Coleção pessoal de Licocarneiro
"Mesmo quando eu estava no orfanato, quando percorria as ruas tentando encontrar algo de comer para me manter vivo, mesmo então pensava em mim como o maior ator do mundo. Eu tinha de sentir a exuberância que é fruto da absoluta confiança em si mesmo."
"Eu sou a favor da pena de morte no Brasil. E deveriam começar pelas pessoas que empacam no lado esquerdo da escada rolante."
"De que importa toda sua inteligência, sua cultura e soberba, se quando alguém fala você não para pra escutar?"
"Restart está para o rock como cone crew está para o rap como the walking dead está para as séries como aba reta está para a moda como naldo está para água de coco como academia está para o verão como a carpa está para a tatuagem como o absurda está para os óculos como como a falta de conteúdo está para o ser humano = modinha"
"Fui dar um rolê em um parque na hora do almoço, procurei uma grama bem confortável e deitei pra dar aquela pensada na vida e relaxar. Alguns segundos depois me chega um guardinha ofegante de bicicleta: "Ei senhor, senhor! Não pode deitar" Perguntei: "Ahh ta, não pode deitar aqui... nesse lugar?" "Na verdade não pode deitar em lugar nenhum dentro desse parque, só sentar... deitar é proibido!" Até pensei em perguntar o porque, mas desisti. Levantei e caí fora. Proibido... Deveria ser proibido eu ouvir uma babaquisse dessa."
Você está em pé no metrô lotado. Uma pessoa quer passar, então você fica todo torto mas gentilmente cede a passagem. Porém pra sua surpresa ela não queria passar e sorrateiramente rouba o seu lugar e você fica se equilibrando que nem o michael jackson no smooth criminal só que com um pé só e de costas."
"Naquele dia cumpri rigorosamente o protocolo de um estagiário. Sorrisos pra cá, bom dia pra lá, cafézinho daqui, um "precisa de alguma coisa senhor?" acolá, e ao final do expediente completei o primeiro dia de serviço e fui embora com uma sensação melhor do que ser um inútil que é mal remunerado, a sensação de ser um inútil NÃO remunerado. Sim, eu tinha caído na conversa de que estava sendo pago com conhecimento. Mas eu não pensava assim reclamando da vida, e sim pelo lado engraçado. A vida é cômica se parar pra pensar. E cá entre nós, dá pra se rir de tudo, tudo mesmo. Mais tarde eu ia perceber que a vida é repleta de "estágios não-remunerados", só que com nomes diferentes.
Assim que descia do ônibus, eu desembarcava no ponto em frente a uma padaria em que costumeiramente eu parava pra comprar algumas carolinas, no fundo eu acho que existia algum espírito de gordo guloso dentro de mim. A balconista dessa padaria era uma mistura mal misturada de gordinha sexy com gostosa não-sexy, se é que dá pra entender isso. De toquinha branca ela me servia os dois pães, sempre dos mais branquinhos, a gosto do cliente. E nossa conversa se resumia em "Bom dia" e "obrigado", tudo bem, eu nunca ia querer pegar ela mesmo."
Os moradores saíram por onde entraram, um por um, com esse estranho sentimento de satisfação íntima que o homem mais compassivo não pode esconder diante do sofrimento alheio, seja até do amigo mais querido, do maior amigo.
Os primeiros meses foram decididamente os mais difíceis.
Toda noite, Liesel tinha pesadelos.
O rosto do irmão.
De olhos fixos no chão.
Ela acordava nadando na cama, aos gritos, afogando-se no mar de lençóis. Do outro lado do quarto, a cama que fora destinada a seu irmão flutuava nas trevas feito um barco. Aos poucos, com a chegada da consciência, parecia afundar até o chão. Essa visão não ajudava em nada e, em geral, passava-se um bom tempo antes de os gritos pararem.
Possivelmente, a única coisa boa advinda desses pesadelos era que eles traziam ao quarto Hans Hubermann, seu novo papai, para acalmá-la, acarinhá-la.
Ele ia todas as noites e se sentava com a menina. Nas primeiras duas vezes, só fez ficar com ela - um estranho para matar a solidão. Noites depois, sussurrou:
- Pssiu, eu estou aqui, está tudo bem.
Passadas três semanas, abraçou-a. A confiança se acumulava depressa, graças á força bruta da delicadeza do homem, a seu estar ali. Desde o começo a menina soube que Hans Hubermann sempre apareceria no meio do grito e não iria embora.
Uma definição não encontrada no dicionário
Não ir embora: Ato de confiança e amor,
comumente decifrado pelas crianças
Desperto quando sinto que meu corpo, sabe a hora que seu corpo vai tocar no meu
me dizendo com seus gestos, sinais e restos, que se tornam, por se tratar do que
ainda sobrou, do que ainda resistiu, você... verdadeiramente.
Desperto quando no interior da madrugada, da minha madrugada, onde talvez eu já estivesse
dormindo se não fosse a vontade de estar com você, me mantendo acordado... acordado e também
disposto a entender que no oposto talvez esteja a perfeição. Não no oposto do que você se imagina,
mas sim do que você é.
Desperto só de olhar um raio de luz entrando pela fresta da cortina, esquentando o lugar
onde você estava e esteve até imaginar que pensamentos bons não passam de amor...e vice-versa.
Desperto ao acordar dentro do meu sonho, acreditando que ali minha imaginação me levaria a
lugares inimagináveis, lugares extradiordinários, que eu sempre quis conhecer, desvendar,
me extasiar... e acabo me surpreendendo novamente, desta vez comigo e com minhas vontades,
acabo sentado, num banco de praça, conversando comigo mesmo, me indagando porque tantas
vezes fui covarde, mas me parabenizando pelas tantas vezes que tive coragem, discutindo
porque tantas vezes deixei a oportunidade passar, apesar de tantas outras que fiz ela acontecer,
acabei dando risadas, daquelas de ficar com dor de barriga, ao ouvir novamente as piadas que um dia
contei, e felicitando-me mais ainda porque alguém as havia entendido, desesperei-me ao re
lembrar as aventuras que passei e os momentos que pensei que nada fosse dar certo, conversei
debati, discuti idéias de muitos outros assuntos, mas uma questão nem eu mesmo pude
me responder: porque eu deixei você ir embora?
Desperto ao sentir você me passar a mão entre os cabelos e me beijar, me dando bom dia e dizendo
que era um pesadelo, mas que você esteve ali o tempo todo.
Desperto ao saber que você, com seu jeito de princesa, que sempre sabe misturar perfeitamente o querer com o desejo de fazer, vai estar ali, pra mim, sempre que eu acordar.
Nem sempre agente esquece dos sonhos ... ;)
"(...)E lhe deixava a própria cabeça aberta, disposta a novas idéias, novos entendimentos. Que se ramificavam e entrelaçavam-se até se romper. E cada vez que uma nova surgia, deixava a antiga pra trás, e assim suscedia-se. E também perdia-se. Como a quem subia então degraus, num labirinto de escadas, que o deixavam cada vez mais no alto, e cada vez mais longe da realidade."
Todo o Sentimento
Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente.
Preciso conduzir
Um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez.
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente...
Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.
Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.
Venha, meu amigo. Deixe esse regaço. Brinque com meu fogo. Venha se queimar. Faça como eu digo. Faça como eu faço. Aja duas vezes antes de pensar... Eu semeio o vento. Na minha cidade. Vou pra rua e bebo a tempestade.
De todas as maneiras
Que há de amar
Nós já nos amamos
Com todas as palavras feitas pra sangrar
Já nos cortamos
Agora já passa da hora
Tá lindo lá fora
Larga a minha mão
Solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado
Quando entra o verão
"Corajoso não é aquele que tem a aitude de contestar os atos de um superior. Não é aquele que rema contra a maré visando seus ideias ou até mesmo aqueles que nunca se abatem diante das adversidades. Coragem, de fato, pode se atribuir ao homem que assume a autoria de um peido em meio a multidão"
Estará o facebook colaborando para que cada vez mais pessoas tenham contato com a religiosidade, em suma mais importante do que a adoção e a crença em uma religião qualquer que seja, pelas diversas frases e pensamentos compartilhados a cada segundo, ou simplesmente tapando buracos de fraquezas de pessoas que ao invés de acreditarem que a solução parte de cada um, de dentro pra fora, o mais certo seja simplesmente confortar-se com a idéia de esperar que uma força divina resolva seus problemas?
"Entra e sobe que a porta tá aberta. So que não vem de mansinho, não. Quero ouvir o seu salto batendo no chão, o seu olho piscando e sua boca me chamando. Pode entrar, trancar e jogar a chave fora. Porque daqui voce só sai quando o dia clarear e o passado for agora. Tira sua roupa, seus problemas, suas angústias e tudo mais que não serve pra nada. Joga eles alí, na lata do lixo. Você, pode se jogar em mim. Na minha cama, no meu sofá, na minha vida. Até transbordar. Sorri pra mim, mas só se você quiser. E eu sei que quer, sorriso verdadeiro a gente não só vê, sente. E assim eu te degusto, como uma taça de vinho em um fim de tarde de inverno, a meia luz. E então não é mais minha mão que enrola no seu cabelo, mas sim o caminho inverso. E ela faz dos meus lençois uma cortina de teatro, não aberta, mas sim fechada. Porque atrás das cortinas que as pessoas se revelam. É na cochia que as mascaras caem. É nessa hora que a sua maquiagem fica na sujeira do algodão. E as dores passadas também. E ela me pergunta então, Quem sou eu? E eu te respondo " Faz diferença?" Nomes são palavras. E palavras são dispensáveis quando os corpos se atraem, de um modo indomável, inevitável. Como os lados positivos e negativos de um imã. Como rios que desaguam em um oceano. Como... Eu e voce?
"Tem gente que viaja o tempo todo, mas sempre sabe onde está. Tem gente que nunca saiu do lugar e mesmo assim, até hoje, continua perdido."
Soneto
Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono
Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo
Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída
Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio