Coleção pessoal de lilianeecaio

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Desculpa, eu sei que não faz sentido te escrever agora e já faz tempo desde que esse sentido sumiu. Por minha culpa. Mas é que hoje tem tanta gente aqui e ninguém me vê... Você me viu num momento desses e é do seu olhar que eu sinto falta. Do mundo parando só pra você ser meu.

Um dia você vai crescer. Não como cresce na semana em que me afasto, crescerá maior que eu.
Terá na voz um gole grosso de maturidade adquirida sem vontade. Terá nos olhos a mesma infância e alegria mansa que vejo hoje e assuntos adultos para argumentar contra mim.

Não desiste de mim. Por trás de tanta indecisão tem alguém que precisa de companhia mesmo fingindo que não. Tem alguém que odeia todo mundo num segundo e chora de saudades de todos no segundo seguinte. E de você principalmente.

Não sangra nem deixa marcas, mas escrever dói. Dói como a saudade do que não acontece, porque exterioriza sentimentos que eu escondo até de mim.

Estou tirando férias de mim. Férias das dúvidas que me derrubam, das ilusões que me levantam, porque tudo isso é muito temporário. E viver assim de pouquinho, sem nenhuma fixação, às vezes cansa.

Estou ficando morna de tanto não me permitir ir além, de tanto calcular meus passos, me esconder em falsa timidez, evitar sentimentos, evitar relacionamentos, evitar gente só por ser gente e pela possibilidade de alguma coisa dar errado.

Vou deixar você procurar em todas o que você só vai achar em mim, mas não vou te esperar. Quando você perceber, será tarde demais. Mas eu deixo você olhar, porque você é lindo calado e eu falo para um plateia inteira. Se algum dia Manequim for objeto de palco, a gente se encontra.

A vida se aprende nas perdas. É perdendo a liberdade que a gente descobre que não se encaixa, é perdendo alguém que a gente descobre que não vale a pena lutar por futilidades, é perdendo o apoio que a gente descobre que o resto do mundo não para só porque nosso mundo parou. A gente vai aprendendo a viver assim, na marra, no grito, no sufoco, no impulso.

Tenho a impressão de ter atingido o auge da minha maturidade, mas não tenho espaço físico ou moral pra existir nessa condição. Estou pronta pra largar tudo pra trás todos os dias, mas algo finca meus pés no chão sem eviso prévio.

Eu inventei histórias pra mim mesma,superei cada ausência com desculpas que eu mesma fiz.
...Ontem,poderia ter sido mais uma das várias recaídas que tivemos nesses quase 10 anos.Mas não foi.Tudo era diferente.Eu já havia aprendido a aceitar que o homem que mais amei na vida jamais ficaria comigo,que tudo fazia parte de um passado.Eu já havia aprendido a esconder esse amor dentro de mim,que eu nem lembrava mais que ele existia.Sabia que ele estava ali,mas eu não o buscava mais,então ele não vinha,não dava sinais,não aparecia.
Aprendi e foi difícil(como foi difícil)aceitar a ausência a nao tremer na presença.Aprendi a aceitar que tudo tinha se transformado em história que eu contava pra outras pessoas com saudade.E de repente ele estava ali na minha frente, e enquanto ele falava, eu o observava com carinho,deixei vim todas as minhas lembranças,deixei transparecer meu olhar de afeto...Olhava aquele rosto mais familiar pra mim do que o meu próprio e vi que aquela era a hora ,nao tinha como adiar mais,tudo que haviamos passado e que estávamos ali lembrando com tanto carinho,tinha que acabar ali.Eu tinha qye ser realista com meus sentimentox,estava adiando isso a tanto tempo,agora era a hora de saír de cena,deixar de viver um mundo de fantasias,deixar de ser fraca,de ignorar os fatos e me permitir sentir a dor na forma exata como ela doía.Eu não podia mais adiar isso.
Naquela hora,eu não queria saber como ia organizar meu coração novamente,eu só queria olhar pra ele,aproveitar cada segundo,dar aquele momento a importância que ele merecia.Afinal...Era meu maior amor!!!

E eu faria qualquer coisa pra morrer nos fins de semana. Só pra não ter que passar pelo sacrifício de ter que colocar um salto e fingir que tô feliz. Ou é morrer ou é sair. Ficar em casa é coisa de gente que sofre. E eu tô infeliz, mas prefiro colocar meu salto e ir fingir felicidade, do que dar audiência pra programa de humor barato na tv aberta. Então, enquanto eu não conseguir morrer no fim de semana, eu e meu salto iremos pro sacrifício. Ele finge que é confortável. E eu finjo que não preferia estar dormindo.

Olho pra tudo que eu fiz e vejo que eu coloquei tantos pontos finais nessa história que esses pontos deixaram de ser finais e se transformaram em três pontinhos. Mas não há nada depois deles porque você resolveu não voltar mais. A nossa história não teve fim. Agora só tem um vazio. E eu nunca vou saber até onde a gente podia ter escrito juntos. Eu nunca vou saber, e você já não se importa.

Alguns me chamariam de boba por escrever coisas tão loucas pra alguém que quer ficar tão longe. Mas a vida é muito curta e o silêncio nunca vai te mostrar o que eu quero te dizer, mesmo que você não queira escutar. Por isso eu escrevo.

É a minha felicidade me provando que eu nunca deveria tê-la colocado no sorriso ou no toque das mãos de outra pessoa. Porque agora você foi embora e nenhum outro sorriso me dá planos como o teu me dava. E quando você toca outra mulher, dá minha felicidade pra ela. É a vida me mostrando a inutilidade dos sentimentos quando alguém não volta mais pro meu colo, porque agora você pediu pra me perder e eu não consigo mais me encontrar.

O tempo vai levando pro passado todo aquele amor, ainda que aqui nada tenha tenha ido embora.

Ainda não sei ao certo se são as decepções que me perseguem ou sou eu que vivo atrás de ilusões. E é impossível não doer quando as melhores coisas da vida se mostram não tão boas. A gente cresce com uma visão de mundo que vai se modificando com o passar dos anos. Descobri tanta coisa que eu não queria, e tenho dúvidas que eu não suporto. Mas se me perguntam como eu tô, eu sempre digo que tô bem, porque é ainda mais difícil quando eu resolvo contar dos precipícios que a vida me joga. Tudo parece tão frágil agora, tão inconstante, e sempre tão passageiro. Não sei se sou eu ou o resto do mundo que é assim. Só sei que eu não tenho mais nada a perder, e não me consola pensar que não há mais erros a cometer porque não há mais ninguém pra me perdoar. É a condição da solidão absoluta. E mesmo que o acaso tenha me tirado muita coisa, no fundo eu sei que as mais importantes foi eu quem joguei fora. Ou não. Afinal, tudo é passageiro não é? Principalmente as ilusões. E se eu for pensar na verdade, no fim é só o que eu perdi, ilusões. Isso me faz acreditar que tudo vale a pena, por pior que seja o preço. Mas ás vezes eu não quero a verdade. Nem a ilusão. Eu só quero não doer inteira quando toda a verdade bonita que eu conservei durante longas estações se desfazem em tão pouco tempo. Talvez a verdade seja só uma teoria que eu entendi errado. Ou talvez não exista jeito certo de entender. Talvez eu nunca descubra e saia desse mundo com mais mil verdades doloridas e um alivío intenso de estar saindo dessa loucura que é tentar entender as outras pessoas. Porque no fim eu só vivo pra isso, pra tentar entender as coisas. E nem eu sei porque continuo quando sei que sempre vai acabar doendo.

Ele me surpreendeu do pior jeito possível. Foi de cara, num susto. Ele voltou praquele lugar que ele já conhece bem, pro colo daquela que já esteve no passado. E eu nem cogitei essa hipocrisia quando escrevi aquelas coisas piegas. De repente, me sinto tão bobinha que eu quase sinto vontade de me jogar de algum lugar alto. A partir de hoje não escrevo mais cartas porque é sempre invevitável enviar, e ele não merece mais a intimidade que ele tinha quando eu escrevia pra ele. A intimidade dele não é mais minha, e a minha não é mais dele. Nossas vidas se separaram num trecho sem retorno e aquele amor não pode mais vencer a força do desencontro. Porque agora ele diz te amo pra ela. E eu me esforço pra gostar pelo menos um pouquinho de alguma outra coisa que não seja ele. E se antes eu queria outra resposta, agora não quero mais ouvir nada. Não quero esperar mais nada. Não quero saber mais nada. Nada. É isso que eu quero dele. Pra sempre.

Nunca mais faço castelos em cima das pessoas. Apartir de agora eu só construo pontes até elas. Que é pra quando elas forem embora, eu ter pra onde voltar.

Esqueceram de me avisar que procurar motivos pra viver é uma luta eterna, e que essa guerra é só minha, embora nem sempre eu esteja sozinha. Esqueceram de me avisar que o mundo não é justo e que a verdade nunca é uma só. Não há fórmulas certas pra ser feliz. Esqueceram de me avisar que eu não posso me entregar na mão de ninguém, pois mais cedo ou mais tarde as pessoas vão embora e eu vou ter que saber o que fazer comigo. Esqueceram de me avisar que a vida é curta, mas se eu não souber viver ela será mais curta ainda. Deveriam ter me contado que existir quase nunca é fácil, mas que sumir do mundo é bobagem quando se lembra que amanhã é outro dia e tudo pode acontecer. É natural se perder de vez em quando, só não desista de se encontrar.

Você vai me dizer que a vida é assim mesmo e me provar que eu sou só mais uma apaixonada patética que não se cansa de testar o limite de sofrimento que suporta. As suas respostas eu sei decor e você não se esforça pra me surpreender. Mostrando que não se esforça mais pra nada que seja por mim. A que ponto cheguei.De novo me atirando nesse esgoto pra tentar consertar as coisas que já foram pelo ralo. Me vejo tão boba. E tão corajosa. E tão insistente. É bom ser corajosa, mas preciso aprender a ir embora. Essas tuas partidas doem tanto. E eu continuo aqui, parada e dolorida te escrevendo minhas loucuras. Vou saber lá em que braços você anda se jogando por aí e que promessas você tem feito por aí. E eu aqui guardando meus braços e promessas pro fim do mundo. Que com certeza vai chegar antes de você. Volta pra mim o caramba. Preciso parar com essa mania de te amar, e começar a me amar um pouco mais.