Coleção pessoal de Lizzyauer

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Há uma grande guerra no mundo. Todos contra nós mesmos.

Da minha mãe eu prefiro não falar.
A emoção é tão grande, o sentimento é tão forte, que não aguento; as palavras começam a vazar pelos olhos.

Um brinde as sardas; as espinhas; e ao ovo frito.
Um brinde a frivolidade caiada.
Quero uma selfie do meu quarto revirado, do meu look em dia de faxina.
Um brinde ao volume do cabelo, e ao pão com tomate.

Um brinde a cereja que eu roubei do bolo, e ao bolo que levei da vida.

Um brinde as meias rasgadas, e um brinde ao pinhão que esmaguei no dente.
Vamos brindar os que se assumem apaixonados, e brindar aquele presente improvisado.

Um brinde ao amor perdido, ao aniversário esquecido.
Um brinde ao mendigo!

Sem desculpas, culpas e negações.
Vamos brindar a pele ressecada, e a conta negativada.

Brindemos a realidade das coisas, da vida, dos sentimentos, da sorte.
Traga lá um chimarrão! Vamos brindar de cuia, que o vinho anda muito caro.

Nasci em 83
sou cria da enchente
aprendi a nadar na vida
boiar se for necessário…

Olha que muitas vezes
como disse o profeta,
"águas que me tocam os artelhos"
mas eu continuo a andar…

Nasci em 83
brinquei de elástico,
abracei um boneco de plástico,
aprendi a cirandar,
cheirar parede sem criar caso…

E olha que muitas vezes
como disse Ezequiel,
"águas que me dão pelos joelhos"
e eu continuo a marchar…

Nasci em 83
usei anel de chiclete,
(escondido do pai)
aprendi a cantar inglês errado,
improvisar se for o caso…

E olha que muitas vezes
como disse o profeta,
"águas que me dão pelos lombos"
mas eu continuo a me arrastar…

Nasci em 83
me apaixonei por Jaspion,
fui mal influenciada por Alf,
aprendi a brincar de correr,
esfolar os joelhos com frequência…

E olha que muitas vezes
como disse Ezequiel,
"águas que se deve passar a nado"
mas mesmo nadando eu passo…

Nasci em 83
brinquei com panelas de barro,
aprendi a correr de vacas,
pular cercas se for o único escape…

E olha que muitas vezes
como disse o profeta,
"rio pelo qual não se pode passar"
mas eu flutuo, e passo…

Nasci em 83
sou cria da enchente
faço barco de papel,
acredito em profetas,
não me deixo afogar.
E se as aguas inundam meu caminho
eu aprendo a mergulhar.

Amo-te!
E amar é mais estranho,
que declarar-se prescritivamente .

Neologismome. Sou introspecomplexa

Creio: o ateísmo alheio não muda meu relacionamento com Deus.
Admiro: minha fé em Deus não desabilita a inteligência do ateu.
A verdade é que há tanta perspicácia no descrente, que a origem de tal mente, só pode ser divina.

O lugar que você mora não determina quem você é,
mas o que você frequenta diz muito sobre você.
E falando em lugar, existe um bem arriscado; nome dele é excesso.
Excesso de conversa; excesso de comida.
Excesso de dieta; excesso de bebidas.
Excesso de trabalho; excesso de vaidade; de diversão; de remédios.
Excesso de limpeza; excesso de manias.
Evita pisar o terreno dos excessos.
É areia movediça.

Fingindo indiferença vamos delongar…
Não tenho pressa de simular amor antes do fim.

Um dia você muda.
Muda os planos
Muda os sonhos
ou deixa eles adormecerem
como sementes que já não carregam mais a vida.

Um dia você olha para si mesmo
e percebe que investiu demais
esperou demais
e tudo o que alcançou foi cansaço.

Um dia você deixa de pensar na inocência dos anseios mais queridos
e passa a viver pelo simples fato de que não pode morrer.

Um dia a tristeza bate a porta
e você não quer abrir
porque já nem ela importa mais.

Um dia você simplesmente já não se preocupa com o dia seguinte.
Afinal é só mais um dia.
E só seu e de ninguém mais.

Um dia você só quer esperar pela noite.
Esperar que ela traga o silêncio da voz do céu
O silencio que quando se quebra
cria a luz e da forma ao que é vazio

Um dia tudo é vazio
e o vazio é um eco
que faz tremer o pó.

Um dia você é só pó
esperando pelo sopro de Deus.

Sou tapume, barulho, poeira.
Sou e tenho entulhos em cada canto de mim.
Sou uma completa desconstrução.
Um projeto em andamento.
Obra completa será o meu fim.

A poesia me abandonou. Mas já estou acostumada a abandonos.

Não faz sentido algum pedir para alguém triste não chorar.
O ar é para os pulmões.
O riso é para a alegria.
O alimento é para a fome.
E a lágrima é para o dia da aflição.

É notável que não pode existir dor no céu. Olhando daqui já é um pouco anestésico.

Se alguém diz que te ama, e se irrita com tua felicidade.
A contradição das palavras é o que define os sentimentos.

Dor crônica.

Espero o descanso da noite como o bebê faminto pranteia pelo seio materno.
Não há descanso no seio da noite, e a minha dor não cessa.
Então espero que o sol traga alívio em seus raios quentes.
Nasce o sol, e minha dor é maior que ontem.
Espero então pela chuva.
Espero que a orquestra de gotas tocando a superfície das coisas me deem a distração necessária para não sentir tudo isso.
Chove, e a música da chuva não me anestesia o corpo, ao menos tenho a desculpa aceitável de estar sem condições de outra coisa.
E a sinfonia necessária para fazer relaxar a decepção da alma.
Tenho na chuva o direito comum de dormir. Como se tudo fosse preguiça.
Medico-me e durmo. E acordo sem a obrigação de acordar como quem descansou.
É dia de chuva. É permitido ser improdutivo.
Posso oferecer ao meu corpo tudo o que ele precisa, e que será minimamente suficiente.
E isso me torna como todos os outros irmãos meus.
Sem culpa, e sem cansaço.

Meu sonho é como que uma casa
como que feita de carinho
de paz,
de vontade,
de sabedoria.
E fé.

Quando dizem
não vai dar.
coloco ainda mais um tijolinho.

Construindo
construindo
construindo.
Esse meu sonho
que de tão impossível
já parece um castelo.

Impossível é onde todos se apegam.
Impossível é o que eu quero.

Construindo
construindo
construindo
de um sonho não se desiste
quando cada tijolinho é pedra
como que feita de fé.

Entre a faca e o queijo
Adélia Prado escolhe a fome.
Eu, amante de um farto prato
Não quero nem faca nem queijo
Prefiro o fazendeiro...

Gente que verdadeiramente te ama não despreza o teu sorriso.
Valoriza tua beleza.
Tem orgulho das tuas conquistas.
As outras é melhor deixar ir.

Se um inimigo te acusa. Alegre-se pois é um inimigo que acusa. Dor maior é ser desprezado pelo irmão.