Coleção pessoal de Madaya
Todos necessitamos ser real...
Seja ele parcial ou imparcial...
Não somos tão forte e consistentes como pensamos ser,
A verdade que cá, dentro de nós há uma vontade tão grande de ser real.
Diante dos próprios olhos, vivemos e presenciamos nossa automutilação, Somos alienadas por padrão de uma sociedade corrupta e sem moral, a qual impõem princípios infundados...
Seguimos à risca que esquecemos de nós....
Vivemos para eles...!
Se somos o que o padrão nos exige, afinal, quem somos?
No final somos tão quanto eles,
Corruptos, persuadidos, entre sorrisos e aperto de mãos falsos,
Entre pessoas tentando ser gentil, quanto a real vontade, seria fechar o elevador na cara...
Entre beijos e abraços,
A falsa emoção de deitar numa cama quente, quando na verdade esta tão fria quanto o pacífico.
Entre um toque e outro sua alma ecoa uma saída, de um mundo obscuro onde você a prendeu,
E, então você transgredi e descobre que e o amor nunca existiu....
Não houve qualquer calor, sintonia, senão, a falsa emoção de deitar numa cama fria e fingir um prazer inconsistente...
Somos tão constrangido pelo que pensam, que acabamos vivendo para eles... trancafiando-nos da verdadeira felicidade, sorriso e do amor...
A esta voz que ecoa do escuro a qual você impôs,
É Você!!!!
Liberte-se, seja Real!
Pássaros
Não me comparo a passarinho, pois sou um tão nato quantos os que voam,
Uns dão pausam entre voos,
Já eu,
Dou pousa nas minhas incertezas...
Outros protegem-se uns aos outros,
Já eu,
Protege-me a mim mesma.
O amanhecer é sua favorita parte do dia, o risco de ser devorado é menor.
Já eu,
Também pelo manhã as realizo, ora, por medo de ser devorado pelas dívidas.
Quão é belo, a beleza do sentir,
mas ainda o do tocar-te ,
Do sentir-te,
Do arrepiar-te,
mas ainda o do possuir-te,
De ti,
o pincel à mão,
a arte da arte!
Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.
Quero ignorado, e calmo
Por ignorado, e próprio
Por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.
Aos que a riqueza toca
O ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.
Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada espera
Tudo que vem é grato.
Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana.
Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Foi tudo tão intenso aquele abraço,
lambareira se acendeu, favor!
Fogo, fumaça vinho e muito amor...
A noite se aproxima tão quanto um raio entre o temporal;
Assim foi quando o vi;
irradiante reflexo da luz amarelo incandescente,
Naquele ambiente;
Tãoresplandecente, intenso quanto os fios de cabelos groselhas maduras;
A esfinge se assemelha a perfeição;
Visto ali a mais pura perfeição;
Daquele suave beijo a que rendeu a perdição;
a sintonia abraço forte, do olfato ao tato, ambos profundos toques, sabor intenso, profundo suspiros e paladar.
Sentado sobre a ponta do iceberg;
Oh, destino, destinou-me a que destino?
Sobre ti, desaguo sobre as águas, quanto a profundidade?
Já não me assusta, o receio é do frio.
O que somos, senão um amontoado de pensamentos?
Somos, exatamente o que sentimos e reproduzimos...essa é a certeza!
A ternura de tuas mãos ficaram em mim, selou meu ser com teu amor!
Oh, se pudesse trazê-lo de volta ao meu aconchego, o rechearia de alergia e do meu bem- querer!