Coleção pessoal de LucianoSpagnol

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⁠Saiba ser mais...

Se os muitos versos, que criei contente
Foram suspiros para o coração penado
Que pode vir ao sentimento um cuidado
Que acuda, então, da mazela, diferente
O prosar que ao amor, amor consente
Traga poesia e entoado verso ao fado
Deixando cada poema leve, perfumado
Mimando nos detalhes a alma da gente

Poete, pois, estima, sem ter rancores
Traga o olhar, a constância, sensação
Se há de ameigar que seja com flores
Se quer que me não queixe da posição
Saiba rimar com mais oferta, louvores
Ou saiba ser mais cântico com emoção.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2 setembro, 2023, 13’55” – Araguari, MG

⁠Adonde?

Amor? Amor? estás onde? Aonde cato
A um coração que por ti o meu suspira
Aquela doce paixão que jamais sentira
Tanto mais de encontrar-te, mais grato
Ah! se ao menos saber-te, um contato
Entre as ofertas, inteiramente está lira
Trauteada em musical e dançante gira
Amor, espero, sair-te deste anonimato

E, já no meu desejar-te, as sensações
Que respira, e o sonho em te esconde
Revelai, revelai-me em suas emoções
Ah desventura! Nada, então, responde
Infelizes, cruéis a cada mais estações
Amor? Aonde estás? Adonde? Adonde?

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
1 setembro, 2023, 19’01” – Araguari, MG
*paráfrase Cláudio Manuel da Costa

⁠Tudo passa

Já, soneto alheio, me não fustiga
Saber que usa comigo só ilusão
Que inda nos teus versos abriga
As peripécias do sofrido coração
No tempo, que tudo tem versão
A mutação também terá cantiga
Amor é canto que não se obriga
Verás dissipar a tua enganação

Pois, se sabes que toda ternura
Por força há de mimar os planos
E tu negas o prosar com textura
Vela para tua retórica os enganos
Gozemo-nos já. Quero é aventura
Já que a poética se perde nos anos.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31 agosto, 2023, 16’19” – Araguari, MG

⁠Imprevisto

Eu senti um suspiro. Longo e frio
Sussurrado d’alma, que suspirara
Tão pouco sei qual o motivo ficara
Assim, tristonha, de súbito arrepio
Quanto mais a sentia, mais havia
Aperto, pranto com a terrível cara
De quem não inferia. Ó rude apara
Que ao poeta mal inspira a poesia

Por que tristura? E então pudera
Ter no verso sentimento contrário
Se a emoção é sensação sincera
Que possa então aliviar a tirania
Orando amor em poético rosário
Para deixar o versar em sinfonia.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31 agosto, 2023, 12’26” – Araguari, MG

⁠Ela, a saudade

Se ela de novo à minha inspiração
Dolorosa, para a minha serenidade
Hei de dizer-lhe tudo com exatidão
Dum mártir vingador, na crueldade
Pouco importa o gesto, a suposição
Não se fez crente a minha piedade
Pois bem, serei frio e sem coração
Dar-lhe-ei alheação, infiel saudade!

Mas, ai! sentir-te é ter uma fração
É suspirar, imaginar e fazer parte
Que ainda aperta o peito, emoção
Tento, evito, devaneio, desmedido
Caio num versar de ti, tão covarde
E, me ponho a sonhar, ter podido!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 agosto, 2023, 16’26” – Araguari, MG

⁠Sonatina

É mau que eu viva areado, e sem prumo
Posto numa solidão daquele que não crê
Que já está acostumado, ao léu, à mercê
Prosando lembranças, poesia sem rumo
Mas, lá no fundo, a esperança, presumo
Tenha a compaixão deste pobre crupiê
Do amor, sem sorte, e cheio de porque
Pois, a boa sonatina a paixão é insumo

E, se insistir com a poética nesta saga
Deixando a poesia com a emoção vaga
Não serão somente versos de soledade
Será também a alma cheia de lamento
Porque no vazio há sempre sofrimento
E a dor o verso imerso numa saudade!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29 agosto, 2023, 15’56” – Araguari, MG

⁠Terra natal (Araguari, MG)

Nasci em Minas, o meu chão
Araguari, orgulho das Gerais
Sertão de serra na imensidão
Das flores perfumadas e mais
Da mocidade, aparatos especiais
Que me viu nascer, doce paixão
Que faz aos sentidos, divinais
Do meu bem querer, és coração

Cá para as bandas do cerrado
Em explosão de cor, estrelado
O céu, terra natal, tom maior
Pois, longe de ti, és só saudade
Que na lembrança a dor invade
Araguari, não se esquece, amor!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28 agosto, 2023, 06’28” – Araguari, MG
*135 anos de Araguari, MG

⁠Noutro dia...

Num verso sentido, na poética, figura
Sussurrado da emoção em um talvez
A saudade que sente a dor sem cura
De outrem. Uma sensação de nudez
Enquanto na prosa ao acaso procura
O otimista verso suspirado, e que fez
Dantes a poesia sem aquela tristura
Incessante agrura e sem ter a rudez

Então, surge a madrugada, ritmada
A ilusão, sobre o chão, desfolhada
Guiando a trova, criando-a especial
Ó esperança de atraente formosura
E, ante ao escrito vazio de aventura
Traz noutro dia, inspiração virginal...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27 agosto, 2023, 13’26” – Araguari, MG

⁠Tu, sentimento

Queres fazer sonetos, agitado
Sofrente, insistes em fazê-los
Redize versos de um passado
Tediosa rima, pávidos apelos
Os versos de um vício penado
Que, nos quartetos, só flagelos
E nos tercetos, o vazio ao lado
Todos em concretos pesadelos

Assim, por fim, pobre, estrutura
Põe-se na métrica triste figura
E vai trauteando por aí a esmo
E tu, sentimento ocioso, expele
Vaidades vans, a flor da pele
Dando sensações a ti mesmo!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25 agosto, 2023, 14’05” – Araguari, MG

⁠Nasci em Araguari, nas Gerais
Criei-me no Rio de Janeiro
Quase outra terra Natal
Afinal, sou carioca e mineiro
Um mineiroca do litoral...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/08/2023 - Araguari, MG

⁠Flor da quaresmeira (mística flor)

Quase setembro, o cerrado fantasia
Esplende, num colorido bem vindo
Na ramaria as corolas se abrindo
Compondo singular e bela poesia
A planície de magia vai cobrindo
Monte a monte, em farta quantia
A luz do sol ascende em sinfonia
E os tons violáceos ao céu, lindo!

Quase fim do inverno, a primavera
Surgindo, com toda a sua ternura
Enchendo com cheirosa quimera
Sublime encanto, suspiro e vigor
Da cor ametista, no sertão figura
Flor da quaresmeira, mística flor!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23 agosto, 2023, 05’07” – Araguari, MG

⁠Súplica (soneto III)

Há uma prosa jacente que mascara
O meu poetar sentimental e sedutor
Revirando aquela saudade tão cara
Sumida nas embirrações dum amor
E nesta dura aflição, molesta e avara
Que deixa na boca o tal gosto traidor
Rola sensação picante que não para
Porque não para a poesia com temor

Ah! Sentimento, por que tanto sente
Por que um coração por afeto mente
Tornando mais dorida a trova inteira
Te suplico! -vem silenciar o momento
Cala meu versar, dispersa-o ao vento
Deixai-me manso da minha maneira!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 agosto, 2023, 20’37” – Araguari, MG

⁠... um dia foram tuas

Fui reaver na saudade, abandonada
Certa lembrança de outrora perdida
Que, por estar poeirenta e desbotada
Ficou a um canto, posposta, ali caída
Estava sem vida, sem ser encantada
Já não mais tinha aquela dor sentida
Tão pouco aquela paixão desprezada
Ah! versejar vão, de expressão doída

O passado que passou, desgostaste
São poéticas esquecidas no coração
E também coisa que a mim rejeitaste
Hoje já não és poesia, de ter-te jejuas
Apenas versos cheios de recordação
Ternas trovas que um dia foram tuas.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 agosto, 2023, 20’58” – Araguari, MG

⁠Registro

Toda está saudade comovida
Meu relógio toca, hora a hora
É dura dor, badalada e doída
Toando solidão, ao ir embora
Como é vazia toda despedida
Incontida aflição, então, chora
Aperta a alma, se faz sentida
Soando numa privação sonora

O ponteiro marca cada sensação
E, seus minutos, tão singulares
Pulsam na cadência do coração
Ah! toada em toada, os olhares
De segundo a segundo, ilusão
Não mais há tempo de voltares!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 agosto, 2023, 13’18” – Araguari, MG

⁠Erros

Vou pelo tempo e que no tempo aflito
A prosa sentimental, tropega, suada
Poesias que tagarelam com o espírito
Das faltas, vou indo pela madrugada
Poética, sofrente, fincada no infinito
Escrito no rigor de uma rima pesada
E nos meus enganos o olhar contrito
Colocando a minha alma pendurada

De tudo que finda, a vida que passa
A passo largo a ilusão que escassa
Assim, gerando nas causas, aterros
Então, equívoco e acerto o destino
Ferino autor... num quase desatino
Saturando o fado com infindos erros

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2023, 19, agosto, 20’14” – Araguari, MG

⁠Estado do poeta

Ó poética, estás onde? Imaginação
Eu cá já embriagado no sentimento
Trazido pelo tempo em suspensão
A saudade, o amor, o tal momento
Do poetar, ó pura, serena sensação
O quanto me faz feliz o sacramento
Que vem d’alma de singular emoção
Que me sacia e desta magia sedento

Arrio as palavras em oração, e crio
Vai-se o vazio, e me vem o estado
Fantasia e a ventura, na ilusão fio
Desfio a cada verso embaralhado
E o poema – do infinito, um arrepio
Pondo o feitio inteiramente afiado!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2023, 18 de agosto – Araguari, MG

⁠AQUI E AGORA

Eras em pleno inverno, que então
Da minha poesia, um dia, partiste
E ela, coitada! vazia, fria e triste
Vagueia pela poética com ilusão
Assim nos seus versos a emoção
Suspira, nubla e não mais existe
Quando resiste, como nunca viste
Chora, lamenta, cheia de paixão

Tão louca está, que não conheces
Mais, o rumo do tempo de outrora
Aqueles versos tais doces preces
E, tão ainda viva, a prosa implora
A saudade geme, e não esqueces
Como se fosse hoje, aqui e agora!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/08/2023, 19’43” – Araguari, MG

⁠AO AMOR MEU
Em sensação o verso por te sonante
Ó amante! o poetar por te de outrora
Por amar-te suspira, sente e implora
Sem que possa falar-te por um instante
Que vale a poética se, estravagante
O coração pulsa e a quietude devora
Borbulhando emoções a toda a hora
Tendo o verso túrbido e inconstante

Ah! sentimento delirante e sofrente
Distante, de jeito grosseiro, plebeu
Tem dó do versejar tão descontente
Oferta o que a bom feitio te ofereceu
Dá-me prosa cheia de rima diferente
Conceda parceiro verso ao amor meu ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15/08/2023, 13’00” – Araguari, MG

⁠HÁ VERSO

Há verso indeciso e verso perdido
Afável ou contido e o de confiança
O que fala da emoção com sentido
Que tem fé, ilusão, e há esperança
Duas poéticas num versar dividido
E assim, eis a valia, além, a fiança
Incognoscível sentimento indefinido
Criando significado e a lembrança

Por isso eu sinto sempre, incontido
Acima do guardar, acima da razão
O que causa é não ser despercebido
Então, tenho cada sensação vibrante
No verso cheio de majestosa paixão
Intenso cada vez mais, mais gigante...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/08/2023, 11’25” – Araguari, MG

⁠ALHEIO

Quando eu apaixonava, ó dissona poesia
Tu que a perturbação a atirava ao vento
Que ainda agora me vem ao pensamento
Em ousadia, trazendo, suspiro e fantasia
Frenético e excedente se faz o momento
Numa sensação de desconforto e agonia
Ah! Emoção! Minha conviva, agora tão fria
A tua prosa poética toda sem sentimento

Parceira devota das calmas noites infindas
Confidente fiel da solidão e do meu anseio
Ó poesia! emudeceste as divagações lindas
E, com o tal silêncio, numa carência vagueio
Enleio, coração na berlinda, sem boas-vindas
Sem os abraços, os beijos, os olhares, alheio!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/08/2023, 21’29” – Araguari, MG