Coleção pessoal de Machadisses_ac

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⁠maior é a lei
não escrita,
que dentro do justo,
habita

⁠As pessoas que ao te questionar,
lhe incomodam, poderão não ser tão valiosas
quanto as demais,
mas estas,
irão lhe transformar

⁠È preciso mudar
por que o que é,
não basta,
ser, é um processo
sem fim

@machado_ac

⁠minha vantagem
é saber
que não tenho
vantagem nenhuma

@machado_ac

⁠surpreendo-me ainda,
ao ser chamado de poeta,
me dá impressão de esquálido ofício,
de fato, a poesia está no olhar
de quem a lê, ou mesmo dela é o próprio objeto.
um poema é como uma lei a ser interpretada,
ás vezes salva, outras condena.
me eximo de tanta fatalidade,
prefiro escrever sem a pretensão da sentença,
deixo a sua escolha a outra metade da frase

@machado_ac

⁠Vez por outra vem uma vontade de dizer tudo bem miudinho, devagar, degustando todos os ípsilones, sentado num canto da sala, vendo pela janela,
o dia passar.
Tempo de ajeitar uma perna em cima da outra, tirando depois, voltando ao mesmo lugar.
falar pra si mesmo que era pra ser assim mesmo e sorrir das vezes em que pensamos que era tudo pra se acabar, pra morrer se debatendo em galinha d'angola com cria, numa hemorragia catarara de fazer bombeiro se apavorar e no fim olha aí, era uma tempestade tão grande que agora parece uma lagoinha.
Nesse tempo arredio que fica entre o café do almoço, a merenda e o final do expediente, horas inteiras onde cabem escabrosos causos de doença, vizinhas zelosas e façanhas de pescaria.
Fiz uma casinha de palito de sorvete, com porta e quintal, pintei um limoeiro, nem cabe mais nada no papel.

⁠DEFEITOS E QUALIDADES...

em ambos os casos
a diferença
está na sua ciência.

melhor saber,
melhor desconhecer.

@machado_ac

⁠Quanto se pode dar de si
E ainda
permanecer inteiro?

@MACHADO_AC

⁠Era tudo fácil
até eu saber
que era muito pouco
ou demais

@machado_ac

⁠BOCAS
boca aberta, boca seca, boca muda, muda boca!
boca de incontáveis dentes a sorrir ou assustar
boca ardente recoberta de um vermelho fatal
boca nua, boca sua, sua boca pura, boca escura, que surdos ouvidos irão te calar?
Boca em desenho de lábios e curvas e gloss escarlate
boca do lixo, do sangue pisado, do murro vil, boca suja, imunda que vitupera répteis e escarnece do nosso mundo humano, este confuso animal
bocas nossas, vossas, tortas...
cuspindo em poças nosso pecado habitual, do hálito da boca nasce o incontrolável arrepio, e da boca arfante é refém fugidio
boca da noite que agora invade o distraído dia
e as bocas do mundo, entradas de tudo.
as bocas de beijos, os beijos de boca
bocas sábias eu sabia, não podiam deixar de gritar
@MACHADO_AC

⁠Mágica e Maquiagem

começo pelo fim ou acabo tudo bem no meio,
faço tudo assim, sem lógica nem pé nem perneta,
digo metade, o resto você completa,
intui, dilata, conclui ou deixa passar.
tem um verso guardado bem debaixo do seu brinco,
na bolsinha entre a maquiagem.
se olhar direito vai perceber que ele passou
bem na sua frente, dia desses enquanto chovia forte.
bem, agora que você já o reconheceu
posso ir buscar a maleta do mágico,
só falta o coelho inventar de voar de novo.

@machado_ac

⁠Bolinhos de Chuva Queimados
Não digo tudo por que não sei mesmo, falo meia frase, deixo uma parte pra sentirem, adivinhação...todos tem histórias e maravilhosamente enxergam onde não se vê, falo de coisas que passam ou passaram por aqui, dá vontade ou nem dá, nem depende muito de mim
uma vida tem detalhes, sutilezas, todo o tempo.
É uma xícara de chá e uma bomba-relógio feita de açúcar
uma alça de sutiã caída e um pingado escuro, você busca uma linha no fundo daquele quarto amarelo,
nem lembrava, agora já está aqui
Eu peguei uma ventania tal que quase caí, mas nem deixei a leiteira cair, a moça do bazar olhou pra mim com um jeito de quem nunca tinha visto um boneco de Olinda com RG,
eu dou muita risada depois que saio dos lugares, as pessoas não estão acostumadas com gentileza,
nem com bolinhos de chuva queimados,
Eu não disse nada, foi você que pensou, ou sentiu, foi você, foi ela,
ah! não foi ninguém.
@machado_ac

⁠RIMA
rima, dela não me esquivo, apenas digo que não sou escravo da terminação, dela, procuro fazer um descritivo do sentimento, mesmo esse que não sinto, seja ele, vivo, em transe ou desfalecido.
Do ritmo, da métrica, nem falo, um soneto é uma forma geométrica em sílabas e embora nem saibam meu outro e principal ofício, conta números como os respiros. mas neste caso, patino e assim melhor evitar um vexatório desfecho em desatino.
aos poetas que de mim fazem consulta, subitamente me vejo em oculto ou mesmo aberto elogio e sinceramente lhes digo que não se faça caso de formas, mais vale o ritmo, por que a rima vazia parece inclusive a mais difícil e não é isso que torna o poema verossímil, bom ou digno.
Quem me lê já sabe, que no mais digo muito sem fazer alarido, na verdade nem dizer eu digo.
quero mesmo é fazer com que aquele que agora já quer se perder, se ache num pequeno trecho
e fique lá, enquanto eu sigo.

@machado_ac

⁠Quando é pra acontecer,
até quem tenta atrapalhar,
ajuda.

@machado_ac


Eu farei tudo que você me pedir,
eu serei o que você quiser,
eu entenderei todos os seus problemas,
eu estarei sempre aqui,

se você prometer
fazer o mesmo

@machado_ac

⁠empatia:
não é entender perfeitamente o outro,
isso pode não ser possível,
mas é
TENTAR
COM BOA VONTADE

@machado_ac

⁠aquele
que se mostra mais indiferente,
refratário, insensível
a uma gentileza.

é o que mais
dela precisa

@machado_ac

⁠Faltas

às vezes, quando menos esperamos, do nada nos invade uma impressão de ansiedade,

um vazio, como um objeto que fazia parte de nossa rotina e de repente, não está mais.

quase um sintoma físico, uma sensação de fuga de não sei quê,
simplesmente escapou de nós, como o necessário ar que nos foi magicamente tomado.

um leve arranque, um passamento, uma carência, uma inexistência,
uma falha de continuidade em nossa vida, os bordões de um tio,
as falas dos feirantes...
chamamos de falta, talvez tenha um nome,

você vai lembrar

@machado_ac

⁠na vida matemática
as coisas boas
eu só multiplico
o que consigo dividir
e as coisas más,
ao contrário
do que parece,
dividindo eu diminuo

@machado_ac

⁠Girafa e Centopeia

Os caminhos são tantos e a gente com dois pés apenas
Para tanta caminhada, tanta empreitada

Melhor seria centopeia ser, quem sabe uma girafa distraída, leve e lenta.
Uma carona ao acaso, coisa do Aleatório de Almeida.

Bifurcações são nosso arroz-feijão.

Ônibus lotado, cheio de almas pensando na ida, estando na volta e vice-versa, o tempo todo levados a esmo e descendo no ponto, sem dó nem riso, ainda brincam, falando que correm buscando uma, hoje, quimera.

Troca o band-aid do salto alto, vai de novo, vai fazendo conta, vai.
Que a vida não espera, faz rastro, faz destino, vai!