo enxurrada…

Tem hora que vêm pingando
Fazendo até batucada…

Às vezes vêm devagar
Sem pressa pra terminar…

Outras vezes vêm sozinhas
Estas quase ninguém vê…

Mas todas têm uma causa
E a causa é você!

Fartura

Se há fome, desconheço…
Sou guloso, reconheço
Sempre bem alimentado
Tenho até mesmo engordado

Eu me nutro com cereal,
Carne, fruta e vegetal…
E, às vezes, de surpresa,
Saboreio sobremesa

Minha vida se resume
Em fartura e capricho
Deixe que eu me apresente:
Meu nome é Saco de Lixo.

Divagação

Devagar… Eu divago.

E buscando respostas pra tudo
Eu encontro apenas o nada…

E o nada é tudo o que eu desconheço…
E tudo o que eu conheço é nada…
Nada mais do que isso

Divago buscando respostas concretas
de um mundo abstrato…
Divago buscando respostas abstratas
de um mundo concreto…

E em meio a tudo, só encontro o nada…
E tudo é tão vago, tal como esta minha
divagação.

Devagar… Eu divago.

Trânsito intenso

Transporto tantas razões
bem aqui da minha mente
lá para o meu coração

Transporto tantas emoções
aqui do meu coração
bem lá para a minha mente

E nesse trânsito intenso
de razão e de emoção
entre mente e coração…
Como ocorrem acidentes!

GAROA

Pois há gente que labuta
Por toda uma eternidade
Sonhando, algum dia,
Alcançar a felicidade.

Confunde tal sentimento
Com vitória ou com sucesso
Sem perceber que ele é parte
E não o fim de um processo

Ser feliz é desfrutar
Das gotinhas da garoa
Ao invés de esperar
Um temporal pra se encharcar

Você é seu próprio juiz
Então, decida ser feliz!



Religião não se discute,
Mas vou dizer no que eu creio:
“Religião não é o fim,
É tão somente um meio.”

Várias são as religiões,
E com tantas diferenças...
Mas há algo em comum
Em todas as grandes crenças.

Independente do credo
Os seus fiéis acreditam
Que a vida tem uma sequência
Após esta existência.

A isso chamamos FÉ
E sua força é fenomenal.
Se há um Deus onipotente
Basta seguirmos em frente.

Desculpe o meu desajuste...
Religião não se discute.

Gaiola

Fico só a imaginar
Pássaros que vêm e vão…

Quanto a mim, aprisionado,
Há anos nesta gaiola
Não sei mais sequer voar
E nem se um dia irei embora

Sinto as asas já ceifadas
Sem forças para mais nada

Só me resta, no momento,
Suportar tal punição
Com os restos do coração
E as sobras do pensamento

Meu crime foi ser tão belo
Além de ter suaves penas
E ser tão bom cantador

Enquanto cumpro a dura pena
Eu entoo este poema
Pra amenizar tamanha dor.

Navegando até o céu

Construí meu próprio barco
É um barquinho de papel…
Como ele é bonito!
Basta eu fechar os olhos
Que ele cruza o infinito
E navega até o céu.

Então te entrega o meu beijo
E me traz o teu abraço…
E rema por este rumo
Com tanta intensidade…

O meu barquinho tem nome,
Eu o chamo de SAUDADE.

Pipa amarela

Era uma vez um menino
Que era muito sonhador
Trocaria a sua pipa
Seu brinquedo favorito
Por um cargo de doutor

O menino então cresceu
Teve o sonho realizado
Tornou-se executivo
Profissional respeitado

Mas um dia aquele homem
Sentiu no peito uma dor
Ao abrir sua janela
Viu pairando no horizonte
Seu brinquedo favorito
Era uma pipa amarela

Era uma vez um homem
Que era muito sonhador
Trocaria seu destino
Pelos tempos de menino

Barraca

Naquela grande cidade
Embaixo do viaduto
Havia uma barraca …

Quem ali moraria?
Teria tido alguma vez?
Teria tido alguma voz?
Qual seria o seu nome?
Teria sede ou talvez fome?

E quanto à sua família,
Por onde é que ela andaria?

Naquela grande cidade
Embaixo do viaduto
Havia tantas barracas…

Naquela grande cidade
Quantos viadutos havia?

CAMARIM

E quando o palhaço entrava
No centro do picadeiro
A plateia delirava...
Todo o público aplaudia,
A criançada gritava,
Era muita euforia!

Ele era, afinal,
Um artista fenomenal
Ninguém mais e ninguém menos
Que o Palhaço Alegria,
Com todo o seu talento,
Com toda a sua magia.

Ao ver tamanha energia
Que do circo emergia
O Palhaço Alegria
Alegre também se via.

A tristeza em seu peito,
Esta era apenas sua,
Guardava-a muito bem,
Não contava pra ninguém.

E após aplausos sem fim
Lá atrás, no camarim,
O palhaço meditava:

“Sei que a arte imita a vida...
Mas que bom também seria,
No tocante à minha parte,
Se ao menos algum dia
A vida imitasse a arte”.