Coleção pessoal de luanasdias

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E te desprezo do alto de minha juventude. Mas, no fundo, é pura vontade. Temor da vontade antiga que nunca passa.

O estrago que um olhar a mais – ou a menos – consegue causar.

Meu rosto, inexpressivo, diz tudo o que desejo que saibam.

Continuamos sendo apenas enigmas.

A certeza do engano me agride como um tapa.

Algumas pessoas simplesmente te obrigam a mentir para elas.

Mas não reclamo mais: sou quem proclama sempre esse delírio, e quem engana sempre e quer sempre demais.

Quase nada consegue reverter uma antipatia gratuita.

Daqui tudo me parece sujo, e até mesmo esse café, que me leva pelo dia, me enoja; sou levada a escrever numa tentativa de sublimar.

E são sempre nossos fios que se embaraçam pelas noites afora em que nem mesmo nos encontramos.

Me decidi pelo silêncio que, aliás, tenho aprendido a usar bem. (Ainda desando a dizer o que não devo, mas paciência, essas coisas levam tempo.)

Arruinei cada reticência, transformei todas em pontos finais.

Padeço sempre das tensões causadas por minhas intensas intenções.

Sou o que me permito. E também aquilo que, em mim, proíbo.

Toda entrega se dá pelos detalhes.

Saio à cata de meus fragmentos, como quem junta pequenos bens para se sentir menos miserável.

Retiro você de mim como quem rasga uma página.

Impressionante o poder que as pessoas não têm, mas conferimos a elas.

Prego muito, resisto pouco.

Tenho a receita para minha felicidade, mas os ingredientes ainda me faltam.