Coleção pessoal de mafeprobst
Não me demoro. Tenho pressa por seguir, tenho sede de descoberta. Meu corpo é um antro de curiosidades, inquietações e ansiedade. Vibro numa urgência estranha, que me cala e me fascina. Quero provar o mundo. Meus olhos se tornaram peritos em esquadrinhar cantinhos e ler pupilas. Gosto da leitura das pessoas e do encantamento dos detalhes. Vezenquando me permito ficar, só para curtir mais um pouquinho e pegar algum sorriso estranho e guardar na bolsa. Tenho mania de guardar sorrisos & sotaques; um hábito que não lembro quando adquiri, mas que não faço a menor questão de perder. Coleciono histórias e bons momentos, divididos em generosos goles de vinho. Tenho alma curiosa de vida; tenho pressa por viver...
Tracei como meta respirar dez vezes antes de tudo. Removi aplicativos que me consumiam tempo e me roubavam da vida real, cortei o excesso de glúten, álcool e açúcar da rotina. Estou só tentando ser leve — em todos os sentidos.
desenhar na sombra com os dedos & recordar que certas escuridões podem também trazer fantasia. houve um tempo que as noites sem luz eram algazarras ao invés de medo. tudo em constante ressignificação o tempo todo: o segredo é sempre a paz consigo. é preciso olhar e acolher nossos lados sombrios, aquelas verdades que existem para ninguém ver.
às vezes agarro meus sonhos com tanta força que negocio comigo mesma: me deixa sonhar só mais cinco minutinhos. não é preguiça, sabe? é sempre saudade.
olha para o alto & faz uma prece num sussurro. pede baixinho tudo aquilo que você sonha alto; que é para o mundo te escutar em ninguém te mal-olhar...
vezenquando a gente se olha no espelho, sem saber para onde nós vamos. mas a gente vai e, talvez, essa seja a definição mais bonita de coragem: ir.
relembrar sempre quem somos & que não precisamos mudar para caber em qualquer espaço. somos imensos na nossa própria singularidade…
Cansei de colecionar partidas.
É sempre um adeus engasgado na garganta.
Mal dá tempo de chegar
& já ensaio outra partida;
refazendo planos e contando os dias.
Vezenquando desmorona a incerteza vazia.
E viver a não-rotina me força engolir
interrogações que desconheço o nome...
Voltam os planos & os sonhos & as vontades, esperando essa segunda-feira que não chega.
Tem novas pessoas para partilhar rotina. Tem pessoas que ficaram. Tem pessoas que se perderam nesse caminho, porque tudo bem escolher novas trilhas. Tem uma euforia cheia de expectativas desse recomeço.
Mas é domingo.
E agonia.
(...)
Vezenquando desejar
um lugar seguro
pra deixar o coração
repousar.
Vezenquando desejar
um lugar seguro
pra deixar o coração
repousar.
vezenquando respirar
no escuro
tentando se
reencontrar.
vezenquando
os dias são compridos;
e o peito queima
e é fim de mês
e é tanto sonho
que não sobra espaço
além do eu
que me acolhe
eu me nina
e é lar
vezenquando tento me vestir
da mulher que quero ser.
tem dias que a rotina
engole um pouco mais &
ainda assim, me apaixona.
houve um tempo
que eu não sabia equilibrar os sonhos
que, hoje, carrego firme
na palma das mãos…
viver
é deliciosamente
caótico
Em algum momento, entre os excessos de pertencimento, deixei de caber. Vi destoar as expectativas, assisti, lentamente, cada palavra morrer. Eu tagarelava, n’outros tempos, mil verdades em entrelinhas que me denunciavam inteira; quando me despia das vontades alheias e me enxergava nua & vulnerável; dizendo mais do que ousava sentir; sentindo mais do que arriscava ser.
Hoje se amontoa.
Vezenquando deixo escapar.
Vez em sempre tento esconder…
Nada é o que parece. Há muito mais histórias por trás de quadros, concretos, linhas e pálpebras do que a gente imagina.