Coleção pessoal de MaggSabino

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Assim, tentar esquecer é lembrar. E lembrar você dá raiva. Você é dono do meu melhor rancor.

Quero você aqui, no meio das minhas coisas, meus livros, discos, filmes, minhas ideias, manias, suspiros, recortes. Respirando o mesmo ar e todas coisas que alimentam àquela nossa, tua, minha inesgotável saudade. Entra, não pergunte se pode ficar. Vem e fica. Vai e volta.

Eu caso, se preciso for. Eu amo você, por mim tudo bem. Conheço seus pais e faço ambos me amarem como você me ama - ok, não exatamente como você me ama. Onde você pedir com jeitinho e beicinho, eu assino. Mas deixa eu me embriagar com o aroma, a cor e a textura das suas coxas. Agora e pra sempre.

É cedo pra dizer, ou tarde demais pra fugir. Talvez você seja um cachorro-cínico-egoísta apenas sendo gentil-romântico-atencioso só pra me enganar na sua cama. Mas se não for você, será outro qualquer. Melhor que seja você.

36 prestações de saudade

Dizem que tudo na vida tem dois lados. Um bom e outro ruim. Depende nos olhos de quem está a pimenta. Mas se tem algo realmente ambíguo para uma única alma é um troço chamado saudade. Com ou sem pimenta nos olhos. O dito popular é quem melhor traduz a dualidade de uma saudade quando diz que esta é a maior prova de que o amor valeu a pena. Então sentir a falta é bom. E ruim. Em todos os pontos de vista. Vai entender.

Saudade é amar um passado que nos machuca no presente. É uma felicidade retardada. É deitar na rede e ficar lembrando das ardentes reconciliações depois de brigas homéricas por motivos desimportantes. Sente-se falta de detalhes, como uma toalha no chão, dias chuvosos, da cor dos olhos. A saudade só não mata porque tem o prazer da tortura.

Saudade é o amor que não foi embora ainda, embora o amado já o tenha feito. Ter saudade é imaginar onde deve estar agora, se ainda gosta de vinho bordeaux, se chorou com a derrota do Grêmio no campeonato nacional, se tem tratado aquela amiga da elite. E quando a saudade não cabe mais no peito, se materializa e transborda pelos olhos.

Sentir saudade é ter a ausência sempre do seu lado. É mudar radicalmente a rotina, comer mais salada e menos sorvete, frequentar lugares esquisitos, ter dias mais compridos, ter tempo para os amigos, para o vizinho e para a iguana do vizinho. A saudade é a inconfortável expectativa de um reencontro.

Às vezes a saudade é tão grande que nem é mais um sentimento. A gente é saudade. É viver para encontrar o olhar da pessoa em cada improvável esquina, confundir cabelos, bocas e perfumes, sorrir com os lábios tendo o coração sufocado. Porque mesmo a saudade sendo feita para doer, às vezes percebemos que ela é o meio mais eficaz de enxergar o quanto amamos alguém, no passado ou no presente.

Por que a saudade é o muro de Berlim desmoronado no chão, capaz de agregar opostos, como a tristeza e a felicidade em uma coisa híbrida. Se você tem saudade é sinal que teve na vida momentos de alegria com ela ou ele! No fim das contas, a saudade que agora lhe maltrata nada mais é que uma dívida sendo paga em longas 36 prestações pelo amor usufruído. Agora aguenta.

O imprevisto acontece e alguém te encontra. E te reecontra. Te reinventa. Te reencanta. Te recomeça.

Me diga que está triste, eu consolo. Me diga que nunca foi tão feliz, eu concordo. Me ame ou me odeie. Me mande pra p****-que-o-pariu ou me convide pra ir com você. Exploda na minha cara ou se derreta na minha mão. Deixa eu te ver morrendo de tanto rir ou com vergonha das olheiras de tanto chorar. Só não me esconda o rosto. Me abrace, me esmurre, me lamba ou me empurre. Só não me balance os ombros. Não me perturba assistir tua dor nem acompanhar teu gás. Te ver mais ou menos realmente me incomoda. Mais ou menos não rende papo, não faz inverno nem verão, não exige uma longa explicação. É melhor estar alegre ou estar triste, mais ou menos é a pior coisa que existe.

A gente só vive uma vez, você tem certeza que você é aquilo que gostaria de ser?

Como algo pode ser tudo e tão pouco ao mesmo tempo? Como pode alguém não saber viver sem e nem com?

Ele tem um jeito de me tocar, de caminhar com as mãos no espaço entre minha pele e a roupa, sem parar de me analisar o corpo, cheio de fome e ternura e calor. Eu sei que foi por isso que voltei, que volto, toda vez. É quando eu fico por baixo que a verdade se esfrega nos meus olhos e se infiltra pelos meus poros. Com o mapa do meu corpo, ele me prende nos meus becos e dança nas minhas avenidas. Eu não tenho saídas.

Bastam uns dias sem te ver pra eu já não saber o que fazer com os próximos.

E amanhã será um novo dia igual a este. Mas, de que adianta desejar um novo dia se, ao mesmo tempo, desejo também um mesmo e velho erro? O relógio devia me dar um tempo ou parar até eu me resolver. Por isso vim. E, também por isso, quase não vim. Entre nós, a verdade é que ninguém tá nem aí pra ninguém.

Palavras afins

Se um dia voltares, destranque as portas que bati na boca do seu estômago. Se não, saiba que por irônica coincidência, fomos perfeitos. Eu, estátua. Você, liberdade. Por ora, me manterei afastado. Por birra, preguiça ou medo simplesmente. Não sei se é uma preparação pra não ter você ou se tenho pavor de medir o tempo ou, quem sabe, um receio covarde de que a gente não saiba terminar e deixe passar nosso prazo de validade por i-meios cada mês mais curtos.

Muitas pessoas ficaram pra trás, outras tantas deixei passar. Não sei de que lado você está. Bem. A vida segue, não sei como, mas é confortável pensar assim. Talvez eu esteja desafiando alguma lei da física, mas já tenho saudade de um futuro que não viverei. São as estradas da vida. Só se pode seguir uma delas, sem nunca saber como seriam as outras. Acontece assim também com alguns amores.

"Sempre que paro pra me ouvir, boto fé em nós. Ontem eu pensei seriamente em aceitar suas vírgulas, se você não encucar com minhas reticências. Quem sabe assim a gente permaneça cada dia mais perto, e tão longe de um ponto final."

‎Eu poderia te dizer aquelas doces mentiras sinceras - "você-é-minha-vida", "não-sei-o-que-seria-da-minha-vida-sem-você" ou todo esse tipo de porcaria que a gente diz no calor da hora. As pessoas são assim, dizem que não sabem viver sem você. Depois aprendem e esquecem de comemorar contigo. E deixam vazio o lugar que sempre será delas. Eu não, simplesmente estou aqui. De vez em quando sujo, entediado, agressivo, mal-humorado, triste, calado e chato. Mas aqui.

Amor não é paixão. Fazer sexo não é fazer amor. Ódio não é amor. Amor não é fogo, não é chama, não é amizade, não é casamento, nem compromisso. Amor não é namorar, não é chorar, não é beijar, não é desejar, não é saudade. Amar não é estar-se preso por vontade. Não é servir quem vence o vencedor.

Amor não vai. Amor é o que fica. Amor é resto. Amor é o que sobra do que foi supracitado. Amor não é onda, é o mar. É o companheiro que não abandona depois que todas as fervorosas sensações se foram. Paixão, ódio, saudade, sexo, casamento, desejo são como trens. Amor é estação.

Seu quarto, sua varanda, seu pensamento, que deveriam ser o lugar pra onde sempre se quer voltar é o primeiro do qual você quer fugir? Não confio em gente que não gosta da própria companhia. “Todo animal fraco anda em bando”, foi o que disse o narrador do Discovery Channel.

Um pouco triste reconhecer: não tenho mais me surpreendido com nada.

"Eu quero uma coisa constante, eu quero você comigo. Eu queria que esses meus dois quereres entrassem em acordo."

Raiva e rancor só merece quem se foi sem uma explicação convincente e nunca mais sequer procurou, deixando lacunas que nenhum outro adeus até hoje teve audácia de apagar.