Coleção pessoal de Luxuryous

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Minha alma é ternura
É afeto sem fim
É chuva de beijos e carinhos
É Amor que nutre outro ser
É amor incondicional
gerado no ventre
ou gestado no coração!

É Amor que mostra os caminhos da Vida...que orienta e educa...
e que aprende...

É transformação constante
É vela que se consome,
se exaure e se refaz..
É a chama da vida
Que arde em um coração de Mãe...

É celebração ...

O SOLITÁRIO

Ajuda esse pobre
Faminto e sedento
De amor e de paz
De afeto e carinho

Que vive sem rumo
Sem pai e sem mãe
Que vai e que vem
Sozinho no mundo

Não negues a ele
A tua amizade
A felicidade de ter companhia

De poder conversar, dividir alegrias
De sorrir, de cantar
De viver cada dia

Durante a nossa vida:
Conhecemos pessoas que vêm e que ficam,
Outras que vêm e passam.
Existem aquelas que vêm,
ficam e, depois de algum tempo, se vão.
Mas existem aquelas que vêm e se vão com uma enorme vontade de ficar...

Fascínio

No centro, os dois pequenos buracos se abrindo num promontório, embaixo do qual outro buraco, um pouco maior, no sentido horizontal, ao abrir, mostra o brilho ocasional de retângulos de esmalte claro, quase branco. Em cima duas contas brilhantes, cor verde-cinza, capazes de um movimento rápido e inesperado. Riscos em volta, uns mais profundos, outros menos, sinais do código do tempo representando número de anos. Cada risco um determinado número de anos. Olho, fascinado. Todo dia olho, fascinado. Colados à direita e à esquerda do círculo em que se incrustam os buracos e as contas brilhantes acima, dois pedaços mais ou menos semicirculares do mesmo material da estrutura geral servem para captar sons, como conchas de um aparelho acústico. Pontos negros, marcas, cicatrizes de acontecimentos de outra forma esquecidos. Eis minha cara.
Olho-a sempre e muito. Tenho mesmo a impressão de que jamais olhei tanto tempo, tantos anos, todo dia, uma mesma coisa. Gosto dela? Não gosto? Qual a minha opção? Só a de não olhá-la. Mas que outra se ofereceria assim, com tal intimidade, entra ano sai ano? Tenho de olhá-la para sempre e um dia. Ela me representa mais do que qualquer outra coisa, meu reflexo e minha delação, as pessoas me julgam por ela, me acusam por ela, me amam por ela e por ela me detestam. Na minúcia de seus poros, porém, só eu a conheço. E, se não a amo, não posso abandoná-la. O único afastamento que me permito é do próprio espelho, eu caminhando de costas, sem tirar os olhos dela, até que ela desapareça numa curva do quarto e eu possa ter a impressão de que nunca mais vou vê-la. Pura ilusão, porque o fascínio meu por ela é apenas igual ao dela por mim. E, ao me sentar, sozinho, para tomar um uísque no bar vazio e enquanto espero alguém, a primeira coisa que vejo é ela, ali no espelho à minha frente, esperando, melancólica, por um uísque igual ao meu, servido do mesmo jeito, ao mesmo tempo, pelo mesmo garçom.

Veja, 11 novembro 1976

Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.

Pode ser que um dia deixemos de nos falar.
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.

Pode ser que um dia o tempo passe.
Mas, se a amizade permanecer,
Um do outro se há-de lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos.
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe.
Mas, com a amizade, construiremos tudo novamente,
cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.

A amizade consegue ser tão complexa.
Deixa uns desanimados, outros bem felizes.
É a alimentação dos fracos
É o reino dos fortes.

Faz-nos cometer erros
Os fracos deixam se ir abaixo
Os fortes erguem sempre a cabeça
Os assim assumem-nos.

Sem pensar conquistamos
o mundo geral
e construímos o nosso pequeno lugar,
deixando brilhar cada estrelinha.

Estrelinhas.
Doces, sensíveis, frias, ternurentas.
Mas sempre presentes em qualquer parte.
Os donos da amizade.

Saudades

Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!

Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.

Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados...
para contar dinheiro... fazer amor...
declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples
"I miss you"
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...

Dirão, em som, as coisas que, calados, no silêncio dos olhos confessamos?

Todos caem mas apenas os fracos continuam no chão...

Preocupe-se mais com a sua consciência do que com sua reputação. Porque sua consciência é o que você é, e a sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam, é problema deles.