Coleção pessoal de LiviaSamara
Descanso
Vício de fumar. Mania.
Costume de fazer sempre a mesma coisa.
Chega a ser defeito ou prejuízo.
Quanto vai ser o prejuízo desta vez?Um mal-estar causado por bebedeira? Um pouco de canseira, um pouco de fadiga?
Feliz é quem ama tudo,não amando nada
Acho que todos admiram as mesmas coisas: a sinceridade,bom senso de humor,personalidade forte, caráter. A sinceridade é uma grande qualidade,peço desculpas,mas sinceramente,eu não disse nenhuma mentira,certo?
Era pra estar sempre de bom humor dentre as aparências sérias.
Era pra gostar tudo,e nunca gostar de nada.
Eu odeio minhas unhas ruídas.
Odeio o formato e a cor das minhas mãos.
Eu odeio o barulho de cidade grande.
De carros em final de festa.
Odeio as conversas de vizinhas,sentadas nas cadeiras velha em frente de casa.
Eu odeio arroz com cebola,embora eu gosto de cebola em saladas.
Eu odeio minha barriga.
Eu odeio chá preto, nunca provei nada mais amargo!
Eu odeio tomar banho cedinho.
Eu odeio sandálias e roupas coladas.
Eu odeio dormir tarde,embora eu não consiga dormir cedo.
Eu odeio tanta coisa, que seria indispensável pra mim deixa de mencionar.
Mas eu amo ouvir as radiolas antigas das vizinhas tocar no quintal,fazendo qualquer música se tornar antiga.
Eu amo dormir com lençol fino,porque nunca ficam quentes.
Eu amo as nuvens com formato de coelhos e girafas.
E amo sentar no lado da janela dentro do ônibus.
Eu amo a comida simples da vovó feita há anos que nunca perdeu o gosto.
Amo música de viola, música humilde...
Amo tapioca, e ainda mais quando me vendem quatro por apenas 2,00 reais.
Pra fazer a festa.
Pra encher barriga, pra poder oferecer...
Alimente-se de sutilezas
Essa menina foi feita de um sorriso, um sorriso bem discreto e silencioso, sorriso comprometedor, cheio de simpatia, ironia e desprezo.
Tem um corpo esperançoso de um jeito acanhado.
Tem os olhos delicados, como pétalas, cristais.
É tudo melodia.
Vinho.
Fragilidade emocional.
Chateava-se por qualquer motivo, afinal, uma situação problemática.
Casas quentinhas
Eu tinha um conjunto de coisas da vida num lugar,num tumulto.
Casei-me para ter um lar, um clima quente, uma casa quentinha.
Satisfazia algum sentido...
Terezinha
É uma emoção exagerada por alguma admiração sem motivo aparente.
Um sentimentalismo muito pra lá de romântico quando se referia a ela,aguardente feita de cana,sem importância, mas tinha obsessão,paixão dominante.
Está emocionalmente fora de si ou tomada por sensações adversas,intensas.
Com prazer,mede-se a alegria.
Um êxtase de Tereza.
Ele rasgava as folhas do caderno como quem sofria de um estranho constrangimento.
Seus problemas.
E talvez visse...
Antes de entrar observei os passos indo em direção de uma sala ao lado. Todos falavam do feriado animado.
Meu relógio marcava 2 e 34. Eu poderia jurar que estava atrasada!
Eles adoravam falar picuinhas antes das aulas,dava para ouvir de longe a menina reclamando pela falta de tempo.
Eu deveria estar calada...
Outra de óculos ali,comemorava o aniversário... 18? Não,não sei...
Desta vez a sala parece afastada do lugar.
Ainda assim,um garoto continuava sem amigos. Mas o que eu poderia fazer? Venho vivendo isso desde que entrei pro ensino médio, e ainda não sei bem o que pode me ser agradável.
Mas quem poderia entender Drummond, considerando-se maior que o mundo e num instante após, sente-se fraco á apelar... "Deus, porque me abandonaste?".
Pesavam, ah como pesavam.
Demais até. Tão longe, pois é. Pesava. E olhava... olhava-me tão decepcionantemente frio.
Tão desesperador que.
A gente tenta. Perde. Acostuma. Esquece. Chora. Padece. Adoece. Mal trata. Dificulta. Suporta. Aguenta. Tolera. Mas nunca... sobrevive.
De calçadas amarelas corria feito louca, e corria. Agora, pedira uma carona... mas vai devagar com essa impaciência maluca, meu bem.
Então ele se torna o poeta extremo.
- Agora vamos deixa-los conversarem entre si.
Respondi sorrindo.
Num desses recados folheados em branco, eu dizia. Dizia que estava ali, por um ou dois tempos. Provavelmente me perderia de vista. Restando-lhe esperar.
Abaixara os olhos outra tarde, pois lhe cansava ter que estar acordada boa parte desse tempo. Deixei o bilhete na geladeira, grudado num daqueles imãs quaisquer, sinalizando minha partida.
E fui... Ah! Se fui...
Fazendo cinco meses fora de tempo ou ordem, já não escrevia mais.
Desastre poético.
Se fosse possível, meu bem, eu diria.
Apenas uma pessoa, se isso fosse possível.
Certa existência poética me faltava nesta terça. Como sempre, me cobri de tudo que pude carregar.
Já conquistara outras vezes... Não me custa mais nada.
Como se palavras falsificadas pudessem me traduzir.
Mas deixei... Não poderia me deixar levar pela raiva dos mais velhos.
Voltei de mãos vazias.
Eu voltei de mãos vazias.
Sentei no sofá da sala... era bom habitar a noite amanhecida.
E dessa forma, eu dormi.
Nestas duas horas.
Seria uma das crises?
Para alguns, é só um caso. Quanto tempo?
Sem tempo, nem poesia... 48 horas de despejo.
Continuei.
Depois de 36 minutos de silêncio, ele disse: vou cantar pra você, mas deve-me guardar segredo...
Ele dizia pra mim parar um pouco com os livros, que tinha que acertar contas.
Pensaria em suicídio? Não, não...
Parou de falar. Contava-me que quando estamos em contato com Deus, ficamos vazios. Completamente.
As palavras seriam ruídos, não queria ouvir banalidades.
Seria impossível o poema. O último estrofe. Não se encontrava em nenhum lugar da casa.
Você deve achar que estou louca. Mas não acho, sou especialista em perder.