Coleção pessoal de marcio_batista_3
A festa
Ontem fui a uma festa.
Sentado fiquei a deslumbrar aquilo que vinha dos corações,
A mais pura e fiel energia.
Tinha nos participantes a mesma sintonia; e
Não havia diferenciação,
Pois as hierarquias eram diluídas no coro orquestrado com emoção.
Era a coisa mais linda.
Nunca vi tamanha harmonia.
Para onde olhava via magia,
As roupas, as pessoas: há força;
Os adereços, os cabelos: há formosura;
No canto, na dança e no olhar, a roda ia girando sem parar.
A cada ente exaltado e um novo canto entoado,
Havia uma dança com novo balanceado.
Foram muitas mensagens e manifestações lançadas por cada encantado,
Como Reis e Rainhas, na Festa, só entram na roda quem está preparado.
Como Adolescentes
A interação de casais adolescentes é interessante de se ver,
Trás uma mistura de inocência, intensidade e curiosidade.
Não se guarda nada para depois;
Tudo é pleno até que se mostre frustrante.
Diferente dos adultos, nada é tão penoso que não possa ser revisto,
Chora-se e alegra-se com simplicidade.
Os beijos e carícias tendem a ser verdadeiros,
A insegurança é comum para os dois e ultrapassada de maneira intuitiva.
O olhar é sincero e o primeiro amor inesquecível.
As crenças ainda não os confundem tanto, e
Amar carece de barreiras.
Vida
Estou com medo de escrever, pois achei que tinha superado;
Curado algo que ao certo nunca conheci.
Tenho medo de chorar, pois as lágrimas sempre foram reprimidas;
E com isso, nunca julguei justo utilizá-las.
Procuro ficar, pois tenho medo do que virá e todo ciclo se repetir.
A busca por abrigo talvez não faça mais sentido, pois pode ser fundo demais para suportar.
Pensar em soluções não consigo mais, pois tudo parece distante e intocável;
Reconheço minha fragilidade e limitação.
Contudo, ando perdido nessa selva cheia de perigos.
Luto por dias melhores e imagino o futuro, pois tenho esperança de um lance em plenitude.
Vou respirar, dar vazão ao tempo e espaço, buscar por ajuda e logo perceberei que tudo não passou de um obstáculo.
Pois, é preciso entender que a vida é um mar;
Com idas e voltas, tempestades e verões, geleiras e profundezas, calmaria e agitação.
Nunca mais hei de duvidar das fases da vida, do pulsar da paixão e da força do amor;
Pois, quanto mais dias passo a respirar, vejo que muita coisa não se explica.
E como dito por um sábio: tudo é relativo.
Você
Rosa do deserto é o como te vejo.
Tudo muito singular, e
Próprio de quem subverte.
A razão do seu toque quase inexiste, pois é único.
O florescer é particular e sentido como uma fênix.
O tom meigo, meio doce e feliz.
O cheiro é sem igual, é atração quando chega.
Com seus valores, tudo recai com o que há de mais simples.
O Menino
Debaixo do sol lindo de ver(ão),
Na capital das ilusões,
Jaz mais um bastardo dessa sociedade
Onde os ratos são necrófobos entre os relapsos.
Dizer que ser da rua é uma borbulha,
Não me resta dúvida;
Pois, em meio ao líquido a bolha de ar é insegura.
Ser flanelinha, fumador de pedra ou cliente assíduo da “boca perversa”?
Nunca foi sua meta;
Mas, se o vicio não da trégua e a felicidade lhe detesta,
Viver é modéstia.
Sem o pão e a compaixão,
O menino vai caminhando, subindo e descendo, na maior frustração.