Coleção pessoal de luannyfernanda
eu tinha um
sorriso largo
no meu rosto
quando queimei
as pontes
para todas as coisas
que eu não podia
restaurar.
Eles nos
assistiram queimar
antes que
achássemos
que poderíamos ser
o que somos,
antes que
achássemos
que seríamos capazes
de qualquer coisa,
muito mais
do que eles são.
era uma
vez,
uma princesa
que nasceu das cinzas
que seus amores-dragão
fizeram dela
&
se
coroou
a
rainha de
si mesma.
esta história
não é um conto de fadas bruxas.
não há
bruxas.
não há
caça às bruxas.
não há
caras que ateiam fogo.
não há
fogueiras.
não há
uma revolução ardente.
esta é uma história
simples
na qual as mulheres
lutam contra
a estrutura
criada pelos homens,
que permaneceu
muito mais tempo
do que queríamos.
Você ri do medo que eu tenho de você me pedir em namoro, sofre em silêncio quando eu falo que tenho medo de enjoar de você e tenta entender o motivo de eu ter tantos medos escondidos por trás da minha mania de demonstrar segurança.
Eu acredito na humanidade e busco nela uma resposta. O tempo é curto e tão mal utilizado; a vida passa e estamos eternamente atrás do futuro. Queremos certezas aos montes, buscamos explicações para tudo, quando o que realmente importa é a surpresa do próximo segundo. A demora de um sorriso explica o que a ciência jamais poderá decifrar.
Atrás dessas grades deve ter um mundo novo, só esperando que eu saia para ser descoberto. Novas pessoas esperando por novos tempos. Novas vidas esperando por novos ares. Só esperando.
Eu também espero. Espero um dia sair de casa e ter a certeza de que vou voltar. Ter certeza
de que mais uma criança no mundo não é sinal de preocupação e sim de alegria. Eu queria poder
ter certezas.
-Eu tenho. Tenho um milhão de medos presos aqui nessa linha. Se você desligar, sua vida vai seguir. A minha vai ficar contida nesse aparelho eletrônico. Eu já sou contida de tantas maneiras... Na verdade eu só queria te dizer que por mais que o tempo passe, não consigo preencher meus buracos. Eu olho em volta e não procuro nada. Só porque eu sei que não há nada. Só porque eu sei que o nada que eu quero tá longe de mim. É tudo um enorme, frio e presente nada. Um vazio do tamanho da minha quase existência. Eu quase existo, sabia? Afinal, quem existe por inteiro? Eu não. Eu sou metade amada (porque ninguém me assume por inteiro); metade interessante (porque assusto quem eu quero aproximar e frustro os que ignoram minha muralha); metade culpada (porque ninguém tem obrigação de me amar de verdade quando eu crio bloqueios tristes e vazios). Se você quiser desligar, tudo bem. Eu só tava fazendo drama. Claro que eu vou sobreviver, né? Nunca precisei de uma ligação pra me manter inteira. Mas me diz, e você, tá bem?
Eu não quero a rotina desleixada do estresse, dia a dia comum. Quero disciplina, luz, foco, tempo e espaço. O aqui e o agora repetidos em diferentes aquis e agoras.
Ei, não tenta entender as voltas que eu dou sozinha. Deixa só um mistério estranho de filme trash. Ninguém quer descobrir o que há por trás da mulher diferente, mas ela ainda é a mulher diferente que deve ser descoberta.
Passo horas falando pra ficar muda de repente, passo toda a segurança do mundo pra me derrubar em medos bobos. É que tudo fica mais legal em constante mudança. E eu nem sei mais ser a mesma sempre.
“No caso das borboletas, o bater de asas de uma delas em um determinado lugar do mundo pode gerar uma movimentação de ar que, intensificada, desencadearia a alteração do comportamento de toda a atmosfera terrestre, para sempre. Parece loucura, mas acontece todos os dias, e chamamos de acaso.”
Esse desejo incontrolável de voltar é apenas a vida me dizendo para andar pra frente e não voltar nunca mais.
Eu descobri que tentar não ser ingênua é a nossa maior ingenuidade, eu descobri que ser inteira não me dá medo porque ser inteira já é ser muito corajosa.
Os grandes amores são assim mesmo, eles nos dão o caminho da emoção, mas os sentimentos de verdade são apenas nossos, ninguém copia, ninguém leva, ninguém divide...
(...) sabia que tinha alguma coisa fora do lugar em mim. Eu era uma soma de todos os erros: bebia, era preguiçoso, não tinha um deus, idéias, ideais, nem me preocupava com política. Eu estava ancorado no nada, uma espécie de não-ser. E aceitava isso.
Advogados, médicos, bombeiros mecânicos, eles é que ficavam com a grana toda. Escritores? Os escritores morriam de fome. Os escritores se suicidavam. Os escritores enloqueciam.