Coleção pessoal de Malbersu0412
Uma grande plateia assiste embevecida a explicação do grande personagem: O homem pode criar o espectador, o espectador apela para o controle remoto, o controle remoto ilude o espectador, traído pela ansiedade, atraído pela suposta obviedade de suas escolhas, ele, o expectador, simula um drama disponível, simplifica seus conflitos e é dominado por uma lassidão que o mantém como um eterno espectador.
Nem toda hora chove
Espanto
Nem tudo é feito um fio
Direto
Nem toda palavra é desejo
Tranquilo
Nem todo silêncio é prosa
Extinta
Que me lembre
Todo amor é metade
Toda vida é dupla
Toda luta passa
Toda lenda escapa
Toda fábula finda
Só o avesso deste riso.
Errou a fantasia comum sobre o certo e o errado.
Errei nas veredas tortuosas do acerto.
Não encontrei um lugar para guardar as minhas ilusões
Era tarde e eu vi o sol
quando já não lembrava mais do amanhecer
A noite estava próxima
Era mais um final de dia
Eu pensava como se fosse um nós
Era mais um final ou seria outro começo?
Precipitava o nós, mais uma vez ignorando o eu, ladeira abaixo imaginando,
sempre imaginando,
um verdejante planalto no alto da descida.
Teria alguma coisa errada nisso?