Coleção pessoal de LiAzevedo
A linha entre fazer tudo por uma pessoa para mantê-la sob seu controle e para realmente ajudá-la é tão tênue, que se ultrapassado o limite o remendo ficará sempre a olhos nus.
Há lugares que você precisa olhar a ponto de decorar cada traço, porque sabe que vai precisar voltar e não vai poder fazê-lo exatamente na hora que quiser.
Há pessoas assim também.
E você pode não ter mais de uma oportunidade para fazê-lo.
Se você realmente magoar um(a) taurino(a) e depois pedir desculpas, ele(a) vai te mostrar todas as fragilidades que tem, te perdoar e te excluir definitivamente de sua vida.
Alguém que eu admire, que não me faça travar uma luta homérica para confiar, e que não exija aplausos por ser confiável. Sê-lo não é um plus, é o mínimo.
A gente faz homens medíocres acreditarem-se tops quando não criticamos pra não ofender, quando nos derretemos pelo mínimo do mínimo, e depois nos perguntamos de onde é que ele tirou essa ideia absurda! (autocrítica)
Existe no Brasil, sobretudo atualmente, uma intolerância combinada com ignorância e mau caratismo que levou racistas, homofóbicos e demais seres rastejantes em empatia a um lugar no qual se sentem confortáveis em ali estarem. Perderam, orgulhosamente, a humanidade.
As feridas que sangram por debaixo da farda de um policial não deveriam ser politizadas. Deveriam ser tratadas.
Acho que descobri por que gosto tanto de ir embora.
Quem parte abandona, de certa forma, a dor.
Quem fica, fica com ela.
Sábado, dia 22 de maio de 2022.
O telefone toca.
Do outro lado do Atlântico, uma voz embargada pergunta:
- Você sabe o que aconteceu com o Nilton?
As mãos ficam trêmulas, a respiração acelera, a boca seca e ainda assim é o lugar pelo qual o coração tenta desesperadamente sair do corpo.
- Mataram o Nilton! - responde a voz, entre lágrimas, depois que percebeu um silêncio que gritava por socorro do outro lado da linha.
- Mataram o Nilton! - repetia a voz na tentativa que acreditássemos naquela piada sem graça.
- Mataram o Nilton! - insistia.
Só três dias depois entendemos o motivo pelo qual nao acreditamos naquela triste notícia.
Três dias se passaram e continuamos a não acreditar, afinal, que monstro faria mal a uma pessoa como você? Que tipo de lixo humano seria capaz de nos tirar esse sorriso? Que espécie de animal nos tiraria sua companhia, sua amizade, sua leveza, sua generosidade, sua alegria e determinação em viver e fazer os outros viverem?
Três dias se passaram e nós ainda nao acreditamos que voce se foi, mas descobrimos que você tem irmãos espalhados por todo o mundo!
Nesses três dias a Lu recebeu inúmeras mensagens de pessoas, e todas disseram que perderam um irmão, porque é exatamente isso que você é e continuará a ser: O irmão que o nosso coração escolheu! Daí, meu amigo, se o nosso coração te escolheu como irmão, não há violência que te leve das nossas vidas!
Podem dizer o contrário do outro lado da linha! Podem noticiar os fatos pelos quatro cantos do mundo! Você vive, ainda que a gente saiba que nas viagens não vai te ver mais chegar com flores de uma senhora de 80 anos, com a qual você passara toda tarde a faze-la sorrir! Muita falta vai fazer, mas isso não significa que você nao estará lá, então, até a próxima viagem, nosso amigo-irmão!
Te amamos.
Te amaremos, sempre, para todo sempre!
#justiçaporNiltinho
#justiçapeloNilton
#justiça
#violência
A minha vida e suas doses sempre cavalares, das calmarias às inquietações, dos sonhos às desilusões, do dedinho do pé à derrière...
#aunoir
#enblanc
#enrouge
Viver no Brasil: trabalhar só, única e exclusivamente para pagar as contas e ainda ter a consciência de que se consegue paga-las é um privilegiado nesse país.
Ensinaram-nos a querer muito pouco e a sentirmos uns grandes fdp se realmente questionamos isso.
#brasil
Meu sonho é me apresentar a uma dessas pessoas que ficam com plaquinhas de nomes nos aeroportos, esperando as pessoas.
- "Oui, Julie Dubois. Enchantée!"
E vou. Sei pra onde não.
Cansada dessa pseudo-liberdade de ter o direito de escolher, mas ser obrigada a lidar com as consequências.
Por carência as pessoas manipulam.
Por carência as pessoas aceitam migalhas.
Por carência as pessoas machucam e se machucam.
Por e na carência, todos perdem.