Coleção pessoal de lucyqueen
Você diz que ama a chuva, mas você abre seu guarda-chuva quando chove. Você diz que ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando o sol brilha. Você diz que ama o vento, mas você fecha as janelas quando o vento sopra. É por isso que eu tenho medo. Você também diz que me ama.
Creio que, desde muito pequeno, minha infelicidade e, ao mesmo tempo, minha felicidade, foi não aceitar as coisas com facilidade. Não me bastava que explicassem ou afirmassem algo. Para mim, ao contrário, em cada palavra ou objeto começava um itinerário misterioso que às vezes me esclarecia e às vezes chegava a me estilhaçar.
Em suma, desde pequeno, minha relação com as palavras, com a escrita, não se diferencia de minha relação com o mundo no geral. Eu pareço ter nascido para não aceitar as coisas tal como me são dadas.
Amo-te por sobrancelhas
Amo-te por sobrancelhas, por cabelo, debato-te em corredores
branquísimos onde se jogam as fontes da luz,
Discuto-te a cada nome, arranco-te com delicadeza de cicatriz,
vou pondo no teu cabelo cinzas de relâmpago
e fitas que dormiam na chuva.
Não quero que tenhas uma forma, que sejas
precisamente o que vem por trás de tua mão,
porque a água, considera a água, e os leões
quando se dissolvem no açúcar da fábula,
e os gestos, essa arquitectura do nada,
acendendo as lâmpadas a meio do encontro.
Tudo amanhã é a ardósia onde te invento e desenho.
pronto a apagar-te, assim não és, nem tampouco
com esse cabelo liso, esse sorriso.
Procuro a tua súmula, o bordo da taça onde o vinho
é também a lua e o espelho,
procuro essa linha que faz tremer um homem
numa galería de museu.
Além disso quero-te, e faz tempo e frio.
Te amo por ceja, por cabello, te debato en corredores
blanquísimos donde se juegan las fuentes de la luz,
te discuto a cada nombre, te arranco con delicadeza de cicatriz,
voy poniéndote en el pelo cenizas de relámpago
y cintas que dormían en la lluvia.
No quiero que tengas una forma, que seas
precisamente lo que viene detrás de tu mano,
porque el agua, considera el agua, y los leones
cuando se disuelven en el azúcar de la fábula,
y los gestos, esa arquitectura de la nada,
encendiendo sus lámparas a mitad del encuentro.
Todo mañana es la pizarra donde te invento y te dibujo,
pronto a borrarte, así no eres, ni tampoco
con ese pelo lacio, esa sonrisa.
Busco tu suma, el borde de la copa donde el vino
es también la luna y el espejo,
busco esa línea que hace temblar a un hombre
en una galería de museo.
Además te quiero, y hace tiempo y frío.
Que vaidade imaginar que posso lhe dar tudo, o amor e a felicidade, itinerários, música, joguinhos. A verdade é assim: meu tudo eu te dou, é verdade, mas tudo que eu tenho não é suficiente como para mim não é suficiente que me des tudo seu. Por isso nunca seremos o casal perfeito, o cartão postal, se não formos capazes de aceitar
que apenas na aritmética o dois nasce de um mais um. Por aí um papelzinho que só diz: Você sempre foi meu espelho, que dizer que para me ver tinha que olharte.
Com que suave doçura me levantas do leito em que sonhava profundas plantações perfumadas, passeias os dedos pela pele e me desenhas no espaço, desequilibrado, até que o beijo pouse curvo e recorrente para que a fogo lento comece a dança cadenciada da fogueira se tecendo em rajadas, em hélices, ir e vir de um furação de fumaça.. Porque, depois, o que resta de mim é só um inundarme entre as cinzas sem um adeus, sem nada mais que o gesto para libertar as mãos?
Até agora, nunca tinha amado as suas amantes; havia algo nele que o levava a tomá-las demasiado depressa para ter tempo de criar a aura, a zona necessária de mistério e desejo que lhe permitisse organizar mentalmente aquilo que poderia um dia chamar-se amor.
Toco a sua boca com um dedo, toco o contorno da sua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se, pela primeira vez, a sua boca entreabrisse, e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que minha mão escolheu e desenha no seu rosto, uma boca eleita entre todas, com soberana liberdade, eleita por mim para desenhá-la com minha mão em seu rosto, e que, por um acaso, que não procuro compreender, coincide exatamente com a sua boca, que sorri debaixo daquela que minha mão desenha em você. Você me olha, de perto me olha, cada vez mais de perto, e então brincamos de ciclope, olhamo-nos cada vez mais de perto e nossos olhos se tornam maiores, se aproximam uns dos outros, sobrepõe-se, e os ciclopes se olham, respirando confundidos, as bocas encontram-se e lutam debilmente, mordendo-se com os lábios, apoiando ligeiramente a língua nos dentes, brincando nas suas cavernas, onde um ar pesado vai e vem, com um perfume antigo e um grande silêncio. Então as minhas mãos procuram afogar-se no seu cabelo, acariciar lentamente a profundidade do seu cabelo, enquanto nos beijamos como se estivéssemos com a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de fragrância obscura. E se nos mordemos, a dor é doce; e se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego, essa instantânea morte é bela. E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta madura, e eu sinto você tremular contra mim, como uma lua na água.
A jornada da vida não serve para se chegar ao túmulo em segurança, em um corpo bem preservado, mas sim para se escorregar para dentro, meio de lado, totalmente gasto, berrando... Uau, que viagem!
TEORIA DA MORTE E DA VIDA
"Seu nome inesquecível. No fundo do meu coração, seu nome está gravado e eu anseio por você.
Você ateou fogo no meu coração.
No meu coração, você acendeu a chama inextinguível do amor.
Antes que seu nome possa ser esquecido, eu anseio por você novamente.
Ah, mesmo no momento da morte, eu chamarei seu nome.
Enquanto vivo, meu coração anseia por você.
Até o momento da morte, eu ansiarei por você.
Você ateou fogo no meu coração.
No meu coração, você se acendeu a chama inextinguível do amor, Sim-Deok."
Não sei quando comecei a gostar de você.
Da primavera ao verão.
Do verão ao outono.
e do outono ao inverno.
Sabe quando as estações mudam?
Sabe exatamente quando o inverno acaba e a primavera começa?
Não sei exatamente quando, o que sinto por você, começou a crescer.
Quanto mais amamos, mais sei que nunca podemos ser a mesma pessoa. Mas à medida que amamos, a felicidade da outra pessoa se torna a minha felicidade. O infortúnio da outra pessoa se torna o meu infortúnio. O ato de amar é estranho e milagroso. E realizamos essa ação extraordinária todos os dias.