Coleção pessoal de leonardo_arouca

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Quando eu era jovem, pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje, tenho certeza.

O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação.

A vida é muito importante para ser levada a sério.

Minha vida é uma colcha de retalhos. Todos da mesma cor.

Esquece todos os poemas que fizeste. Que cada poema seja o número um.

DA OBSERVAÇÃO

Não te irrites, por mais que te fizerem
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio.

A poesia não se entrega a quem a define.

A amizade é um amor que nunca morre.

A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe.

E ela cada vez maior, vacilante, túmida, gigantesca. Se conseguisse chegar mais perto de si mesma, ver-se-ia inda maior. (...) e em cada olho podia-se-lhe mergulhar dentro e nadar sem saber que era um olho.

E, se você me achar esquisita, respeite também.
Até eu fui obrigada a me respeitar.

Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro.

Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.

(...) passava o resto do dia representando com obediência o papel de ser.

E umas das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi criadora de minha própria vida.

A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre.

⁠Vida da minha alma: Recaminhei casas e paisagens
Buscando-me a mim, minha tua cara.
Recaminhei os escombros da tarde
Folhas enegrecidas, gomos, cascas
Papéis de terra e tinta sob as árvores
Nichos onde nos confessamos, praças
Revi os cães. Não os mesmos.Outros
De igual destino, loucos, tristes,
Nós dois, meu ódio-amor, atravessando
Cinzas e paredões, o percurso da vida.
Busquei a luz e o amor. Humana, atenta
Como quem busca a boca nos confins da sede.
Recaminhei as nossas construções, tijolos
Pás, a areia dos dias
E tudo que encontrei te digo agora:
Um outro alguém sem cara. Tosco. Cego.
O arquiteto dessas armadilhas.

O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.

Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.