SONETO LXV
Se a morte predomina na bravura
Do bronze, pedra, terra e imenso mar,
Pode sobreviver a formosura,
Tendo da flor a força a devastar?
Como pode o aroma do verão
Deter o forte assédio destes dias,
Se portas de aço e duras rochas não
Podem vencer do Tempo a tirania?
Onde ocultar - meditação atroz -
O ouro que o Tempo quer em sua arca?
Que mão pode deter seu pé veloz,
Ou que beleza o Tempo não demarca?
Nenhuma! A menos que este meu amor
Em negra tinta guarde o seu fulgor.
É uma infelicidade da época, que os doidos guiem os cegos.
A cólera é um cavalo fogoso; se lhe largamos o freio, o seu ardor exagerado em breve a deixa esgotada.
Em certos momentos, os homens são donos dos seus próprios destinos.
A beleza provoca o ladrão mais do que o ouro.
Poucos gostam de ouvir falar das faltas / Que com prazer praticam.
Bem pago está quem por satisfeito se dá.
Ter um filho ingrato é mais doloroso do que a mordida de uma serpente!
Os velhos desconfiam da juventude porque foram jovens.
Nada encoraja tanto ao pecador como o perdão.
As juras mais fortes consomem-se no fogo da paixão como a mais simples palha.
Se os homens fossem constantes seriam perfeitos.
Não, Tempo, não zombarás de minhas mudanças!
As pirâmides que novamente construíste
Não me parecem novas, nem estranhas;
Apenas as mesmas com novas vestimentas.
O meu corpo é um jardim, a minha vontade o seu jardineiro.
Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que sonha a tua filosofia.
Algum desgosto prova muito amor, mas muito desgosto revela demasiada falta de espírito.
Seja como for o que penses, creio que é melhor dizê-lo com boas palavras.
Quantas vezes a simples visão de meios para fazer o mal / Faz com que o mal seja feito!
O horror visível tem menos poder sobre a alma do que o horror imaginado.
Alguns elevam-se pelo pecado, outros caem pela virtude.