Coleção pessoal de linamarano

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Como o anjo poderia saber
que ela havia vendido a alma ao Diabo,
se não lhe via os olhos?

Mas não deveria sentir,
com sua sensibilidade de anjo
que algo estava errado?

É que até os anjos,
tem os sentidos avariados,
quando estão apaixonados!

Que o anjo aprenda
a não se meter com feiticeira
por mais que seja faceira!

(Anjo encegueirado)

Passada a claustrofobia
da oclusão dos sentimentos idos,
enclausurou-se em seu aconchegante casulo.
De lá, via todos, a perfídia negra,
posando de inocente abelha,
conservada em sua própria saliva.

The Cool(Me)méia

- Casas comigo?
- Ah caso!
- Ao acaso?
- Eu disse CASO!
- Sou um caso? És mesmo um casanova!
- Não amor, olha... já comprei a casa nova!
- Que casarão! Parece frio!
- Não tem problema, te sirvo de casaco!
- Então marquemos o casamento!
- Agora não! Bora acasalar.

( aCASO)

Findar um amor particular,
É como um parto!
Parte-se e reparte-se.

Na hora da partida,
Partidos os corações,
Amores à parte.

No particípio passado,
Não há partido vitorioso.
Das eternas partituras,
Partilha-se ...saudade!

Mas sempre fica,
Uma última partícula!

(Partículas)

- Que houve?
- In love, estou in love!
- Envolve o quê menina?
- Envolve tudo! Você, eu, nós...
- Nós? Desata isso!
- Então resolve logo! Não me envolve!
- Tem cá um revolver. Serve?
- Só se for pra me revolver a alma!
- Calma!
- Calma como? Se estou in love! Tá dentro, ou tá fora?
- Ora...No centro!
- Ai, num aguento!
- É a prova dos nove?
- Não! É love!
- E o que você resolve?
- Nossa, você é dose!

(In and Out of Love)

Ouça um conselho
Minh'alma é um espelho
Onde eu posso sonhar

Cada palavra, um chamado,
Tudo bem calculado,
Pra lhe enredar...

Vem anjo vermelho!
Me põe de joelho,
Me faz delirar...

Cada dia passado
É tempo enterrado.
Agora!.. é tempo de amar ...
(Anjo Vermelho)

As palavras me tocam de um jeito... as imagens as vezes até esqueço, mas as palavras ecoam... como a letra de uma música antiga. O meu mundo é acústico. Não gosto do silêncio total. Tem que ter um som de mar, de brisa, de quero-quero, de respiração...Silêncio pra mim é morte!

Perguntaram a um famoso poeta se ele não seria antiético por publicar os poemas dedicados a todas as ex-namoradas num mesmo livro. Ao que ele respondeu: É o mesmo livro, não a mesma cama!

A ética é antiética porque é imposta pelos mais fortes.

Muitas vezes, os julgadores da ética são os mais antiéticos!

No fundo, ética é como dogma religioso. Uma autodefesa para manter a instituição.

Quando não houver argumentos lógicos, virão as ladainhas éticas.

Quando não conseguirem te parar com a lei, tentarão dizer que você fere a ética.

Ética é um conjunto de regras para dizer que seu jeito não se enquadra no gosto da maioria.

Um beijo, uma carícia,
Um olhar penetrante,
O amor é uma delícia,
Que dispensa adoçante!
Vem amor, me sacia,
Me liberta dessa agonia!

Um beijo, uma carícia,
Um olhar é suficiente,
Vem assim com malícia,
Deixa meu corpo dormente.
Vem amor, me pega, me ama,
Me leva pra sua cama!

Um beijo que enfeitiça,
Um olhar malandrinho,
A tudo você cobiça,
E pra tudo tem jeitinho.
Confesso, isso me atiça,
Mas faça tudo com carinho!

Mais um beijo, não censuro,
Seu olhar revelador,
Quero tudo, eu juro,
Vamos amar sem pudor.

E depois de bem saciado,
Dormiremos lado a lado,
Na nossa alcova de prazer.
Mas que seja um sono curto!
Logo me acorde, pra gemer.

(Luxúria)

Um agrado...
e o grilo grudou na grama!
Graciosamente, ela grampeou.
Gritavam graças, grotescos ...
Grogues, grunhiam gramáticos,
grafando grosso e grande grotão.
(Gradear)

Voava,
Figura alada,
Enamorada
De um anjo só.

Atingiu-lhe, uma lufada,
Numa geada!
Amaldiçoada
Caiu, num cafundó.

Coitada!
A aleijada
Foi descartada,
Até da dó!

Mas levantou-se, numa virada
Empunhando a espada.
Sua gargalhada
É seu marajó.

Agora, anda armada,
Dando tragada
Em garrafada
De timbó.
(Quebrada, a asa)

Dicionário Tupi Guarani
Marajó - defesa
Timbó - planta que produz suco com a propriedade de atordoar e matar os peixes, sem contudo ser nocivo a quem os come

Para tirar o bolor
Nada como o reboliço
De um bolero
Que bole o corpo, bole a alma
E faz o amor
Se aboletar na gente

Todo dia, quando o sol nasce
É essa agonia, esse impasse!
E não há jeito, nem disfarce,
É na poesia, o nosso enlace,
Uma conversa de almas, face a face...
Pois que nos salve ou nos desgrace!
(Disse a Lua para o Sol)

Cada caco,
Do sentimento velhaco,
Tinha enfiado no saco,
Amarrado a boca c'um laço
E enviado pro espaço,
Pra dizer que esqueci!

Oh amor, és ingrato,
Mas meu céu é opaco;
Me rendo ao cansaço,
Estou só, no bagaço,
Não há brilho sem ti!

Toma de volta o meu braço,
No aconchego, o regaço,
Nesse amor me perfaço,
Não aceito o fracasso,
Me leva daqui!
(DesCOMPASSO)