Coleção pessoal de luiselza
Receio é o aquilo que se sente quando não se sabe quem é; insegurança, quando se existe por uma ilusão; e raiva, aquilo que há quando se pensa que andar depende das pernas da realidade alheia.
Não combina com o que deu, deu, aquele que pode e deve com o que quer, pois antes da morte, toda a queda, ainda que verdadeira, dificilmente é completa.
No dificílimo e estranho aprendizado de dissociar alguém de seus muitos atos medíocres, o amor viceja por outrem sem amar (n)a mediocridade.
Há uma enorme diferença entre estar presente, ser presente ou ser companhia, tanto quanto, respectivamente, apenas existência, mistura perfeita ou efetiva combinação.
Quando a queda lúcida e o espatifar-se completo são inevitáveis, o amor (re)aprende que voar também é (re)construir.
Para estar uma cópia perfeita é necessário muito fôlego; contudo, para não ser uma cópia, alguma inteligência basta.
Uma situação irreversível não pode jamais ser sinônima de um ser humano abandonado, pois o indivíduo desamparado atiça a insensibilidade que converge para o enfraquecimento do tecido social.
O amor é maior do que a eternidade e do que o infinito porque, ao se amar e podendo-se escolher, trocar-se-ia todas as vastidões existentes por um infinitésimo de espaço tempo ao lado daquilo ou de quem se ama.
É muito árdua a tarefa de educar os pensamentos para a vivência com aquilo que somente agrada ao corpo.
Viver é a arte de seguir em frente, ainda que se tenha que (re)aprender, a cada dia, como se guiar pelas estrelas.
O amor não (se) cansa; quem enfada é o corpo... É por isto que o amar pertence aos que não temem os (limites) extremos do viver.
Saber monologar com uma ausência irreversível é não destruir a lembrança dos diálogos da presença que se foi.
Corre livre o pensamento que não nasce de carência, necessidade ou obrigação. Mas é erro ou ilusão supor que o ato de pensar está liberto do substrato daquilo em que se pensa por vontade.
É possível alguma pessoa querer sentir além do que pode ou deve, mas é inútil alguém tentar sentir além do que não quer.
O mal nunca vence aqueles onde a (extrema) dor se torna um dos alicerces de inspiração para menos medo e mais sensibilidade.
Não se deve nunca reclamar daqueles que provocam sensações menores que o primeiro limiar de percepção. O nada (ausência do bem ou mal) é preferível à intoxicação para a qual inexiste antídoto químico.