Coleção pessoal de LordTas
A vida é demasiado curta para nos permitir interessar-nos por todas as coisas, mas é bom que nos interessemos por tantas quantas forem necessárias para preencher os nossos dias.
O fato de uma opinião ser amplamente compartilhada não é nenhuma evidência de que não seja completamente absurda; de fato, tendo-se em vista a maioria da humanidade, é mais provável que uma opinião difundida seja tola do que sensata.
Um dos paradoxos dolorosos do nosso tempo reside no fato de serem os estúpidos os que têm a certeza, enquanto os que possuem imaginação e inteligência se debatem em dúvidas e indecisões.
O truque da filosofia é começar por algo tão simples que ninguém ache digno de nota e terminar por algo tão complexo que ninguém entenda.
Tanta gente reclama que a vida nunca lhe deu uma segunda chance... Já seria muito se ela fosse obrigada a dar uma primeira.
Segunda chance
Cuide para não conceituar pessoas por seu histórico, por suas origens ou pelo que ela aparenta. Isto pode levar a sérios equívocos.
Um homem não é as roupas que veste, não é o lugar de onde veio, nem é o que fez no passado.
Conceituar as pessoas pelo que fizeram no passado é não confiar na própria evolução do indivíduo, e está claro que todos os indivíduos evoluem em suas vidas.
Além disso, há muito sobre a vida de uma pessoa e seus supostos erros que escapam ao conhecimento e à compreensão de todos, porque há coisas que são essencialmente íntimas, e não é lícito fazer julgamento nenhum, que dirá daquilo que não se tem total conhecimento.
Sim, uma pessoa pode regredir também, mas não é olhando o passado dela que você observará isso, mas com os olhos fitos no presente.
Mesmo que tenham cometidos erros gravíssimos no passado, é possível que essas pessoas se recuperem e evoluam de modo surpreendente, bastando que encontrem ambiente favorável e, no sorriso das pessoas, uma segunda chance.
Não me resuma em seus simples padrões, não me resuma.
pois não sou corpo, sou alma.
e vivo muito além do que meu exterior possa demostrar.
O Contrário do Amor
O contrário de bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de entrar na escola. Se você fizer uma enquete entre as crianças, ouvirá também que o contrário do amor é o ódio. Elas estão erradas. Faça uma enquete entre adultos e descubra a resposta certa: o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença.
O que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a lhe odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido por completo da sua existência? O ódio é também uma maneira de se estar com alguém. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não consta mais do cadastro.
Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela face e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.
Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bungee-jumping, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada.
Uma criança nunca experimentou essa sensação: ou ela é muito amada, ou criticada pelo que apronta. Uma criança está sempre em uma das pontas da gangorra, adoração ou queixas, mas nunca é ignorada. Só bem mais tarde, quando necessitar de uma atenção que não seja materna ou paterna, é que descobrirá que o amor e o ódio habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença é um exílio no deserto.