Coleção pessoal de lucassimoes
Às vezes desejo ter para onde voltar, porque acredito que todo mundo deve ter um lugar para chamar de Seu e poder chegar quando as coisas não dão pé.
É bonito ser feliz, embora às vezes eu prefira deitar numa grama morna com o único objetivo de fechar os olhos e ficar em silêncio, sem pedir ou querer nada.
Cheguei a acreditar em Deus, me embebedei em lugares estranhos e corri contra um tempo que não existe mais. Pensei em alguém.
A verdade é que estou lembrando, ah, toda noite lembrando, não me importando tanto e seguindo. Nunca esperando, sempre acelerando.
Minha urgência maior tem sido a verdade, assumir as saudades vez-em-quando-e-quase-sempre e dizer a mim mesmo que chorar é um indício de fraqueza muito saudável.
Ah, você lá com suas incertezas, suas novelas na TV, sua cuba libre pela metade e seu amor próprio tão impróprio pra você mesma.
Já não temos mais compreensões infantis de simplificar discussões em “sim” e “não”, em usar justificativas como a razão e o coração. Nunca mais usamos reticências para falar de amor, nem sentimos mais o medo da falta de precisar esquecer.
Foi, como o vento que dançou entre os nossos risos e apertos de olhos desconfiados antes do "beijo, tchau".
Eu sei de cor as suas desculpas esfarrapadas e mentiras, suas resistências bobas em negar os 220 volts que existem entre a gente.
Não por acaso, a gente fica assim mesmo: pelas metades, como de praxe. Pra não perder o costume e o que quer que seja que exista entre a gente.
Tenho sentido tanta coisa, tanta coisa que nenhuma bateria de escola de samba jamais sentiu prestes a entrar na Avenida.
E agora, imagino que beijar sua boca seria como estender esse amor pelos cantos, pelos atrasos e pelas despedidas insinceras que só querem um pedido desajeitado para voltar amanhã, sempre amanhã
Preste atenção, então: não fique, não hesite, não enjoe com os seus próprios desamores, nem com o doce do café que não te agrada, nem com o amor que não te cabe.