Coleção pessoal de luiselzadesouzapinto
Tão somente a lúcida, alegre e pacífica aceitação da vida que não se pediu para nascer pode instrumentalizar o ser para o dificílimo de considerar tudo e qualquer coisa como fases da mesma estranha vitória.
Muito dificilmente é livre aquele cujos pensamentos são propriedade exclusiva e imprescritível daquilo que apenas se deve e pode ter como posse (compartilhada).
Poupar(-se) é saber que ninguém é inatamente medíocre, ainda que esteja acompanhado da mediocridade. E amar(-se) é (con)viver primeira e/ou principalmente com o âmago, mesmo que este pulse oculto e subliminar.
A cada espaço tempo uma parte do meu ser se somatiza naquilo que estou e apenas o somatório de todo estar dará a completude do que sou.
Para que o mesmo esteja outro, ainda que seja o mesmo, é necessário que o observador seja outro, ainda que esteja (n)o mesmo.
A morte é muito mais longa do que a vida como uma tentativa de indenização pelo dano de somente esperar, sem viver.
A liberdade segue me transformando tão imensamente que tudo que não é horizonte, é barreira; e, se há limite, é viável aceitar como meio, mas impossível pensar como destino.
Sendo verdade que o acessório é adstrito ao principal, o seguinte não tende a ser menos chocante e mais palatável que o anterior.
É preciso aceitar pacífica e firmemente o que se foi, não para lhe negar a importância, comparar ou substituir, mas para melhor receber aquilo que vem.
Uma das maneiras mais eficazes de estabelecer limites às coisas ruins é dando horizontes às situações boas.
O ser humano consegue equacionar muitas dúvidas e superar várias derrotas, mas nem sempre está melhor que suas certezas ou maior que suas vitórias.
Ao sentir lúcida e conscientemente, o indivíduo se despede das ilusões nascidas pela carência e entra no domínio dos erros e acertos gerados pela necessidade.
Aquilo que se procura com lucidez dificilmente é mais assustador do que aquilo que sequer se teve a chance de pensar em ou optar por perquirir.
Pulso num relacionamento consciente e irreversível com a fração do meu ser que, no intervalo da vida, somatiza-se na posse deste estar.