Coleção pessoal de Locatelli_fausto
Encontrar um amor é sorte, mas mantê-lo é competência. O acaso pode colocar alguém no seu caminho, mas é o esforço, o diálogo e o sacrifício que determinam se essa pessoa ficará. Amar pode começar no acaso, mas só continua no propósito.
Nos tempos modernos, confundimos desejo com amor e distração com conexão. Não buscamos mais a profundidade de um relacionamento; buscamos alguém que preencha nossas horas vagas e não exija muito esforço. A superficialidade virou padrão porque exige menos comprometimento.
O amor nos tempos modernos não morreu, mas está em coma induzido. Foi sufocado por expectativas irreais, apps de encontros e a pressa de consumir pessoas como produtos descartáveis. A promessa de conexão virou catálogo, e o romance, uma transação.
Ser autêntico é um ato de guerra num mundo que nos ensina a ser cópias. Desde cedo, somos moldados para caber, para agradar, para seguir padrões. Mas romper com isso exige mais do que coragem — exige aceitar que ser você mesmo é, muitas vezes, ser sozinho.
A insatisfação não é um defeito, é um sintoma de quem enxerga demais. Os que estão confortáveis com a vida geralmente não a questionam. Insatisfação é o preço que pagamos por não aceitar as mentiras que contamos a nós mesmos.
A insatisfação com a vida é como um vício: quanto mais tentamos preenchê-la, mais sentimos o vazio. Vivemos em busca de algo que nos complete, mas talvez o erro esteja em acreditar que precisamos ser completos. Talvez a vida seja só isso: um eterno inacabado.
Aceitar a vida como ela é não é conformismo, é lucidez. É entender que nem tudo precisa ser perfeito, resolvido ou ter um propósito. Resistir à realidade só aumenta o sofrimento, porque o mundo não vai se ajustar às nossas vontades. Aceitar é mais difícil do que lutar, porque exige encarar que somos pequenos diante do caos.
Envelhecer é se dar conta de que a gente nunca vai ser quem imaginou. Todos os planos e sonhos que pareciam tão certos ficam menores à medida que o tempo passa. A gente só aprende a viver com as expectativas quebradas. O problema não é envelhecer, é perceber que as versões de nós mesmos que idealizamos nunca saem do papel. Cada ano traz uma versão mais real de quem somos, e nem sempre é uma versão que gostamos de ver.
A felicidade não é algo que se conquista. É uma distração temporária do desconforto que acompanha a existência. Tentamos encontrá-la, mas ela só aparece quando paramos de procurá-la. Passamos a vida achando que precisamos de mais para ser felizes, quando na realidade, ser feliz é só parar de querer o que não temos. A felicidade nunca dura porque a vida não foi feita para ser permanente.
Envelhecer é perceber que as promessas de "melhorar com o tempo" são uma mentira. À medida que envelhecemos, aprendemos que a vida é mais sobre o que perdemos do que sobre o que ganhamos. Com o tempo, você começa a entender que muitos dos sonhos que você tinha não passam de ilusões que a juventude te vendeu. No fim, envelhecer não é acumular sabedoria, é aceitar que as coisas nunca vão ser como você imaginou.
Envelhecer não é perder tempo, mas ganhar peso — não no corpo, mas na alma. Cada ano que passa deixa marcas invisíveis: as memórias pesam, as escolhas rejeitadas se acumulam, e o futuro encolhe enquanto o passado se alonga. Talvez o maior fardo de envelhecer seja perceber que nunca fomos tão leves quanto pensávamos.
O silêncio da solidão não é o problema; o problema é o que ele revela. Ele nos força a confrontar as perguntas que evitamos, as partes de nós que escondemos. Preenchê-lo com vozes externas é só um band-aid para uma ferida que nunca se fecha. Talvez o verdadeiro desafio da solidão seja descobrir que o que falta não é companhia, mas aceitação do que somos.
A vida não é cruel nem bondosa; ela simplesmente acontece. O sofrimento nasce quando acreditamos que ela nos deve algo — amor, justiça, sentido. No fundo, somos nós que criamos essas dívidas com expectativas que nunca serão pagas. Talvez o segredo seja parar de pedir explicações e apenas assistir ao espetáculo sem final definido.
Somos máquinas programadas para buscar sentido em um universo que não se importa. Talvez a maior piada cósmica seja essa: procuramos significado onde só há caos, e chamamos isso de viver. A paz talvez não seja entender o absurdo, mas abraçá-lo. Afinal, a vida nunca prometeu fazer sentido — fomos nós que inventamos essa promessa.
Toda fuga é um retorno disfarçado. Fugimos das cidades, mas carregamos nelas os medos que criamos. Fugimos das pessoas, mas elas continuam ecoando em nós. A verdadeira fuga, talvez, não seja correr, mas aprender a ficar parado sem se destruir.
Educamos crianças para um mundo que não existe mais, com ferramentas de ontem para resolver os dilemas de amanhã. No fundo, a educação formal é como ensinar alguém a nadar desenhando gráficos sobre água, enquanto o oceano que importa está lá fora, ignorando todas as regras.
Os coaches modernos são os alquimistas do vazio: transformam clichês em mantras e vendem fórmulas mágicas para problemas complexos. Eles prosperam na insegurança alheia, prometendo sucesso sem esforço e felicidade sem contexto. O perigo dos coaches não está apenas em suas promessas vazias, mas em sua habilidade de simplificar o que é intrinsecamente humano – as dúvidas, os erros e as incertezas. Eles não guiam, desviam; não ensinam, distraem. São o sintoma de uma era que busca atalhos para tudo, inclusive para a vida.
O amor Pix é a metáfora perfeita para a instantaneidade dos afetos modernos. É rápido, direto e sem garantias de reembolso emocional. Funciona no calor do momento, mas carece de investimento a longo prazo. Como na transferência bancária, basta um clique para enviar ou receber, mas o vínculo criado é, muitas vezes, transitório. É o amor na era da transação: prático, eficiente, mas com pouca profundidade.
Somos bombardeados por informações que não pedimos e opiniões que não precisamos. A modernidade nos transformou em colecionadores de distrações, e a verdadeira tragédia é que confundimos isso com conhecimento. Estamos cada vez mais cheios de dados e cada vez mais vazios de sabedoria
A humanidade moderna é tão frágil que precisa de validação para existir. Postamos nossa comida, nossos rostos, nossos pensamentos, porque, sem isso, nos sentimos irreais. É como se estivéssemos gritando para o vazio: “Eu estou aqui!”, enquanto o vazio responde: “E daí?”