E te desprezo do alto de minha juventude. Mas, no fundo, é pura vontade. Temor da vontade antiga que nunca passa.
O estrago que um olhar a mais – ou a menos – consegue causar.
Meu rosto, inexpressivo, diz tudo o que desejo que saibam.
Continuamos sendo apenas enigmas.
A certeza do engano me agride como um tapa.
Algumas pessoas simplesmente te obrigam a mentir para elas.
Mas não reclamo mais: sou quem proclama sempre esse delírio, e quem engana sempre e quer sempre demais.
Quase nada consegue reverter uma antipatia gratuita.
Daqui tudo me parece sujo, e até mesmo esse café, que me leva pelo dia, me enoja; sou levada a escrever numa tentativa de sublimar.
E são sempre nossos fios que se embaraçam pelas noites afora em que nem mesmo nos encontramos.
Me decidi pelo silêncio que, aliás, tenho aprendido a usar bem. (Ainda desando a dizer o que não devo, mas paciência, essas coisas levam tempo.)
Arruinei cada reticência, transformei todas em pontos finais.
Padeço sempre das tensões causadas por minhas intensas intenções.
Sou o que me permito. E também aquilo que, em mim, proíbo.
Toda entrega se dá pelos detalhes.
Saio à cata de meus fragmentos, como quem junta pequenos bens para se sentir menos miserável.
Retiro você de mim como quem rasga uma página.
Impressionante o poder que as pessoas não têm, mas conferimos a elas.
Prego muito, resisto pouco.
Tenho a receita para minha felicidade, mas os ingredientes ainda me faltam.